terça-feira, 17 de abril de 2012

Valmir Carrilho Marciano

  Nosso entrevistado é o advogado Valmir Carrilho Marciano. Casado com a enfermeira Cidinha, pai do Arthur (acadêmico de Direito) e da pequena Laura. Especializado na área trabalhista, concilia seu renomado escritório de advocacia com a função pública na Agência Regional do ministério do Trabalho. Conhece, como poucos, a realidade dos trabalhadores brasileiros – e dos taquaritinguenses em especial. É na defesa deles que fundamenta sua atuação política. Em 2008, foi CANDIDATO A VEREADOR pelo PT e, mesmo não sendo eleito, obteve boa votação, elogiada pela direção do partido. O tema principal da conversa interessa a todos: emprego!


Tendência Municipal: Que análise faz da situação dos trabalhadores e trabalhadoras de Taquaritinga?

Valmir Carrilho Marciano: Infelizmente, o quadro não é nada animador. Taquaritinga está caminhando, rapidamente, para se transformar em “cidade dormitório”, ou seja, as pessoas trabalham em outras cidades e só voltam para dormir. Essa situação se dá pela falta de opções, que necessariamente passa pelo nosso governo municipal, que pouco tem feito para que esse quadro se altere.

TM: De que modo um governo municipal pode contribuir para gerar mais e melhores empregos?

Valmir: Eu sempre disse que temos que encontrar um caminho (uma especialidade), seja na área industrial, seja na área de serviços, enfim, seguir o exemplo de outras cidades, como Ibitinga, a “capital do bordado”; Tabatinga do “bicho de pelúcia”; Sertãozinho das “industriais”, etc. Apenas como hipótese, podemos citar o carnaval, que é a maior festa popular de Taquaritinga e uma das maiores da região e mesmo do Estado – guardadas as devidas proporções, funciona mais ou menos como o carnaval da Bahia. Portanto, a festa deveria receber incentivos para que nossos comerciantes, prestadores de serviços – restaurantes, postos de combustíveis, imóveis alugados (“repúblicas”), ambulantes, etc. – pudessem ter uma receita melhor. De que forma se processaria isso? Pode ser com competições entre as “repúblicas”, com chamadas na TV convidando a região para vir para cá, promover outros eventos fora de época, etc. Mas, o que vemos é o governo municipal ameaçando não destinar verbas para os blocos, escolas de samba, terminando com o “carnaval” do mês de agosto, que trazia muita gente para Taquaritinga, enfim, não encontramos um caminho. E nossos filhos, irmãos, amigos, estão indo embora, gastando seus recursos em outros municípios.

TM: Como avalia a gestão Dilma na questão trabalhista?

Valmir: O governo Dilma começou com um legado deixado pelo Governo Lula que, sem dúvida, foi o melhor governo da historia do Brasil, pois fez o que jamais foi feito: incluiu os pobres, conseguiu resgatar da miserabilidade milhões de brasileiros que passaram a ter voz. Portanto, basta seguir o que estava sendo feito e, acima de tudo, ser intransigente com a corrupção, pois prefiro que o governo Dilma demita um ministro corrupto por dia a permitir desmandos contra o sofrido povo brasileiro! E digo mais: não basta demitir ministro, se deve processar e se for o caso, condenar quem se valeu do cargo para obter vantagens pessoais. Só deixo uma questão no ar: será que nos governos anteriores aos do PT não havia corrupção ou a imprensa, na sua grande maioria, era conivente com os desmandos?

TM: Você foi candidato a vereador em 2008. Quais os planos para 2012?

Valmir: Primeiramente, quero aproveitar essa oportunidade para agradecer às mais de 200 pessoas que confiaram em mim, muitos delas sem ao menos ter tido qualquer contato comigo durante a campanha, pois foi uma campanha sem recursos financeiros para investimentos em publicidade, etc. Recebi os votos das pessoas que conheciam meu histórico de vida. Quanto a 2012, estou pronto para servir ao meu partido e à minha cidade e muito esperançoso que possamos ter um melhor desempenho, pois tenho ouvido muitas coisas boas sobre todos os nossos pré- candidatos.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Wagmar Ricardo

  Entrevistamos Wagmar Ricardo. Nascido em São Pedro do Ivaí/PR, em 1977, casado com a Paula Moutinho – ansioso pelo nascimento do primeiro filho, previsto para o mês de abril/2012. Formado em Produção Industrial pela FATEC/Taquaritinga, com pós graduação em Gestão Empresarial pela Barão de Mauá, é um dos colaboradores da FUNDAÇÃO EDMILSON - SEMEANDO SONHOS, uma das mais importantes entidades filantrópicas da região, idealizada pelo jogador de futebol taquaritinguense José Edmilson Gomes de Moraes (que foi titular do SPFC, Barcelona e da Seleção pentacampeã em 2002).
Educadíssimo, cordial, inteligente – um sorriso largo que expõe sua “aura luminosa” –, Wagmar é o maior exemplo de que, com determinação, fé e coragem, é possível realizar o “sonho semeado” pela organização que ajuda a gerir.


Tendência Municipal: Wagmar, nos fale um pouco de você, sua história, sua infância, suas alegrias e frustrações.

Wagmar Ricardo: Meus pais são de Minas Gerais, casaram-se e foram morar no Paraná, onde começou a história das nossas vidas. Somos uma família humilde, muito carente. Minha infância foi muito difícil, sobretudo nas questões econômicas, em muitos momentos nos faltaram alimentos, brinquedos, não podíamos comprar o que os amigos tinham etc. Porém, foi muito prazerosa no que tange à liberdade de poder jogar bola, soltar pipa, brincar com os amigos, todo o necessário para uma criança se desenvolver. Também recebi muito afeto e carinho da minha mãe e dos meus irmãos; minha mãe, mesmo nas dificuldades, nos ensinou os princípios fundamentais para a vida, sempre exigiu que seguíssemos sua linha de educação, fomos uma família muito feliz! Minha grande frustração de infância foi a perda precoce de meu pai, quando eu tinha seis anos de idade – foi como se tivesse perdido o chão, inclusive passei por situações que fizeram minha mãe buscar ajuda médica. Já com relação à adolescência, foram momentos perecidos com a infância, mas não tive muita oportunidade de curti-los, aos 11 anos já estava trabalhando para ajudar no sustento da família, situação delicada que me fez “pular fases”, mas que contribuíram para meu amadurecimento como ser humano, ensinando-me princípios que carrego comigo até os dias de hoje. Nessas fases, destaco, como alegrias, a oportunidade de poder ajudar minha mãe em nosso desenvolvimento e a amenizar as frustrações com a privação, por falta de dinheiro, de coisas que quase todos os adolescentes tiveram acesso.

TM: E sobre os dias atuais?

Wagmar: Já adulto, consciente de meus direitos e deveres – e conhecedor da sociedade em que vivo –, procurei transformar o que me foi dado em “combustível” para prosseguir na caminhada da vida. Costumo dizer que a vida, para mim, nunca foi fácil, mas Deus me deu condições de reconhecer as oportunidades e buscar uma mudança de vida, tanto pessoalmente como para minha família, através do estudo, amigos, “networking” etc. Na graduação, tive ótimos professores e um disse algo que trago sempre comigo: “A vida não foi feita para lamentações, precisamos nos preparar a cada dia para transpor as barreiras e nunca esmorecer diante dos obstáculos, pois ali estão as oportunidades de crescimento”. Nessa fase, tenho como frustração o sentimento de impotência diante das pessoas desprovidas de oportunidades, mesmo tentando, todo dia, fazer a diferença na vida delas. Já as alegrias, são muitas: reconhecimento, conquistas, ascensão social, amigos, a esposa maravilhosa que Deus me deu – com destaque ao fato de poder ser pai: em abril, irá nascer meu primeiro filho, o que já me faz sentir o homem mais feliz do mundo!

TM: Como está a Fundação Edmilson?

Wagmar: A Fundação está em seu quinto ano de existência. Durante esse período, aprendemos muito, posso perceber o quanto a entidade cresceu e a diferença que faz na vida das crianças, jovens e suas famílias. Hoje, a entidade ainda passa por dificuldades financeiras, haja vista que atendemos mais de 300 crianças e adolescentes. O projeto, como um todo, é um grande sucesso, claro que temos muito a melhorar, algo que poderia – e pode – ser aperfeiçoado. Em relação ao envolvimento das pessoas de Taquaritinga com a causa da entidade, percebo que muitas ainda não conhecem nosso trabalho, não contribuem com a entidade por não perceber que nós, taquaritinguenses, recebemos uma “jóia” muito rara e temos de cuidar dela para não ser somente uma “pedra”.

TM: A internet é um meio de inserção social, barato e acessível. Como a Fundação utiliza as tecnologias da informação em beneficio da garotada?

Wagmar: Através da internet, buscamos divulgar parte do trabalho realizado com as crianças e adolescentes, divulgamos para dar transparência e credibilidade ao nosso trabalho. Com relação aos alunos, fazemos a introdução a essa ferramenta e buscamos mostrar os dois lados, que tanto pode ser para o bem quanto para o mal, e que a forma como utilizar irá partir do discernimento criado por eles mesmos.

TM: Para administrar uma entidade do porte da Fundação Edmilson é inevitável se relacionar com órgãos públicos e entes políticos. Como lidar com essa situação?

Wagmar: Com relação a isso, a Fundação tem uma política muito bem definida: não somos partidários, mas sabemos que, para atingir nossos objetivos, temos de construir um bom relacionamento com todos. No decorrer de nossos cinco anos, nos relacionamos com políticos de vários partidos, das três esferas (municipal, estadual, federal). A Fundação consegue manter-se neutra perante as disputas políticas. Nas reuniões e conversas com as famílias, colaboradores e amigos, nos limitamos a instruí-los para que façam boas escolhas para representá-los.

TM: Qual sua orientação para o cidadão comum que quer contribuir com a Fundação?

Wagmar: Primeiro, faz-se necessário conhecer os trabalhos realizados pela entidade; acreditamos que, a partir daí, a pessoa irá se “apaixonar” pela causa e contribuir com o que seu coração pedir. Sabemos que somente as contribuições feitas de “coração aberto” é que farão a diferença na vida dos que necessitam de oportunidades. É importante divulgar que a visitação é aberta a todos, todos os dias, e que as crianças e adolescentes agradecem, de coração, àqueles que se preocupam com o bem estar do próximo.

TM: Para encerrar, exerça sua liberdade e se dirija aos leitores-internautas...

Wagmar: Gostaria de finalizar a entrevista com um trecho de um poema, que gosto muito, do poeta russo Maiakovski, traduzido por Haroldo de Campos: “Por enquanto, há escória de sobra. O tempo é escasso, mãos à obra. Primeiro, é preciso transformar a vida, para cantá-la, em seguida. Para o júbilo, o planeta está imaturo. É preciso arrancar alegria ao futuro. Nesta vida morrer não é difícil. O difícil é a vida e seu ofício”.