domingo, 15 de julho de 2012

Luisinho Bassoli

  Nesta edição, a entrevista é com Luís José Bassoli, o Luisinho. Advogado, graduado pela Universidade Mackenzie, vice-presidente da Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Taquaritinga e presidente da Comissão de Direitos Humanos da entidade. Formou-se pela Escola de Governo da Associação Brasileira de Formação de Governantes (hoje vinculada à USP) e cursou Pós-Graduação em Globalização e Cultura na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESP/SP). Professor de Geopolítica, ministrou aulas de Comércio Internacional no curso de Produção Industrial da FATEC e de Direito e Legislação no curso Técnico em Contabilidade do Colégio Dr. Aimone Salerno. Presidiu o diretório municipal do PT na gestão passada e hoje é secretário de Formação Política. Foi CANDIDATO A VEREADOR em 2004 e ficou na primeira suplência da coligação, superando, em votos, políticos tradicionais, como o ex-presidente da Câmara Gilberto Junqueira e os então vereadores Mauro Modesto e Professor Braghetto.
Escreve em jornais, blogs e sites – em 2012, obteve o registro de Jornalista junto ao Ministério do Trabalho. Uma conversa esclarecedora sobre política taquaritinguense.


Tendência Municipal: Refazemos a primeira pergunta que apresentamos ao Ico Curti, na edição de estreia: Luisinho, e o PT em Taquaritinga?

Luisinho Bassoli: Concordo com o Ico Curti: o partido passou a atuar cotidianamente, sem se ater somente ao calendário eleitoral.

TM: E como isso tem sido feito?

Luisinho: O PT vem fazendo e fará muito mais por Taquaritinga. A UPA [Unidade de Pronto Atendimento] é um exemplo, o moderno pronto socorro é um empreendimento do Ministério da Saúde, que só foi viabilizado com a intervenção do PT junto aos governos Lula e Dilma, através do deputado federal João Paulo Cunha. O ex-secretário municipal da Saúde, Wilson Rodrigues, reconhece a importância do João Paulo. Sem alarde, o PT trabalha pela cidade.

TM: A população taquaritinguense assimila essa atuação do PT?

Luisinho: Historicamente, nas eleições nacionais e estaduais, o PT sempre é bem votado em Taquaritinga. Se fizermos um retrospecto, vemos ótimas votações para deputados, senadores, governadores e presidentes, e, agora, buscamos trazer esse potencial ao nível municipal. Em parte, essa dificuldade é culpa nossa, que falhamos na comunicação com o eleitor; em parte, a culpa pode ser creditada a certo “boicote” dos meios de comunicação locais, que, salvo exceção, não nos dão espaço. É uma luta desigual.

TM: Há como mudar essa situação?

Luisinho: Já está mudando! Prova disso é a ótima aceitação que a pré-candidatura do Fúlvio vem tendo junto à população. Além da UPA, o PT trouxe importantes benefícios, como o SAMU, o Centro Odontológico, o CREAS [Centro de Referência Especializado de Assistência Social], a aquisição de viaturas para a Delegacia da Mulher, Polícia Militar, Assistência Social, Saúde etc., além de projetos ecológicos e verbas federais diversas, inclusive para o SAAET. O PT repudia a discussão, inócua, de quem se beneficiará politicamente. Porém, o diretório concluiu que é nosso dever informar o que foi conquistado e o que ainda podemos conquistar.

TM: Qual sua avaliação da atual Administração municipal?

Luisinho: Tenho dito que a primeira gestão foi muito boa, acima das expectativas. Discordo dos críticos que dizem que só se fez “obras cosméticas”. Concordo com o urbanista taquaritinguense Antônio Abbud, que disse que, no primeiro mandato, realizou-se uma “acupuntura urbana”, à semelhança da proposta do arquiteto Jaime Lerner, ex-prefeito de Curitiba e ex-governador do Paraná. As revitalizações dos parques da antiga “represa da Colombo” e do [bairro] Rosa Bedran, bem como da praça da Matriz, são mais que intervenções “cosméticas”, pois aumentam a auto-estima dos moradores dessas regiões e os incentivam a cuidar da cidade como um todo. Acontece que, no segundo mandato, foi visível a “queda de rendimento”. Conheço o Paulinho [Delgado], o considero meu amigo, acredito que tem boa vontade. Ouso dizer que o maior erro foi se “fechar” politicamente. O gestor moderno é o que “constrói pontes”, que sabe conviver com críticas e sai em busca de sugestões. No primeiro mandato, o PT se dispôs a contribuir, sem impor pré-condições, só que nunca fomos procurados. O afastamento foi natural, mas não causado por nós. Prova disso é que nossos deputados intervieram para trazer as verbas e benefícios que mencionei, mesmo sendo o prefeito de um partido que fez oposição ao Lula e ainda faz à Dilma.

TM: O que o PT pretende fazer caso o Dr. Fúlvio Zuppani vença as eleições?

Luisinho: Nossa proposta é arrojada. Queremos aproveitar nossa relação com o governo Dilma para mudar a cara da cidade, melhorar a vida das pessoas. A aliança com o PDT, que indicou o Dr. Dib pré-candidato a vice, foi fundamental, fortaleceu muito a nossa chapa, que conta, ainda, com a adesão do PV, PSC e PSL. Se conseguirmos chegar ao comando da Administração, faremos o possível – e o impossível – para por um fim, definitivo, às “brigas politiqueiras”. Iremos governar com os aliados e buscaremos novos parceiros. Há taquaritinguenses gabaritados, em diversas áreas, que estão à margem das discussões político-administrativas. Temos que buscá-los, fomentar o debate, aproximá-los da cidade – e incluir a população no processo decisório. Os diretórios vêm elaborando um sofisticado plano de governo, que atenderá às demandas do município.

TM: Poderia dar mais detalhes?

Luisinho: O projeto é uma “construção”, o plano entregue à Justiça serve de base. Posso dizer que avançaremos em questões que nunca foram consideradas, como Segurança Pública, Agricultura, Sustentabilidade, Reforma Administrativa (acabar com aluguéis de imóveis particulares, limitar cargos de confiança, elaborar plano de carreira dos servidores etc.). Pretendemos, ainda, fazer uma inovação espetacular com a criação da Ouvidoria Municipal, em cooperação com a Controladoria Geral da União (CGU) e Tribunal de Contas do Estado (TCE), para receber sugestões e fiscalizar as licitações. A Cultura fará parte de uma política ampla de Geração de Emprego e Renda e Juventude. E tem mais, que será mostrado na campanha eleitoral.

TM: Haverá verbas para por em prática essas propostas?

Luisinho: O plano de governo discriminará as fontes dos recursos. Posso antecipar que há, sim, verbas disponíveis – da União, Estado, organizações civis etc. Temos visto uma relação “republicana”, de parceria, entre o governador Alckmin e a presidenta Dilma, o que abre caminho para diversificarmos a busca por verbas. Recentemente, o Fúlvio esteve em Brasília e se encontrou com nossos deputados e senadores, que mostraram vários projetos federais a ser disponibilizados. É uma questão de planejamento e vontade política.

TM: Como você analisa as coligações do PT para as eleições de outubro?

Luisinho: As coligações são imprescindíveis não só para vencer as eleições, mas, principalmente, para governar. Vale lembrar que a presidenta Dilma é amparada por uma vasta aliança, que conta com PMDB, PDT, PSB, PCdoB etc. Nossa união com o PDT, PV, PSC e PSL está consolidada. Concordo, novamente, com o Ico Curti: não nos afastaremos de nossos princípios. Isso está fora de cogitação.

TM: O que dizer da política taquaritinguense?

Luisinho: Participar da vida política de Taquaritinga é interessante. Além dos companheiros da coligação, tenho amigos em todos os partidos, alguns com posições ideológicas parecidas, outros nem tanto... O “segredo” está em atuar politicamente sem criar inimigos – mas também sem favorecer esse ou aquele em função da amizade. Acredito que minha geração tem condições de discutir as divergências sem “brigar”, construir um debate que vise não ao interesse pessoal e sim ao bem comum. É possível chegarmos a esse patamar de civilização. Sou um otimista incorrigível!

TM: Qual sua opinião sobre o aumento/diminuição do número de vereadores?

Luisinho: À primeira vista, o aumento parecia impertinente, pois, aparentemente, contrariaria os interesses da população. Porém, se fizermos uma análise mais aprofundada, vemos que não é bem assim. Na verdade, os que querem a redução do número de vereadores estão “vendendo gato por lebre”. Explico: o centro da discussão não é a “quantidade” de vereadores e sim o “custo” deles. Pense bem: a quem interessa um número reduzido de parlamentares? Respondo: interessa somente aos grupos ligados ao prefeito do momento – nunca do povo! Quanto menos parlamentares, menor a chance das minorias se fazerem representar e maior a concentração de poder nas mãos do Executivo. São os vereadores que asseguram a diversidade da população, são eles que detêm o direito de propor soluções e – mais importante – o dever de fiscalizar a Administração.

TM: E qual sua proposta sobre esse assunto?

Luisinho: Tenho uma proposta alternativa, essa sim, eficaz: em vez de diminuir as cadeiras, vamos DIMINUIR OS CUSTOS da Câmara. Devemos impor um corte significativo no “salário” dos vereadores (para algo em torno de um salário-mínimo), limitar os cargos de confiança ao estritamente necessário (um ou dois) e coibir qualquer vantagem transversa, como reembolsos, pagamentos extras etc. Insisto: o problema não é “quantos são” e sim “qual o custo”. Se considerarmos apenas a remuneração mensal, pagar um salário-mínimo a 15 vereadores resultaria numa economia de cerca de 50% em relação aos 10 atuais. Portanto, é possível economizar dinheiro dos nossos impostos sem restringir a Democracia. Infelizmente, os atuais vereadores preferiam “vender gato por lebre”: diminuíram o número de cadeiras para 13 e – pior – aumentaram os salários em 40%! E não se tocou na questão da limitação dos cargos de confiança nem na restrição de ganhos extras. Assim, aumentaram os gastos dos nossos impostos e restringiram nossa Democracia, o que é um absurdo! Menos gastos públicos e mais representantes do povo: esse, sim, é o ponto crucial. Quem se dispuser a debater essa proposta, conte comigo!

TM: A última: para que serve os “Direitos Humanos”?

Luisinho: Os Direitos Humanos são alvos de ataques indevidos de conservadores que, maldosamente, acusam de ser “direitos de bandidos”, o que não é verdade! Os Direitos Humanos se estendem a todos; trata-se de zelar pela dignidade humana, amparar as vítimas da violência e seus familiares e, ao mesmo tempo, garantir que os culpados recebam o castigo que merecem – fazer valer a lei a quem quer que seja, sem abuso nem privilégio.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Jeff Almeida

  Jeferson Charles de Almeida. O Jeff! Ele mesmo! Paulistano, nascido na Zona Sul, criado na Zona Norte, corintiano, filho do saudoso Benê e da dona Zilah, irmão do Émerson, da Juliana e do Ânderson, vitimado num crime passional em 1989, cujo assassino foi condenado e preso. Depois da tragédia, a família veio para Taquaritinga, e Jeff se insere na comunidade. Carismático, boa-praça; negrão, alto, magro; dançarino de primeira! Suas performances, ao lado do irmão Émerson e do amigo Marcelo Pregão, literalmente paravam o Clube Imperial nos anos 90! Talentoso também na música, percussionista versátil, acompanhou vários grupos da cidade nos bailes da vida.
Participou de dois curtas-metragens produzidos e dirigidos pelo cineasta Neco Pagliuso: Cana (1999) e AUS (2005) – e se apresentou no Programa do Ratinho, no auge da audiência! A seguir, as visões do Jeff!


Tendência Municipal: Jeff, quem dança melhor que você?

Jeferson de Almeida: Quando se fala em dança, o primeiro nome que me vem à cabeça é Michael Jackson. Mas James Brown é antes dele, já curtia o James Brow quando o Michael começou aparecer. Quando criança, em São Paulo, as festas de aniversário eram sempre lá em casa, e o som era samba e música black. A negrada chegava, os amigos, parentes, vizinhos, e a animação levava todo mundo a dançar, era fantástico! Sempre digo que meu irmão Émerson é bem melhor que eu, ele é “show de bola”, muito bom mesmo! Sempre foi o melhor do trio que você citou. E minha mãe! A dona Zilah é “habilidade”, tem um ritmo espetacular, é daquelas que faz até quem não sabe nada de dança se sair bem. Ela é capaz de “levar” qualquer um na pista. Quando meus pais, seo Benê e dona Zilah, entravam no salão, não tinha pra ninguém. Era show! Aqui em Taquá tem muita gente boa também. Entre os profissionais, o Carlinhos de Jesus tem muita técnica, é dos melhores dos dias de hoje.

TM: Existe música que não é possível dançar?

Jeff: Não! Toda música tem uma forma de dança junto. Aliás, todo movimento que você faz é um tipo de dança! Aí, alguém pode perguntar: mas, e a ópera, que todo mundo fica sentado, quieto, só assistindo? Eu digo que a dança está na imaginação, na cabeça de quem está ouvindo, no pensamento... O corpo está parado, mas a mente está dançando!

TM: Samba ou dance-music?

Jeff: Samba. Dance é dance, né? Quem gosta de dançar, curte uma pista, pra se divertir! Mas o samba é muito forte, é raiz, é arte – e é coisa de preto!

TM: Como você foi parar no Programa do Ratinho?

Jeff: Foi através de uma amiga, a Fernanda, que trabalha até hoje no SBT. Eu morava em São Paulo e, certo dia, ela me convidou: “Jeff, quer ganhar uma graninha e, ainda por cima, aparecer na TV?”. Respondi, na brincadeira: “se for para o bem de todos, eu topo!”. O programa era ao vivo, de segunda à sexta-feira; o do sábado era gravado na sexta. Cheguei ao SBT numa sexta, fiquei impressionado com o local, uma verdadeira cidade, prédios, estúdios, camarins. Nos bastidores, o Ratinho apareceu, cumprimentou os calouros, um por um, e perguntou quem queria se apresentar ao vivo e quem queria gravar para aparecer no dia seguinte. Escolhi ao vivo! Fui escalado pra cantar “Entre tapas e beijos”; a ideia era o famoso “quanto pior melhor”, tá ligado?! Aí, abriram-se as cortinas e cantei por uns 30 segundos! E recebi elogio do Ratinho! (risos). O cachê era pago em “cascalhos”, uma espécie de “moeda interna”, o equivalente, hoje, a uns R$300,00. Na fila do caixa, do meu lado, a Rita Cadilac... À noite, fui com minha amiga numa festa fechada do SBT, uma baladinha boa... Aí, são outras histórias. (risos).

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Padre João Francisco

  O TENDÊNCIA MUNICIPAL tem a satisfação de entrevistar o Padre João Francisco da Silva, responsável pela paróquia de São Sebastião, a maior e mais antiga da cidade. Natural de Pitangueiras/SP, 62 anos, formou-se em Filosofia pelo Seminário Diocesano de São Carlos/SP e em Teologia pelo Seminário Regional do Ipiranga de São Paulo, Capital (Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assumpção). Está em Taquaritinga desde 1979. Seu prestígio transcende à comunidade católica, é reconhecido por toda população como um agente da paz e da solidariedade, sempre pronto a ajudar quem o procura.
De voz afinada, gravou LPs e CDs de canções religiosas, com mensagens positivas, a pregar a “Palavra de Deus” na busca de um mundo melhor. Assinou, por décadas, uma coluna no semanário O Defensor e mantém um programa na Rádio Clube Imperial, pelo qual leva conforto a quem necessita e dá os melhores conselhos. Afável e cordial, falou, sem rodeios, sobre religião, sociologia, ecumenismo, música, política e os desafios da sociedade contemporânea.


Tendência Municipal: Quando e porque decidiu seguir a vida religiosa?

Padre João Francisco: A causa maior e principal foi o desejo, sincero e ardente, de amar a Deus de maneira total e absoluta e denotar à Igreja (“Povo de Deus”) toda minha dedicação. Isso foi um grande processo que, aos poucos, amadureceu, a partir dos 18 anos de idade. Aos 23 anos, ingressei no Seminário Diocesano de São Carlos.

TM: Qual a importância da religião na sociedade contemporânea?

Padre João: A Sociologia nos ensina que o ser humano é religioso por natureza. Pela Sagrada Escritura, percebemos claramente que, se o homem não adora e não serve a “Deus Único e Verdadeiro”, ele acaba “criando um para si” (“ídolo”). A Religião bem entendida e vivida leva o ser humano à paz, ao desenvolvimento pleno e à harmonia realizadora! A Fé no Deus Vivo e Verdadeiro nos dá liberdade total e nos faz, verdadeiramente, humanos! Só Deus tem o poder de revelar o homem ao próprio homem!

TM: Como é o relacionamento entre as diferentes religiões na comunidade taquaritinguense?

Padre João: Aqui, entre nós, tenho percebido que o relacionamento transcorre na paz, no respeito e na harmonia.

TM: Qual sua relação com a música?

Padre João: Hoje me sinto mais distante. Houve tempo em que me dedicava mais, procurava colecionar CDs dos cantores preferidos. Contudo, gosto muito da música, aprecio todos os gêneros, embora tenha algumas restrições com relação a certas letras e melodias. No campo da Pastoral, penso que a música é um grande veículo da Evangelização.

TM: Religião combina com política? O que se deve exigir de um governante?

Padre João: Acredito, sinceramente, que Religião e Política combinam, sim, e devem sempre combinar. Religião é vida e, a política, é a arte de organizar e orientar a vida na cidade; portanto, a Fé deve ser o fundamento que embasa a nossa vida e os nossos relacionamentos. O que devemos exigir de nossos governantes é que sejam justos, honestos e que respeitam o povo que lhes foi confiado. O poder (ou a autoridade) é um serviço que se realiza em favor do bem comum.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Mirian Ponzio

  Nossa entrevistada é a Mirian Ponzio, professora de História da Rede Pública de Ensino do Estado de São Paulo, Conselheira Estadual do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP) e integrante do Partido dos Trabalhadores (PT). Foi casada com o prefeito de Matão, Adauto Scardoelli, com quem teve quatro filhos, Fernando, Fabiana, Renato e Ricardo, e dois netos, Pablo Hailê (filho da Fabiana e do Pablo) e Ana Luiza (filha do Fernando e da Natália). Candidata a vereadora por três vezes, consolidou um eleitorado fiel com suas propostas em defesa da Educação, Cultura e políticas para as mulheres
É Secretária Geral do Diretório Municipal do PT – e uma das principais lideranças femininas da política taquaritinguense, sendo a candidata mais votada do partido nas últimas eleições municipais.


Tendência Municipal: Qual seu trabalho junto à APEOESP?

Mirian Ponzio: A APEOESP hoje é um dos maiores sindicatos da América Latina, representada em 93 regiões do Estado de São Paulo. As principais finalidades são defender os interesses individuais e coletivos dos professores, aposentados e da ativa. E, principalmente, lutar, juntamente com outros setores da população, pela melhoria do ensino, em especial do ensino público e gratuito, em todos os níveis. É o sindicato que mais negocia com o governo questões salariais, profissionais e educacionais. Atualmente, sou Conselheira Estadual, e meu campo de atuação é na subsede de Jaboticabal. Meu trabalho é levar o professorado até o sindicato e o sindicato até o professorado, ou seja, mostrar que com união e organização podemos melhorar a vida do profissional e, consequentemente, a educação paulista. Porque sem um professor valorizado e motivado não há educação eficaz e de qualidade que contribua para formação de cidadãos plenos.

TM: O diretório do PT conta, tradicionalmente, com mulheres em suas fileiras. Como membro da Executiva municipal, qual sua proposta para incentivar a participação das mulheres no partido?

Mirian: A presença das mulheres no Partido dos Trabalhadores sempre foi marcante. A primeira metrópole que governamos foi com uma mulher, a Luiza Erundina, em São Paulo. Depois dela, podemos citar inúmeros exemplos: Marta Suplicy, Benedita da Silva, até chegar a nossa presidenta Dilma. Esse histórico demonstra que o PT sempre incentivou a participação das mulheres e isso pode ser notado desde sua formação com a criação dos Setoriais de Mulheres e de Gênero. Acredito que é necessário criar mecanismos de participação, debates e reuniões, que aproximem os diferentes segmentos da sociedade, como funcionárias públicas, trabalhadoras rurais, domésticas, profissionais liberais etc. E, sobretudo, atuar conjuntamente nas associações de bairro, nas entidades assistenciais e demais organizações da sociedade civil.

TM: As mulheres estão em “alta” na política, sobretudo com os índices recordes de aprovação da presidenta Dilma. Como fazer para que isso se repita no nível municipal?

Mirian: Na hora em que você leva uma mulher para a Presidência da República mostra que o País está preparado para as mulheres ocuparem cargos de poder. São questões que vamos ter que enfrentar. Penso nas meninas e nas jovens - que nunca viram uma mulher desempenhando uma função no poder - terem agora uma presidenta! Isso incorpora nelas uma frase que a Dilma dizia na campanha: “mulher pode”. Na minha avaliação, o eleitorado em geral aprovou o modo feminino de legislar e governar. Claro que ainda há preconceito, principalmente em cidades menores. Avalio que devemos mostrar à sociedade que governar uma cidade é igual tomar conta de uma casa: não se pode gastar mais que recebe, tem que dar prioridade aos assuntos mais importantes, e principalmente, cuidar dos filhos, no caso das cidades, os “cidadãos”, com carinho, dando-lhes oportunidades para crescer. Infelizmente, no município, não temos uma plena participação das mulheres na corrida eleitoral. Isso vem mudando aos poucos e nessas eleições, tenho certeza, que terão mais candidatas e ocuparemos maior espaço nos cargos de decisão da cidade. Entretanto, entendo que devemos ressaltar a importância do voto ser consciente, em candidatas ou candidatos que tenham propostas concretas, que defendam bandeiras e projetos ao longo do ano e da vida.

TM: Como avalia a atual administração municipal, notadamente em relação à Educação e à política para as mulheres?

Mirian: No âmbito geral, apesar de alegarem avanços, entendo que a atual administração foi bastante tímida em relação às áreas culturais sociais e econômicas, sobretudo por não estabelecer maior parceria com o governo federal. Podemos perceber o avanço social, econômico e cultural em municípios próximos que estabeleceram tal parceria. Em relação à Educação, tenho conversado bastante com profissionais da área e percebido grande descontentamento, por diversos aspectos, como a falta de participação nas decisões políticas, a falta de um estatuto do magistério e falta de um plano de cargos, carreiras e salários. Em relação à qualidade do ensino e formação dos alunos, existem projetos e recursos do governo estadual e federal que não vêm sendo utilizados, por exemplo, os laboratórios de informática, em praticamente todas as escolas municipais, estão desativados, sem profissionais capacitados para acompanhar professores e alunos. No município, não existe política pública específica para mulheres, o que existe são ações pontuais e positivas como cursos profissionalizantes (costura, cozinha etc.) e campanhas voltadas para a saúde da mulher. No entanto, entendo que deveria ser tratada com mais atenção, criando-se uma Secretaria específica para questão de gênero, promovendo ações articuladas e desenvolvendo programas estruturados ao longo de toda gestão.

TM: Quais são os seus planos para 2012?

Mirian: Nós, do Partido dos Trabalhadores, queremos uma cidade bonita e um povo feliz, que tenha oportunidade de crescer economicamente, que tenha tratamento digno na área da saúde, que possua ensino de qualidade e possibilidade plena de cultura, esporte, lazer, emprego e habitação, de maneira sustentável. Ou seja, que Taquaritinga se desenvolva no ritmo do Brasil, implantando o Modo Petista de Governar, que obteve tanto sucesso com o Presidente Lula e, atualmente, com a Presidenta Dilma. Estou à disposição do partido e da sociedade para auxiliar, com muita garra, a concretização desse sonho. Espero que 2012 seja o ensaio para mudança que deverá ocorrer a partir de 2013, com uma grande renovação Câmara dos Vereadores e no Executivo.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Milve Peria

EDIÇÃO COMEMORATIVA – n.º 50 – Jubileu de Ouro.

  Para celebrar o Jubileu de Ouro, apresentamos a entrevista com uma personalidade única: Milve Antônio Peria. Advogado, formado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco da USP, onde foi colega do Vice-presidente da República Michel Temer. Hoje, Milve é coordenador da Comissão de Ética e Disciplina da OAB de Taquaritinga; antes, desenvolveu prodigiosa carreira no Banco do Brasil, que incluiu a participação na preparação dos futuros funcionários do Banco Central. É autor de livros de Comércio Internacional; publicou uma obra sobre a igreja Matriz de São Sebastião e mantém o site www.nossataquaritinga.com.br, excelente fonte de informação.
Foi professor universitário na Fundação Getúlio Vargas (FGV), Universidade São Judas Tadeu e Faculdades Tibiriçá (em São Paulo), e lecionou tele-aulas na TV Cultura. Já aposentado, ingressou na primeira turma de Processamento de Dados da nossa FATEC – não concluiu o curso, mas deixou sua marca ao fundar o Centro Acadêmico e lançar o primeiro jornal universitário da cidade. Escritor, professor, historiador – um conhecimento incomum de economia, mercados, câmbio, comércio exterior. Com a cordialidade que lhe é peculiar, se dispôs a falar de economia, OAB, Taquaritinga e de sua contribuição na criação do Banco Central do Brasil.


TM: Explique-nos como foi sua participação na criação do Banco Central ?

Milve Peria: Os anos de 1955, 56, 57 foram, por mim, dedicados a estudos intensos, me preparava, primeiramente, para o concurso do Banco do Brasil e, em seguida, para o vestibular. Em 1957, ingressei no Banco do Brasil e comecei o cursinho no Curso Preparatório dos Professores Castelões e Tolosa, na rua São Bento, no centro de São Paulo. Em 1959, ingressei na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco da USP. À época, o Banco do Brasil mantinha cursos internos para seus funcionários; me interessei em participar, pois já tinha informações de que, a qualquer momento, a instituição deixaria de executar as funções típicas de governo. E isso veio a ocorrer no último dia de 1964, com a criação do Banco Central, pela promulgação da Lei n.º 4.595, de 31.12.1964 – o BC foi sendo, paulatinamente, implantado. As funções de “autoridade monetária”, que eram executadas pelo BB, foram progressivamente transferidas para o BC. O Banco do Brasil, consequentemente, passou a executar operações típicas de um banco comercial e teve que se estruturar, preparando seu quadro de funcionários para as novas funções. Para ministrar os cursos, o Banco, primeiramente, preparou uma equipe de monitores, cada qual numa área específica. Fui selecionado para a equipe de Câmbio e Comércio Exterior, visto que já atuava no setor. Como monitor, tive a oportunidade de ministrar cursos pelas agências do Banco, desde Manaus até Porto Alegre. Na sede, em Brasília, fiz diversos estágios, durante vários anos, sempre visando o aprimoramento dos funcionários. Portanto, não participei diretamente da criação do Banco Central; participei, sim, da preparação dos funcionários do Banco do Brasil para executar as novas tarefas. Em função dessa atuação como monitor de cursos no BB, fui convidado a ministrar aulas na área de Comércio Exterior nos cursos de Graduação nas Faculdades Tibiriçá e na Universidade São Judas Tadeu; e de Especialização na Fundação Getúlio Vargas e na Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP – e até num curso televisivo da TV Cultura. Isso me proporcionou a oportunidade de editar dois livros: “Câmbio, Conhecimentos Gerais” e “Prática de Importação”, pela Editora Aduaneira, de São Paulo. Foram experiências maravilhosas!

TM: O senhor foi contemporâneo do Vice-presidente da República, Michel Temer, na Faculdade de Direito da USP, tendo, inclusive, travado uma “disputa eleitoral” no âmbito do Centro Acadêmico “XI de agosto”. Fale-nos um pouco dessa história.

Milve: Os anos 60 foram agitados, renovadores, polêmicos, contestatórios. Em todos os ramos das atividades humanas ocorreram grandes inovações. Já nos anos 50, o Brasil passava por um processo inflacionário galopante; o governo de JK concentrou-se na construção da Capital Federal – Brasília. Em janeiro de 1961, Jânio Quadros tomou posse na presidência da República, mas logo, em agosto, renunciou. Para contornar essa crise política, foi instituído o Parlamentarismo; Jango assumiu a Presidência e Tancredo Neves foi escolhido pelo Congresso Nacional para Primeiro Ministro. No plano político, ocorreram greves, paralisações. Fiz essa introdução para nos situarmos no tempo. No final dos anos 50, mais precisamente, 1957, 58, fiz cursinho para a Faculdade de Direito. Em 1959, ingressei na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. À época, o Centro Acadêmico “XI de Agosto” era atuante, principalmente, na política partidária, onde se concentravam adeptos das diversas correntes políticas. No chamado “Território Livre” da Faculdade, memoráveis debates e embates ali se realizaram. Os estudantes se aglutinavam, basicamente, em dois partidos políticos internos: o Renovador e o Independente. As disputas ganhavam um colorido todo especial durante a fase pré-eleitoral, com verdadeiros comícios, onde cada partido levava personalidades para debaterem temas do momento. Nas eleições do Centro Acadêmico de 1959, aconteceu um fato marcante na minha vida acadêmica: o candidato a presidente era escolhido entre os alunos do 4.º ano, portanto, o eleito exerceria o mandato quando estivesse no 5.º e último ano. E, assim, sucessivamente, para os outros cargos: ao primeiro ano, ficava reservado o cargo de 2.º tesoureiro. Me filiei ao Partido Renovador e os colegas me escolheram para compor a chapa como 2.º tesoureiro. O adversário, o Partido Independente, tinha, também, que escolher o candidato a 2.º tesoureiro. Aqui é que vem o mais interessante: quem foi o meu adversário? Pois é, o Vice-presidente da República, Dr. Michel Temer. O Partido Independente venceu as eleições. Já naquela época, Dr. Michel Temer era um habilidoso e competente político – desde os bancos acadêmicos, foi e é, politicamente, um vencedor. Sucesso para o meu colega de cursinho e, depois, de academia, Dr. Michel!

TM: Qual sua análise sobre a situação socioeconômica brasileira? Estamos no caminho certo ou há riscos?

Milve: Estou – e sou – otimista com o nosso País. O Brasil tem tudo para resolver seus problemas internos e ser um grande líder mundial; tem grande território, totalmente aproveitável; não está sujeito a desastres naturais graves; vive em paz não só internamente, mas também com o resto do mundo. Vejo no Brasil dois grandes obstáculos a serem vencidos: Educação e corrupção. Quando resolvermos o problema da Educação, os demais serão eliminados. A Educação é a base do progresso, do desenvolvimento de um povo. À pergunta que me é feita, se estamos no caminho certo, respondo: sob o aspecto econômico, a inflação, que sempre foi um grave problema, principalmente para a classe mais necessitada, está sob controle pelas autoridades monetárias, isto é, está havendo estabilidade econômica. A agricultura tem sido, nestes últimos anos, o sustentáculo do País, visto que a indústria vem sofrendo com o câmbio (o Real) valorizado; e, de outro lado, a concorrência dos produtos industrializados vindos, principalmente, da China. Sob o aspecto da dívida externa, o Brasil apresenta uma situação confortável. Vislumbro ótimas perspectivas para nosso País.

TM: Como funciona a Comissão de Ética e Disciplina da Subseção da OAB sob sua coordenação?

Milve: A Comissão de Ética e Disciplina está diretamente ligada ao Tribunal de Ética e Disciplina (TED) da Seccional da OAB/SP. O objetivo do TED é defender a Advocacia. Com isenção, julga colegas-advogados em eventuais faltas éticas que venham a ser acusados, garantindo a ampla defesa e o contraditório, punindo quem precisa ser punido e inocentando quem deve ser inocentado. O TED é um eficaz instrumento de depuração da ética desejável para a classe, na medida em que tem a missão de punir – e até excluir dos quadros da Ordem – o profissional de má conduta. O TED é dividido em Turmas; a Subseção de Taquaritinga está subordinada à 8.ª Turma, com sede em Araraquara, e sob sua jurisdição estão 12 Subseções. Portanto, a Comissão tem sua atuação no recebimento, processamento e execução inicial das representações originárias de fatos ocorridos em seu território, ainda que o advogado esteja inscrito em outra Subseção. O julgamento cabe ao Tribunal de Ética da 8.ª Turma, que jurisdiciona a nossa Subseção.

TM: O que nossa igreja Matriz de São Sebastião tem de especial?

Milve: A Igreja Matriz se constitui num “cartão de visitas” da nossa cidade; é um patrimônio histórico-cultural. Nós, que frequentamos regularmente nossa Matriz, não nos damos conta da beleza que está ali. Mas, o visitante que entra, pela primeira vez, interior fica extasiado. Sua escadaria imponente; sua porta principal, toda entalhada com motivos sacros... A surpresa maior está reservada para quando adentra pela sua nave; surpreende-se com a beleza e a majestade de seu interior: a imponência das colunas, complementada pela galeria de pinturas que emolduram a parte interna, com suas figuras que parecem reais. O interior está sempre refletindo uma luminosidade natural, graças à forma como estão colocados os vitrais, que permitem o reflexo da luz solar, iluminando toda a parte interna. É um conjunto de arte: luzes e cores, harmoniosamente distribuídas pela nave central. Gigantescas colunas suportam o teto, em forma de abóbadas com coberturas encurvadas, formando grandes arcos. Tudo isso é complementado pelas 10 imagens dos santos, no alto das colunas, e a imagem de São Sebastião, no seu nicho, sobre o altar-mor. Imagens que parecem estar dando a bênção aos fiéis que ali oram e cantam. A Matriz não ostenta suntuosidade; ali estão arte e bom gosto, ingredientes próprios para ornamentar uma Casa de Orações. Tudo o que ali está reflete a sensibilidade dos artistas, do arquiteto, do escultor, do entalhador e, sobretudo, do pintor – aliás, dos pintores, já que a galeria de 10 quadros foi pintada por um casal: o casal Mack (Américo e Eva), naturais da Hungria. Os 8 quadros que se encontram nas paredes da nave central, contam a história da vida de São Sebastião; os outros dois, na entrada das capelas destinadas à veneração do Sagrado Coração de Jesus (à esquerda) e à Virgem Maria (à direita), estão abençoando toda a comunidade, representada por homens, mulheres e crianças da nossa cidade que conviveram com os pintores, por ocasião de suas estadas em nossa cidade. O expectador, ao fixar seus olhos às figuras dispostas nos quadros, e, ao se movimentar dentro da nave, tem a sensação de que as figuras também se movimentam. Outra obra de arte são os 14 quadros que compõem a Via Sacra, esculturas de autoria do artesão Ricardo de Lucca. A pedra fundamental foi lançada a 16 de julho de 1925, porém, durante a crise financeira que se abateu sobre o País, resultante da queda do preço do café, em 1929, as obras ficaram paradas, só retomadas por volta dos anos 40, com a chegada dos padres de “batina branca”, liderados pelo Padre Clemente Baltus, da Congregação dos Sagrados Corações. Podemos dividir a construção da Matriz em 3 fases: a primeira, compreende a execução dos alicerces, com mais de um metro de largura, e o aterramento da parte interna, que ocorreu de 1925 até 1929; a segunda, compreende a retomada da construção, em 1940, com o levantamento de toda a estrutura física do prédio, executada sob o comando do Padre Clemente Baltus, até a sua remoção de nossa cidade, em 1948. A terceira, corresponde ao acabamento e à execução das obras de arte, comandada pelo Cônego Lourenço Cavallini.

TM: Num virtual verbete, de uma hipotética enciclopédia da História Universal, qual descrição de Taquaritinga o senhor gostaria de encontrar?

Milve: Já me manifestei que sou um otimista. E, com relação à nossa cidade, estou convicto que venceremos! Nossa cidade, sob o aspecto econômico, ainda depende da agricultura – citrus, goiaba, manga e, mais recentemente, da cana de açúcar. O comércio está dentro dos padrões para uma cidade de seu porte. O que nos falta são indústrias para absorver essa mão de obra excedente. Mas isso virá com o decorrer dos anos. Resumindo: estou otimista.

TM: Fale-nos um pouco sobre o site que o senhor mantém sobre a História de Taquaritinga.

Milve: Taquaritinga é carente de registros que conte sua história, não obstante ter sido palco de acontecimentos que merecem serem contados. Sempre me interessei por História e, depois que retornei à cidade, passei a pesquisar e escrever artigos, crônicas relacionados ao tema. A partir desses trabalhos, passei a colecionar material e publicar nesse site que, em pouco mais de 6 meses no ar, atingiu a marca dos 200 mil acessos. O conteúdo está subdividido em vários itens: - “História de Taquaritinga” que conta, cronologicamente, desde a fundação da cidade (1868) até nossos dias; - “Matriz de São Sebastião” onde se encontra reproduzido o livro que conta a história daquele monumento que é orgulho e cartão de visita de nossa cidade; - “Paróquia de São Sebastião” – conta a história da Paróquia, que se confunde com a história de Ribeirãozinho - Taquaritinga, pois, foi através da doação das terras a São Sebastião dos Coqueiros que deu origem a nossa cidade; - “Crônicas – Fatos Históricos” – onde constam mais de 60 crônicas, abordando diversos assuntos; - “Galeria de Fotos”, onde estão registradas mais de 600 fotos, retratando aspectos da cidade, a partir de 1920 e anos seguintes. O acervo fotográfico registra cerimônias cívicas, ruas da cidade, personagens e muito mais... O site está aberto a quem quiser escrever sobre assuntos históricos. Acesse: nossataquaritinga.com.br

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Kau Andrighetto

Entrevistamos Marco Antônio Salles Andrighetto, o Kau. Nasceu em Taquaritinga em 1970, filho do Marco Andrighetto e da Betí; irmão da Daniela e do Thiago; tio do Marcelinho e da Lívia; casado com a Marlene. Técnico em Contabilidade, formado pelo Colégio Dr. Aimone Salerno, exerce a profissão à frente da Organização Cônsul, um dos mais tradicionais escritórios de Contabilidade da cidade. Nos anos 1990, morou em São Paulo, Marília e São Carlos, onde cursou Computação na Universidade Federal – UFSCar. A música sempre fez parte de sua vida; a mãe, exímia pianista, foi grande incentivadora. Aprendeu tocar violão ainda menino e se apaixonou pela guitarra. Nos anos 1980, empunhou o instrumento em shows, bailes e festivais com o grupo de rock Decreto Lei, que se apresentou em várias cidades, inclusive São Paulo, e participou do CD “Rock Paulista”, produzido por Duda Neves. Deixou o conjunto e seguiu estudando, teve aulas com os mestres guitarristas Índio e Fernando Izé e, com a experiência adquirida, passou a compor (letra e música), sempre empenhado em apurar sua técnica. Mantém um pequeno estúdio em casa e, com recursos próprios, lançou seu CD, “Corectasia”, no qual se revela um artista talentoso. Uma conversa amigável sobre Contabilidade, música, matemática, rock’n roll, Decreto Lei – e sua obra “Corectasia”.

Tendência Municipal: O crescimento econômico faz com que a situação fiscal das empresas – desde a pequena firma individual até a grande indústria – seja cada vez mais importante, o que aumenta a responsabilidade do setor contábil. É isso mesmo?

Kau Andrighetto: É isso mesmo. O contador tem enorme responsabilidade no desenvolvimento econômico. Através da ética, seriedade, conhecimento e baseado na NBC (Normas Brasileira de Contabilidade) o profissional é capaz de identificar os problemas e oportunidades que encontram as empresas. Para o governo, então, é de suma importância, já que participa diretamente da arrecadação de tributos para a Federação, para os Estados e para os Municípios. O desenvolvimento social depende muito da atuação da nossa categoria. Quanto mais a economia avança, mais se exige do contador, daí a necessidade de estar sempre atento as mudanças fiscais, as leis, as necessidades dos empresários e sempre continuar o aprendizado através de cursos de atualização. Todos os setores produtivos: indústria, comércio, agricultura, prestação de serviços e até a administração pública são afetados pela atuação dos contabilistas. Pode-se se dizer que o desenvolvimento do país depende muito do nosso carimbo e assinatura.

TM: O que levou ao mundo da música?

Kau: O certo, analisando hoje, é o que “não” me levaria entrar no mundo da música, sendo tão estimulado como fui em casa. Eu e os meus irmãos sempre vivemos num ambiente musical. Minha mãe é pianista formada pelo conservatório Santa Cecília aqui de Taquaritinga, e pelos relatos de seus colegas e professores da época era prodígio, uma musicista nata. Crescemos dividindo seus cuidados maternais com as aulas ministradas por ela em nossa casa. Acho que nem é DNA, mas estímulo mesmo. Horas e horas de música clássica e escalas na fase mais cognitiva da infância. Acabou viciando essa pobre criança. (risos). A pena é que não aprendi o piano... Mas ela me ensinou a afinar o violão e me passou os primeiros acordes. Aos 8 anos tive aula com o meu querido Dedé Arlindo, que me ensinou várias músicas que lembro até hoje. Parei com as aulas porque era indisciplinado, aquela coisa do moleque que quer rua e bola, mas sempre tirava músicas e tocava nos encontros da família. Quando os amigos de escola começaram a tocar e formar um conjunto, me animei a aprofundar o conhecimento: era a Banda FraTNT, que depois virou o Decreto Lei.

TM: Na UFSCar, você cursou a área das ciências exatas – e os números estão presentes em seu trabalho cotidiano. Em relação à música, qual a importância da matemática?

Kau: Tem relação profunda. Música é basicamente matemática, física e sentimento. Quando estive em São Carlos, tive aula com um grande professor, o Fernando Izé, que me ensinou a matemática da música. Seu pai era professor e me deu aula de Geometria Analítica na Federal. As aulas do Fernando eram interpretações de equações e fórmulas matemáticas. Certo dia, as escalas, os campos harmônicos, as modulações , o material maravilhoso que ele me passou, fizeram sentido revelador, como uma “cartase”. Daí, construí minha visão matemática da música.

TM: Qual sua análise sobre a evolução do rock nacional, dos anos 1980 até os dias atuais?

Kau: Comecei ouvindo Raul Seixas, é claro. Depois os mais velhos nos apresentaram Mutantes, Casa das Máquinas, Made in Brazil... Os anos 1980 chegaram avassalador. Passei a transição criança-adolescente-adulto nos anos 80. O Rock tupiniquim mudou a minha vida , a minha geração e o Brasil. Depois disso, nós rockeiros radicais achávamos todo o resto uma porcaria (risos). Realmente, apareceu muita porcaria, mas tem muita gente boa nos anos 90, que também bebeu da água “oitentista”, como Chico Science, Rappa, Lenine, Zeca Baleiro entre outros. A nova geração do rock vem com um hardcore com letras românticas e tem feito muito sucesso com a molecada. Tem gente que “mete o pau”, mas eu prefiro que as porcarias que tocam irritantemente nas rádios.

TM: Como foi sua passagem pelo Decreto Lei?

Kau: O Decreto Lei foi um sonho de amigos de infância que estudaram junto desde o primário e durante a faculdade se desdobravam para ensaiar todo fim de semana, religiosamente. Fui co-fundador da base da banda. Saí, voltei, si de novo.. Foi uma mistura de sentimentos, alegrias e decepções. Sinto saudades enormes. Foram tempos de aprendizagem e minha perda da inocência., a diferença entre sonho e realidade. Ainda hoje, depois de 15 anos do fim da banda, sou lembrado como membro da banda, reconhecido num saudosismo impressionante. Foi a primeira banda de rock da cidade, numa época de pouco acesso a material de pesquisa. É incontável as vezes que ouço que o DL influenciou a vontade aprender um instrumento, montar uma banda e ouvir Rock and Roll. Sempre serei um integrante do Decreto. Ainda hoje me pedem para nos unirmos e fazermos um som. Tocamos em todo estado, gravamos o CD Rock Paulista com produção do Duda Neves, gravamos um CD independente em Campinas-SP, abrimos vários shows, ganhamos vários festivais de música. Quando acabou a banda, eu, o meu irmão Thiago, o Liminha e o Fernando Ponzio (Manaia) montamos o “Trevo da Eva”, que tinha o objetivo de fazer músicas próprias e versões novas de clássicos do rock/reagge/blues, sem o arquétipo de “cover”. Acreditava nisso no DL, no Trevo e ainda acredito. O Trevo da Eva não foi duradouro, mas é uma banda muito lembrada e influenciou muita gente. Foi de 1999 até 2003. Abrimos muitos shows de bandas ditas grandes e gravamos um CD com duas canções minhas, uma (Tempo Bom), com novo arranjo, está no CD Corectasia e outra (Partido), provavelmente estará no próximo CD.

TM: Fale-nos do seu CD Corectasia.

Kau: O CD Corectasia é um filho. Daqueles que tem defeitos, erros, coisas engraçadas, surpresas inusitadas, acertos. Surgiu de todo aprendizado que tive na música, desse caminho percorrido. É um resumo das composições de todo esse tempo, das minhas experiências. Como ninguém aposta em músicas próprias (melhor é tocar músicas consagradas) e não encontrei ninguém que topasse fazer música, me fechei no home Studio que montei na minha casa e a duras penas terminei o CD. Compus todas as canções. Letra e música. Fiz os arranjos, executei todos os instrumentos, cantei. Gravei, mixei, fiz o layout final. Meu irmão tocou contra-baixo em duas faixas e a Lavínia Louzada Bassoli, filha de meu grande amigo Luisinho Bassoli, cantou uma música infantil. Fui atrás de patrocínio, enchi o saco de amigos pacientes e talentosos para me ajudarem na arte do disco. A regra foi que não existem regras. Das quase 50 músicas que tenho compostas, selecionei 16. Me afastei do meu trabalho para concluir a obra. Saiu e fiquei contente com o resultado. Tenho ainda a esperança de encontrar músicos que topem e encarem o desafio de criar, de dar outra visão a essas músicas que estão no CD Corectasia. Ali está minha visão, minha leitura. Sem dúvida, uma banda daria uma roupagem mais democrática aos arranjos, opiniões novas e bem vindas. Tenho quase um Cd novo pronto, faltam poucos detalhes. Quero parceiros, novas idéias, conhece outros compositores, sempre estou a disposição, mas me sinto sozinho. Compartilhar o tal sentimento matemático da música. Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade. Nunca se vence uma guerra lutando sozinho, já dizia o mestre Raulzito.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Valmir Carrilho Marciano

  Nosso entrevistado é o advogado Valmir Carrilho Marciano. Casado com a enfermeira Cidinha, pai do Arthur (acadêmico de Direito) e da pequena Laura. Especializado na área trabalhista, concilia seu renomado escritório de advocacia com a função pública na Agência Regional do ministério do Trabalho. Conhece, como poucos, a realidade dos trabalhadores brasileiros – e dos taquaritinguenses em especial. É na defesa deles que fundamenta sua atuação política. Em 2008, foi CANDIDATO A VEREADOR pelo PT e, mesmo não sendo eleito, obteve boa votação, elogiada pela direção do partido. O tema principal da conversa interessa a todos: emprego!


Tendência Municipal: Que análise faz da situação dos trabalhadores e trabalhadoras de Taquaritinga?

Valmir Carrilho Marciano: Infelizmente, o quadro não é nada animador. Taquaritinga está caminhando, rapidamente, para se transformar em “cidade dormitório”, ou seja, as pessoas trabalham em outras cidades e só voltam para dormir. Essa situação se dá pela falta de opções, que necessariamente passa pelo nosso governo municipal, que pouco tem feito para que esse quadro se altere.

TM: De que modo um governo municipal pode contribuir para gerar mais e melhores empregos?

Valmir: Eu sempre disse que temos que encontrar um caminho (uma especialidade), seja na área industrial, seja na área de serviços, enfim, seguir o exemplo de outras cidades, como Ibitinga, a “capital do bordado”; Tabatinga do “bicho de pelúcia”; Sertãozinho das “industriais”, etc. Apenas como hipótese, podemos citar o carnaval, que é a maior festa popular de Taquaritinga e uma das maiores da região e mesmo do Estado – guardadas as devidas proporções, funciona mais ou menos como o carnaval da Bahia. Portanto, a festa deveria receber incentivos para que nossos comerciantes, prestadores de serviços – restaurantes, postos de combustíveis, imóveis alugados (“repúblicas”), ambulantes, etc. – pudessem ter uma receita melhor. De que forma se processaria isso? Pode ser com competições entre as “repúblicas”, com chamadas na TV convidando a região para vir para cá, promover outros eventos fora de época, etc. Mas, o que vemos é o governo municipal ameaçando não destinar verbas para os blocos, escolas de samba, terminando com o “carnaval” do mês de agosto, que trazia muita gente para Taquaritinga, enfim, não encontramos um caminho. E nossos filhos, irmãos, amigos, estão indo embora, gastando seus recursos em outros municípios.

TM: Como avalia a gestão Dilma na questão trabalhista?

Valmir: O governo Dilma começou com um legado deixado pelo Governo Lula que, sem dúvida, foi o melhor governo da historia do Brasil, pois fez o que jamais foi feito: incluiu os pobres, conseguiu resgatar da miserabilidade milhões de brasileiros que passaram a ter voz. Portanto, basta seguir o que estava sendo feito e, acima de tudo, ser intransigente com a corrupção, pois prefiro que o governo Dilma demita um ministro corrupto por dia a permitir desmandos contra o sofrido povo brasileiro! E digo mais: não basta demitir ministro, se deve processar e se for o caso, condenar quem se valeu do cargo para obter vantagens pessoais. Só deixo uma questão no ar: será que nos governos anteriores aos do PT não havia corrupção ou a imprensa, na sua grande maioria, era conivente com os desmandos?

TM: Você foi candidato a vereador em 2008. Quais os planos para 2012?

Valmir: Primeiramente, quero aproveitar essa oportunidade para agradecer às mais de 200 pessoas que confiaram em mim, muitos delas sem ao menos ter tido qualquer contato comigo durante a campanha, pois foi uma campanha sem recursos financeiros para investimentos em publicidade, etc. Recebi os votos das pessoas que conheciam meu histórico de vida. Quanto a 2012, estou pronto para servir ao meu partido e à minha cidade e muito esperançoso que possamos ter um melhor desempenho, pois tenho ouvido muitas coisas boas sobre todos os nossos pré- candidatos.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Wagmar Ricardo

  Entrevistamos Wagmar Ricardo. Nascido em São Pedro do Ivaí/PR, em 1977, casado com a Paula Moutinho – ansioso pelo nascimento do primeiro filho, previsto para o mês de abril/2012. Formado em Produção Industrial pela FATEC/Taquaritinga, com pós graduação em Gestão Empresarial pela Barão de Mauá, é um dos colaboradores da FUNDAÇÃO EDMILSON - SEMEANDO SONHOS, uma das mais importantes entidades filantrópicas da região, idealizada pelo jogador de futebol taquaritinguense José Edmilson Gomes de Moraes (que foi titular do SPFC, Barcelona e da Seleção pentacampeã em 2002).
Educadíssimo, cordial, inteligente – um sorriso largo que expõe sua “aura luminosa” –, Wagmar é o maior exemplo de que, com determinação, fé e coragem, é possível realizar o “sonho semeado” pela organização que ajuda a gerir.


Tendência Municipal: Wagmar, nos fale um pouco de você, sua história, sua infância, suas alegrias e frustrações.

Wagmar Ricardo: Meus pais são de Minas Gerais, casaram-se e foram morar no Paraná, onde começou a história das nossas vidas. Somos uma família humilde, muito carente. Minha infância foi muito difícil, sobretudo nas questões econômicas, em muitos momentos nos faltaram alimentos, brinquedos, não podíamos comprar o que os amigos tinham etc. Porém, foi muito prazerosa no que tange à liberdade de poder jogar bola, soltar pipa, brincar com os amigos, todo o necessário para uma criança se desenvolver. Também recebi muito afeto e carinho da minha mãe e dos meus irmãos; minha mãe, mesmo nas dificuldades, nos ensinou os princípios fundamentais para a vida, sempre exigiu que seguíssemos sua linha de educação, fomos uma família muito feliz! Minha grande frustração de infância foi a perda precoce de meu pai, quando eu tinha seis anos de idade – foi como se tivesse perdido o chão, inclusive passei por situações que fizeram minha mãe buscar ajuda médica. Já com relação à adolescência, foram momentos perecidos com a infância, mas não tive muita oportunidade de curti-los, aos 11 anos já estava trabalhando para ajudar no sustento da família, situação delicada que me fez “pular fases”, mas que contribuíram para meu amadurecimento como ser humano, ensinando-me princípios que carrego comigo até os dias de hoje. Nessas fases, destaco, como alegrias, a oportunidade de poder ajudar minha mãe em nosso desenvolvimento e a amenizar as frustrações com a privação, por falta de dinheiro, de coisas que quase todos os adolescentes tiveram acesso.

TM: E sobre os dias atuais?

Wagmar: Já adulto, consciente de meus direitos e deveres – e conhecedor da sociedade em que vivo –, procurei transformar o que me foi dado em “combustível” para prosseguir na caminhada da vida. Costumo dizer que a vida, para mim, nunca foi fácil, mas Deus me deu condições de reconhecer as oportunidades e buscar uma mudança de vida, tanto pessoalmente como para minha família, através do estudo, amigos, “networking” etc. Na graduação, tive ótimos professores e um disse algo que trago sempre comigo: “A vida não foi feita para lamentações, precisamos nos preparar a cada dia para transpor as barreiras e nunca esmorecer diante dos obstáculos, pois ali estão as oportunidades de crescimento”. Nessa fase, tenho como frustração o sentimento de impotência diante das pessoas desprovidas de oportunidades, mesmo tentando, todo dia, fazer a diferença na vida delas. Já as alegrias, são muitas: reconhecimento, conquistas, ascensão social, amigos, a esposa maravilhosa que Deus me deu – com destaque ao fato de poder ser pai: em abril, irá nascer meu primeiro filho, o que já me faz sentir o homem mais feliz do mundo!

TM: Como está a Fundação Edmilson?

Wagmar: A Fundação está em seu quinto ano de existência. Durante esse período, aprendemos muito, posso perceber o quanto a entidade cresceu e a diferença que faz na vida das crianças, jovens e suas famílias. Hoje, a entidade ainda passa por dificuldades financeiras, haja vista que atendemos mais de 300 crianças e adolescentes. O projeto, como um todo, é um grande sucesso, claro que temos muito a melhorar, algo que poderia – e pode – ser aperfeiçoado. Em relação ao envolvimento das pessoas de Taquaritinga com a causa da entidade, percebo que muitas ainda não conhecem nosso trabalho, não contribuem com a entidade por não perceber que nós, taquaritinguenses, recebemos uma “jóia” muito rara e temos de cuidar dela para não ser somente uma “pedra”.

TM: A internet é um meio de inserção social, barato e acessível. Como a Fundação utiliza as tecnologias da informação em beneficio da garotada?

Wagmar: Através da internet, buscamos divulgar parte do trabalho realizado com as crianças e adolescentes, divulgamos para dar transparência e credibilidade ao nosso trabalho. Com relação aos alunos, fazemos a introdução a essa ferramenta e buscamos mostrar os dois lados, que tanto pode ser para o bem quanto para o mal, e que a forma como utilizar irá partir do discernimento criado por eles mesmos.

TM: Para administrar uma entidade do porte da Fundação Edmilson é inevitável se relacionar com órgãos públicos e entes políticos. Como lidar com essa situação?

Wagmar: Com relação a isso, a Fundação tem uma política muito bem definida: não somos partidários, mas sabemos que, para atingir nossos objetivos, temos de construir um bom relacionamento com todos. No decorrer de nossos cinco anos, nos relacionamos com políticos de vários partidos, das três esferas (municipal, estadual, federal). A Fundação consegue manter-se neutra perante as disputas políticas. Nas reuniões e conversas com as famílias, colaboradores e amigos, nos limitamos a instruí-los para que façam boas escolhas para representá-los.

TM: Qual sua orientação para o cidadão comum que quer contribuir com a Fundação?

Wagmar: Primeiro, faz-se necessário conhecer os trabalhos realizados pela entidade; acreditamos que, a partir daí, a pessoa irá se “apaixonar” pela causa e contribuir com o que seu coração pedir. Sabemos que somente as contribuições feitas de “coração aberto” é que farão a diferença na vida dos que necessitam de oportunidades. É importante divulgar que a visitação é aberta a todos, todos os dias, e que as crianças e adolescentes agradecem, de coração, àqueles que se preocupam com o bem estar do próximo.

TM: Para encerrar, exerça sua liberdade e se dirija aos leitores-internautas...

Wagmar: Gostaria de finalizar a entrevista com um trecho de um poema, que gosto muito, do poeta russo Maiakovski, traduzido por Haroldo de Campos: “Por enquanto, há escória de sobra. O tempo é escasso, mãos à obra. Primeiro, é preciso transformar a vida, para cantá-la, em seguida. Para o júbilo, o planeta está imaturo. É preciso arrancar alegria ao futuro. Nesta vida morrer não é difícil. O difícil é a vida e seu ofício”.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Álvaro Lopes

  Nosso entrevistado é o advogado Álvaro Guilherme Seródio Lopes. Carioca de nascimento e taquaritinguense por opção, sagrou-se o segundo mais jovem piloto da Força Aérea Brasileira (o primeiro foi o Brigadeiro Murilo Santos), obtendo brevê [habilitação para pilotar aviões] aos 17 anos de idade. Técnico em Contabilidade, diplomado em Teoria Musical pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ministrou aulas de Contabilidade e Matemática, trabalhou no Banco do Brasil e teve seu próprio comércio. Foi vereador em Taquaritinga (1983/1988) e Vice-presidente da Câmara. Em 2000, foi CANDIDATO A PREFEITO pelo extinto PAN (Partido dos Aposentados da Nação), quando adotou o notório slogan “chega dos mesmos”.
Desde então, se tornou um “pesadelo” para muitos gestores municipais por promover investigações sobre eventuais más versões do dinheiro estatal, através de ações judiciais e denúncias ao Ministério Público. Deixa claro que não escolhe adversários. Seus alvos independem de partidos. Assegura que age como “cidadão” e não como “político”, pois não mais se enveredou pelas disputas eleitorais. Com isso, ganhou admiradores – e também violentos desafetos - que, segundo ele, foram responsáveis por “dois atentados à bala” contra sua residência. Álvaro Lopes não se intimidou: “Os administradores públicos que não saiam da linha”, avisa!


Tendência Municipal: O que o levou a ser piloto da Força Aérea?

Álvaro Lopes: Bons tempos aqueles! Findava 1947, dois anos após a Segunda Guerra Mundial e apenas seis da criação do Ministério da Aeronáutica. Nas telas, fervilhavam filmes sobre as batalhas de Guadalcanal (a mais importante do Pacífico), Iwo Jima, Nova Guiné etc., nas quais a aviação teve forte presença; o ataque surpresa da aviação japonesa à base naval de Pearl Harbor, em 1941; o clássico “Trinta Segundos sobre Tóquio”, quando, pouco antes da rendição, a capital japonesa foi parcialmente destruída por intenso bombardeio pelas “fortalezas voadoras” dos EUA, etc. etc. O cinema focava, também, as vitórias do Marechal-de-Campo alemão Erwin Rommel, a “Raposa do Deserto”, bem como sua derrota, a final, pelos ingleses, no norte da África. Debaixo da maciça propaganda cinematográfica, vestir a farda de cadete da recém criada Força Aérea Brasileira e tornar-se piloto militar passou a ser o sonho de muitos jovens – inclusive o meu! Assim estimulado, pus na cabeça que, se houvesse outra guerra, estaria pilotando um avião, fosse caça ou bombardeio. E, para isso, mãos à obra. O vestibular para a recém inaugurada Escola de Aeronáutica do Campo dos Afonsos/RJ (hoje AFA, em Pirassununga/SP) seria em fevereiro do ano seguinte, 1948. Não havia tempo a perder. Nas férias de fim de ano, internei-me em casa, estudando 24 horas por dia. Tinha apenas 15 anos (faria 16 em maio) e, pela frente, apenas dois meses: janeiro e fevereiro. Entre mais de 5.000 candidatos de todo o País (apenas 160 vagas), fui aprovado em 75.º lugar. O sonho, entretanto, durou pouco. Só quatro anos. Depois de muito estudo nas mais diferentes áreas (inclusive navegação aérea), centenas de horas de vôo e curso completo de acrobacias no “PT-19 Fairchaild” [ver foto abaixo], com 18 anos, às vésperas de me tornar Oficial Aviador, fui desligado da FAB por “indisciplina de voo” (por conta própria, efetuava manobras perigosas com risco da própria vida). Motivo que, hoje, não pune ninguém. Pelo contrário! Pilotos com essas características acabam convocados para integrar a Esquadrilha da Fumaça, inexistente na época.



TM: Podemos supor que essa experiência na FAB tenha sido gratificante!

Álvaro: Nesses quatro anos, que valeram por quarenta, adquiri enorme experiência. Tive como colegas excelentes companheiros, quase todos, hoje, Coronéis e Brigadeiros. Dois tornaram-se ministros da Aeronáutica: Sócrates da Costa Monteiro e Lélio Viana Lobo. Este, último ministro da Aeronáutica, cargo extinto com a criação do Ministério da Defesa, que congrega os Comandos das três Armas (Exército, Marinha e Aeronáutica). E muitos outros que ajudaram a escrever a história deste País, como o Capitão Lameirão, Ten.Cel. Haroldo Veloso, Tenente Barata Neto, Tenente Leuzinger, Major Paulo Victor da Silva, Ten.Cel. João Paulo Burnier (alguns, instrutores de vôo da nossa turma). Todos eles envolvidos nas frustradas revoltas de Jacareacanga/PA e Aragarças/GO, com o objetivo de derrubar o governo federal da época. Uns foram presos, outros se exilaram na Bolívia. Todos acabaram anistiados pelo mesmo presidente que queriam depor, Juscelino Kubicheck, voltando a vestir suas fardas. Tive, também, como companheiros de esquadrilha, o Coronel Aviador Ozires Silva, posteriormente também formado em Engenharia Aeronáutica pelo ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), que ficou famoso por criar a EMBRAER, enfrentando, praticamente sozinho, a enorme oposição dos descrentes. Ninguém acreditava nele. Tapou a boca de todos. Hoje, a Embraer dispensa comentários. Ozires Silva ocupou vários cargos importantes, foi presidente da Petrobrás, ministro das Comunicações etc. Quando presidente da Petrobrás e eu vereador da nossa Câmara Municipal, aqui esteve a meu convite, sendo agraciado com o Diploma de Honra ao Mérito. Seu discurso de agradecimento, com a Casa cheia, emocionou a todos. Sua estada em nossa cidade terminou altas horas da noite, após um concorrido jantar em sua homenagem no restaurante Via Veneto (hoje San Remo), com a presença maciça das autoridades locais, inclusive do então prefeito Adail Nunes da Silva. Lembro-me, ainda, de Ottomar de Souza Pinto, falecido recentemente, outro companheiro de turma: Brigadeiro, deputado federal e quatro vezes governador do Estado de Roraima. Também formado em Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Ciências Contábeis, Economia, Direito e Medicina, sempre o primeiro da turma. Uma “enciclopédia ambulante”. Nossa turma, denominada, posteriormente, “ASAS 51” (ano da formatura), é, possivelmente, a mais prestigiada de todas. Até hoje – lembre-se, estamos em 2012! – passados 64 anos, nos reunimos (os sobreviventes), todas as segundas terças-feiras do mês, em almoço de confraternização, às margens da Baía de Guanabara, no Clube de Aeronáutica, vizinho ao Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Homenageando a nossa turma, o Museu Aeroespacial, localizado no Rio, expôs em suas galerias uma placa com o nome de todos os integrantes da “ASAS 51”. Inclusive, é claro, o meu. Talvez seja eu um dos poucos vivos com o nome estampado em museu! No cemitério, tudo indica, ainda vai demorar um pouco... (risos).

TM: Nossa cidade gerou um ás da aviação, o Brigadeiro Joel Miranda, que era natural do então distrito de Santa Ernestina...

Álvaro: O grande Brigadeiro Joel Miranda, TAQUARITINGUENSE (com letras maiúsculas!) de boa cepa, também tem seu nome registrado no Museu Aeroespacial. Homenageado por ter participado, como voluntário, da Esquadrilha Amarela que lutou nos céus da Itália na Segunda Guerra Mundial, pilotando os famosos P-47 do grupo Senta a Púa. Após inúmeras missões, foi abatido e gravemente ferido, escondido e protegido pelos Partizans. Recuperou-se e continuou na luta junto como eles, agora em solo italiano, durante meses, até a vitória final. Depois de tudo isso, ISOLA! Só voo em aviões de carreira. E olhe lá! (risos). Bons tempos aqueles!

TM: Qual sua relação com a arte da Música

Álvaro: A música não era, nem nunca foi meu sonho. Minha mãe, professora de piano, era quem sonhava ter um filho músico, principalmente violinista. Já aos quatro anos de idade, presenteou-me com um violino. Com jeitinho todo especial, se esforçava para que eu tomasse gosto pelo instrumento. Tive as melhores professoras do Rio de Janeiro: Magdala de Oliveira, a número um do Conservatório Nacional de Música do Rio, e a insuperável Paulina D’Ambrósio, professora dos violinistas da Orquestra Sinfônica Brasileira. Na parte teórica, acabei me diplomando professor de Teoria Musical pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tendo sido aluno do Maestro Assis Republicano, na época, um dos principais maestros brasileiros, que teve a honra de ter sua biografia incluída na internacional Enciclopédia Delta Larousse. Sempre fustigado por minha mãe, que me acompanhava ao piano, demos vários concertos nas mais diversas salas de espetáculo da então capital do País. Tocávamos na Rádio Mayrink Veiga (nem sei se ainda existe), em missas, casamentos e festas escolares. Isso durou até 1948, quando ingressei na FAB. Muito depois, lá pelos anos 60 ou 70, nem me lembro mais, já em Taquaritinga, ensaiei voltar a tocar violino. Comprei um instrumento usado, do pai do João Ari Bieras, e comecei a fazer serenatas, coisa que hoje não se faz mais. Lembro-me, e nunca vou esquecer, do dia em que combinei com os netos da Dona Julinha [Júlia Davidoff Ferreira de Camargo], ex-primeira dama de Taquaritinga, para, à tardinha, irmos à Fazenda Paraguaçu e, às escondidas, trazer os cachorros – duas feras – para a cidade, dando-nos oportunidade para fazer uma serenata embaixo da janela do quarto onde Dona Julinha dormia. Os garotos concordaram, cumpriram a missão e, por volta da meia-noite, baixamos na fazenda: eu; Giovani, colega do Banco do Brasil, que era um violinista de primeiríssima qualidade, perdido em Taquaritinga, e mais um violão que não me lembro bem quem era (seria o Luís Benaglia?). Terminada a primeira música, a Valsa Branca, de Zequinha de Abreu, Dona Julinha, acompanhada de duas senhoras amigas que a visitavam e passavam a noite em sua companhia, abriu as portas da sala e gentilmente nos fez entrar. Entre um gole e outro da melhor bebida da sua adega, desfilamos “Amar Sem Ter Amado”, “Longe dos Olhos”, “Amor Imortal”, “Aurora” e tantas outras. Tocamos até o raiar do dia. Noite inesquecível!

Assim como a fase da FAB, a nova fase do violino também durou pouco, dois ou três anos. Com outros instrumentistas, formamos um pequeno conjunto com dois violinos (Gim Carleto e eu), um saxofone (se não me engano, um dos Marins), um clarinetista (se bem me lembro, Delfino Pelatti), uma bateria, um violão (seria o pai do Macena, do atual conjunto Boemia?) e mais algum outro instrumento que não me lembro mais. Ensaiávamos uma vez por semana e nos apresentamos em diversas festas. Dos integrantes, só eu resta vivo. Se estiver enganado, quem ainda estiver por aqui, respirando, por favor, me dê um alô e vamos recordar o passado, porque o futuro só a Deus pertence. Mas não foi só de violino a minha incursão na área da música. Quando, por alguns anos, na década de 60, morei em Jaboticabal, ainda no Banco do Brasil, aprendi a tocar clarinete com o então famoso clarinetista “Cafelândia”, da Orquestra Jaboticabal, na época uma das principais do interior paulista. De volta à Taquaritinga, passei a tocar clarinete na Banda Municipal, regida pelo saudoso maestro Hugo. Tocávamos todos os sábados no coreto da Praça Nove de Julho e ensaiávamos às quartas-feiras. Onde foram parar o violino e o clarinete, não tenho a menor idéia! Bons tempos, que não voltam mais. Infelizmente.

TM: Como foi sua candidatura a prefeito? Pretende voltar à política?

Álvaro: Política, nunca mais. Cargo público, nem pensar. Cansado de ver a cidade andar para trás, suplantada por todas as vizinhas (o que acontece até hoje), resolvi candidatar-me a prefeito (2000) para recolocar a cidade nos trilhos. Obviamente, nenhum partido, todos controlados pelas “velhas raposas”, me daria espaço. Resolvi, então, formar uma legenda em Taquaritinga. Aí nasceu, entre nós, o PAN (Partido dos Aposentados da Nação). Sem dinheiro e com toda a mídia contra (duas rádios e todos os jornais da cidade), só me restou ter votação irrisória, pouco mais de 600 votos, num universo de aproximadamente 30 mil eleitores. Fechei a raia, como se diz na gíria turfística. Como não pude, politicamente, conduzir a cidade para dias melhore, resolvi, já formado em Direito, tentar fazê-lo a meu modo, chamando às falas os que contribuem para o atraso da cidade, dilapidando os cofres municipais e enchendo seus próprios bolsos. Com isso, boa parte do dinheiro já retornou ao Tesouro municipal, e tem muito político e ex-político “falando sozinho”, impedido de se candidatar novamente. O atual prefeito caminha no mesmo sentido. Por essas e outras, por duas vezes sofri atentados à bala. Nem inquérito policial foi aberto. Tudo abafado. Nem a imprensa divulgou. Os únicos prejudicados “fisicamente” foram os dois portões e algumas telhas da casa onde moro. Como eles não têm boa pontaria e já sobrevivi a tantas horas de vôo, acrobacias e indisciplinas de vôo, considero-me com o “corpo fechado”, como diria o falecido “Tampinha”, que comandava o mais concorrido Terreiro de Umbanda da cidade e, tudo indica, vou ficar para semente.

TM: Quais ações de improbidade administrativa o senhor promoveu em Taquaritinga e quais os resultados até agora?

Álvaro: Muitas. São tantas que perdi a conta. Todavia, destaco a de n.º 893/98, da 1.ª Vara da Comarca de Taquaritinga, que o STF (Supremo Tribunal Federal) mandou os dezessete vereadores do tempo da gestão do Serginho [Salvagni] devolver grande parte dos subsídios que receberam indevidamente. Tem gente até hoje devolvendo em prestações. Em média, R$ 100 mil por cabeça. Todos esses vereadores viraram “fichas sujas”. Tem, também, a de n.º 428/99, da 2.ª Vara de Taquaritinga, que também chegou ao STF e, depois de muito debate, reduziu nossa Câmara Municipal para apenas dez vereadores, como hoje é composta, com grande economia para os cofres públicos. Mais recente, temos aquela que mandou devolver o dinheiro surrupiado dos cofres públicos com a compra fajuta de carne de origem duvidosa – gado “matado no pau”- como se diz na gíria quando a origem é desconhecida e, ainda por cima, o transporte não respeitava o mínimo de higiene, que era servida na merenda escolar no tempo do [prefeito] Milton Nadir, hoje também “ficha suja”. Ainda daquele tempo, temos a de n.º 933/03, 1.ª Vara de Taquaritinga, que mandou devolver boa parte do dinheiro usado na reforma da Creche/Berçário Anunciata Colombo, situada na Vila São Sebastião. Todos os condenados viraram “fichas sujas”. Mais recentes, contra a atual Administração, tem um “saco” delas! Provavelmente (a exemplo das outras já citadas por amostragem), só terminarão depois de concluído o mandato. Mas, um dia, terminarão, como as outras terminaram. E aí, teremos nova safra de “fichas sujas”. Safra essa que será bem grande, incluindo políticos e funcionários concursados, com perigo, até, de serem exonerados a bem do serviço público, perdendo as vantagens obtidas com o suor do seu trabalho como, por exemplo, a aposentadoria integral por tempo de serviço. Por amostragem, citarei apenas algumas, ainda em andamento, que podem ser consultadas no Fórum local, por qualquer pessoa:

Proc. 489/09, 2.ª Vara – contra Paulo Delgado e Outros – Reforma da escola de Vila Negri; Proc. 989/09 – contra Paulo Delgado e Outros – Reforma da escola de Jurupema; Proc. 1475/09 – 2.ª Vara – contra Paulo Delgado e Outros – Construção da Creche de Guariroba; Proc. 1102/08 – Contra Paulo Delgado e Luis Tadeu Giollo – 2.ª Vara – Responsáveis pelo desembolso futuro de mais de R$ 2 milhões de juros de mora a serem sacados do Tesouro municipal (nós é que vamos pagar com nossos impostos) , pelo não pagamento dos precatórios quando havia dinheiro para liquidá-los e foi tudo desviado para “outras finalidades” (tudo comprovado nos autos); Proc. 1989/08, contra Paulo Delgado e todos os secretários municipais, para devolver os “abonos” que indevidamente foram pagos pelo prefeito. Condenados, nem recorreram. Já estão devolvendo o dinheiro com juros e correção monetária... E tantos outros processos, cujo número cresce dia a dia.

TM: Como avalia a atual Administração municipal?

Álvaro: Um horror! A pior de todas, desde que aqui cheguei em 1953. Quer uma prova? Visite as cidades vizinhas. Qualquer uma. Compare. Em 1953, nenhuma delas parecia estar no mapa. Matão, por exemplo, quando o trem passava pela parte alta da cidade, dava pena olhar. Uma casa aqui, outra ali. Parecia “quintal de Taquaritinga”. Hoje, quem parece não mais estar no mapa é a nossa cidade! Nos últimos sete anos do atual mandato, nenhuma só casa popular foi construída. Nem com lente de aumento você acha uma nova indústria instalada em nosso município. É raridade. A última - MARBA – foi trazida anteriormente pelo então prefeito Milton Nadir e instalada no atual governo que, falsamente, reivindicou o fato para si. E pensar que tivemos Matarazzo, Pauletti, Peixe, Usina de Açúcar e Álcool das Contendas, Elias F. de Mello (que concorria, com sucesso, com a Anderson Clayton na comercialização e beneficiamento de amendoim, café, algodão, produzidos em todo Estado de São Paulo), etc. etc. A população mais carente, absolutamente desamparada. Os serviços médicos municipais, uma lástima (sem culpa dos médicos, diga-se). O prefeito e seus secretários só sabem dizer que não há dinheiro. Só não dizem onde ele foi parar. Escondem. Caso contrário, perigoso dar cadeia. Precisa dizer mais alguma coisa?

TM: O Rio de Janeiro continua lindo?

Álvaro: Mais lindo do que nunca! Pena que ainda não restauraram o serviço do bondinho de Santa Tereza. Passeio imperdível e, surpreendentemente, pouco divulgado. As empresas de turismo só miram Pão de Açúcar, Corcovado, Copacabana. Outro passeio imperdível – e quase sem divulgação – é percorrer a Baía da Guanabara a bordo do “Rebocador Laurindo Pitta” [ver foto], da Marinha brasileira (cerca de 200 passageiros), com guia dando uma aula de História do Brasil. Outro belo passeio é visitar o palácio situado na Ilha Fiscal (também pelo mesmo Rebocador), local do último Baile do Império, com direito a visitar, de ponta a ponta, o submarino Riachuelo, que participou da segunda grande guerra. Tudo a um custo de apenas R$ 5,00 por pessoa (idoso paga meia) e sob a proteção da Marinha do Brasil. Atração imperdível! Num dia só, quase de graça, sem sufoco e sem perigo de ser assaltado! O Rio está ou não está mais lindo do que nunca?



quinta-feira, 22 de março de 2012

Walther Spinelli

  A entrevista desta edição é com Walther Spinelli. Nascido em Ibitinga, em 1938, é casado com a Adelaide Amaral Spinelli, pai do Fisioterapeuta Walther Spinelli Filho e do Biomédico Gláucio Amaral Spinelli, avô do Lucas e da Giovanna. Reside em Taquaritinga há mais de 50 anos. Sua trajetória é espetacular: foi atleta profissional, jogador de futebol (ponta-esquerda e centroavante) da Internacional de Limeira, nos anos 1960 – sagrou-se campeão em 1961 e teve a honra de ter sido adversário de Pelé. Uma lesão no joelho o fez encerrar, prematuramente, a promissora carreira. Seu talento para o esporte, contudo, transcendeu aos gramados e chegou ao turfe: com 12 anos, era um competitivo jóquei.
Habilidoso também na sinuca, dividiu memoráveis partidas com os mestres sagrados do “pano verde”, como “Rui Chapéu”, “Praça” e “Carne Frita”. Depois, trabalhou em grandes indústrias sucroalcooleiras (União, Citrobrasil, Cargil, Frutropic); foi bancário (Banco Comércio Indústria – Comind e Banco Real) e empresário (sócio-proprietário da Naturart’s – indústria de cosméticos com sede em nossa cidade, que fez sucesso na década de 1980). Membro ativo do Lions Clube de Taquaritinga há 37 anos, foi presidente por duas gestões (1982/83 e 1997/98) e recebeu, em 2009, o maior reconhecimento deste renomado clube de serviços, o “Título de Companheiro de Melvin Jones”. Tímido, comedido e cordial, Walther Spinelli é um especialista na arte de viver! Segue, abaixo, um pouco de suas experiências.


Tendência Municipal: Como foi enfrentar o Rei Pelé em campo? Na intimidade, ele fazia jus à fama de “gênio” do esporte-bretão?

Walther Spinelli: Iniciei minha carreira futebolística no Esporte Clube Rio Branco, de Ibitinga, quando enfrentei o “Rei Pelé”, que jogava pelo Noroeste de Bauru. Já naquela época, Pelé demonstrava o que viria a ser no futuro: um monstro sagrado do futebol mundial!

TM: Faça-nos um resumo de sua carreira no futebol profissional

Walther Spinelli: Naqueles tempos, fui convidado a pertencer aos quadros do Noroeste de Bauru, mas devido a problemas particulares, acabei não assinando contrato. No ano seguinte, com os problemas sanados, recebi um convite da Internacional de Limeira e aceitei. Eu atraia a atenção dos treinadores porque batia na “criança” muito forte, com as duas “canetas”... Fui campeão da “Série Algodoeira”, jogando contra grandes atletas, como De Sordi, Mauro, Póy, Ademir da Guia, e outros craques do passado. Fui aprovado em dois testes, na Portuguesa e no Palmeiras, e quando estava para ir à Capital, em um desses times, sofri uma grave lesão no joelho que, infelizmente, me levou a encerrar a carreira.

TM: As corridas de cavalo são reconhecidas por se tratar de um esporte perigoso, que exige muita técnica e, sobretudo, uma completa interação homem/animal. Fale-nos um pouco dessa experiência.

Walther Spinelli: No interior, os jóqueis clubes famosos eram os de Campinas, São Carlos e Barretos, onde montei excelentes cavalos. O que mais gostei – e não me esqueço porque ganhei várias corridas com ele – foi o cavalo “Boa Viagem”, animal de grande porte e muito veloz. Antes das disputas, ficávamos acordados a noite inteira, pois existiam “malandros” que, se tivessem oportunidade, colocavam laxante na comida do cavalo ou cavavam buracos na raia em que você correria. Naquele tempo, o turfe era bem difícil.

TM: Quem foi melhor na sinuca: Carne Frita, Praça ou Rui Chapéu? O que é preciso para ser bom no taco?

Walther Spinelli: Referente à sinuca, convivi com os mais famosos. Quando eu era atleta da Internacional de Limeira, joguei várias vezes contra o Carne Frita e o Praça, fizemos grandes partidas, foi um aprendizado muito bom. O Carne Frita era sensacional, jogava muito; o Rui Chapéu estava começando e já mostrava muita habilidade. Para ser bom no taco é preciso ter precisão e, acima de tudo, muito treino!

TM: O Brasil manterá a hegemonia no futebol mundial?

Walther Spinelli: Acredito que o Brasil sempre manterá a hegemonia porque é um celeiro de craques, que aparecem todos os anos. Exemplos do momento: Neymar e Ganso. Porém, se puxarmos pela memória, vamos nos lembrar de vários jogadores que surgiram no passado – e isso não vai parar, daqui a pouco, estaremos comentando sobre outros dois ou três jovens que se destacarão no futebol.

TM: O senhor trabalhou nas maiores indústrias do setor do agronegócio. Algum dia pensou que nos campos de Taquaritinga a cana-de-açúcar iria prevalecer ao plantio de laranja?

Walther Spinelli: Sinceramente não! Quando trabalhei nas grandes indústrias, andava por toda região e o que se via era a predominância da fruta. As cidades de Limeira, Bebedouro e Monte Azul Paulista eram consideradas as “Capitais da Laranja”, e mesmo aqui em Taquaritinga havia muitos pomares... Jamais pensei que a cana-de-açúcar iria tomar conta de tudo.

TM: O que representa o “Título de Companheiro de Melvin Jones”?

Walther Spinelli: Representa o reconhecimento pelo trabalho humanitário. O Título de Companheiro de Melvin Jones foi criado em 1973 como uma maneira de ampliar seu compromisso com a Fundação Lions Clube Internacional. Na Sede Internacional, há um computador que exibe o nome de todos os companheiros que receberam a honraria. Em toda a história do Lions de Taquaritinga, apenas quatro sócios tiveram esse mérito – e agradeço por estar entre eles!

terça-feira, 13 de março de 2012

Luiz Eduardo Curti

  O entrevistado de hoje é Luiz Eduardo Almeida Curti. Advogado, formado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco da USP, considerado um ícone da esquerda taquaritinguense. Foi PRESIDENTE DO CENTRO ACADÊMICO 11 DE AGOSTO em 1970 (no auge da repressão da ditadura militar), membro-fundador da Comissão de Direitos Humanos da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB/SP) e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores. Amigo pessoal de personalidades como o ex-presidente Lula e os ex-ministros Márcio Thomaz Bastos e José Dirceu, voltou à Taquaritinga nos anos 1990, se engajou no diretório municipal do PT, tendo ocupado a secretaria de Formação Política e concorrido a vereador em 2008.
Ao lado do irmão Ico Curti, é uma das principais lideranças do partido na cidade. Uma entrevista simplesmente imperdível!


Tendência Municipal: Como foi sua militância no movimento estudantil na época da ditadura militar?

Luiz Eduardo Curti: Minha militância começou na Associação dos Acadêmicos de Taquaritinga (AAT), por volta de 1965, antes de ir estudar na Capital. Para os engajados no Movimento Estudantil, a militância era um “sacerdócio”. Tínhamos a convicção de que a justiça social só viria com a derrubada da ditadura. Com esse objetivo, militávamos em regime de dedicação exclusiva: editávamos revistas e jornais; distribuíamos panfletos; organizávamos passeatas e congressos; treinávamos defesa pessoal; respaldávamos organizações sociais e sindicatos; denunciávamos, aqui e no exterior, a violência e os crimes da ditadura; fazíamos “finanças” para sustentar a resistência. Enfim, uma atividade estafante, que implicava em riscos e renúncias, mas que nos ensinou que sem disciplina e organização não atingiríamos nosso “modestíssimo” sonho de mudar o mundo.

TM: Nos fale de sua atuação na Seccional da OAB/SP.

Curti: Meu primeiro contato com a OAB foi ao me formar. Aprovado no Exame de Ordem, fui fazer minha inscrição e soube que, entre os documentos exigidos, constava “certidão negativa da Justiça Militar”, que eu não conseguia obter por ter ali dois processos: editar jornal “descendo o cacete” no regime militar (considerado publicação subversiva) e por participar do Congresso da UNE [União Nacional dos Estudantes], em Ibiúna, cuja realização, por estar “proibida”, resultou na prisão de cerca de mil estudantes. Fiquei revoltado com a exigência e fui falar com o Presidente da OAB. Argumentei que a Ordem não podia fazer tal exigência, pois significava “reconhecer” o regime de exceção, “legitimar” o arbítrio, aceitar que quem se opunha ao golpe militar era “subversivo” (um subversor da ordem instituída pela força das armas!). E, como tal, poderia ser processado, preso ou banido – ou mesmo morto! O Presidente me ouviu e disse-me, paternalmente: “Meu filho, nada posso fazer, vivemos uma ditadura, é preciso ter cautela”. Saí dali – de meu órgão de classe, que deveria assegurar minhas prerrogativas – decepcionado, e decidi ajudar a criar uma oposição àqueles dirigentes. Queria ter um presidente que não se curvasse à ditadura e sim que a combatesse! Felizmente, logo depois, a OAB mudou e teve participação ativa na redemocratização do País, encerrando memoráveis campanhas institucionais, como as “Diretas Já”. Na OAB/SP, fui “serviços gerais”: instrutor de processos disciplinares, membro das bancas do Exame de Ordem, da Comissão de Seleção e de Ética e também Conselheiro Estadual. Representei a OAB no Movimento em Defesa do Menor, no Conselho da Escola de Sociologia e Política, no Sindicato da USP. Fui, ainda, membro-fundador da Comissão de Direitos Humanos, na gestão do Márcio Thomaz Bastos, juntamente com o Celso Petroni, Paulo Sérgio Pinheiro (hoje funcionário da ONU) e Antônio Carlos Malheiros (hoje desembargador do Tribunal de Justiça). A ditadura detestava a simples menção aos Direitos Humanos, reconhecidos mundialmente, porque os desrespeitava cotidianamente.

TM: Como foi conviver com personalidades como o ex-presidente Lula, às vésperas da fundação do PT?

Curti: A resistência à ditadura agrupou quase todos os setores da sociedade. O contato entre estudantes, operários, artistas, intelectuais, clero, etc. era permanente. Era comum que nós, estudantes, estivéssemos em reuniões, manifestações públicas, debates, ou mesmo na mesa de um bar, com Lula, Gianfrancesco Guarnieri, Chico Buarque, Elis Regina, Geraldo Vandré, José Dirceu, Frei Betto e tantos outros que, mais tarde, teriam grande expressão nacional. Logo depois, na formação do PT – e em função dela – houve uma aproximação maior com aqueles que “oPTaram”! Foi gratificante o contato com lideranças que contribuíram, decisivamente, para o fim da ditadura e que, democraticamente, assumiram o governo e ousaram mudar o País.

TM: Que análise faz do governo Dilma?

Curti: Na campanha eleitoral, alguns setores da oposição, principalmente o PSDB, insinuaram (burramente, diga-se) que Dilma, se eleita, seria “subserviente” a Lula, afirmação que não levava em conta o alto nível de aprovação do então presidente nem a postura independente e a marcante personalidade da atual presidenta. Isso só ajudou o PT. Eleita, Dilma tomou as rédeas do processo político e tem colocado em prática as propostas do PT, implementando projetos de inclusão social (acesso à educação, saúde, água, energia elétrica, emprego, moradia etc.). Os brasileiros ficaram mais próximos da cidadania e a popularidade de Dilma chegou a superar a de Lula. Durma-se com um barulho desses! Mas ainda há muito por fazer.

TM: Como está o PT de Taquaritinga?

Curti: Em fase de oxigenação! Estamos formando novas lideranças, colocando-as em contato com expoentes nacionais e estaduais do partido, estreitando as relações com entidades e partidos aliados. Enfim, estamos resgatando a militância para que o diretório tenha participação ativa na política, não apenas nos períodos de eleições.

TM: Qual sua avaliação da atual administração municipal?

Curti: Uma decepção, principalmente para os que votaram no Paulinho [Delgado]. É o que se ouve por aí... E olha que havia uma grande expectativa, um otimismo em relação à sua gestão. Infelizmente, caiu na “vala comum” da política morna e eleitoreira, do apadrinhamento. Falta ousar, falta um projeto consistente, falta, sobretudo, vontade política para mudar as coisas!

TM: Que caminho o PT taquaritinguense deve tomar nas eleições 2012? Terá candidato a prefeito? Deve fazer coligações?

Curti: O PT de Taquaritinga deve tomar o caminho que está tomando: fortalecer-se. Formar novas lideranças, sobretudo jovens, elaborar um plano de governo calcado em nossas diretrizes, adequado às necessidades locais. A premissa para implantar nossas políticas é vencer as eleições, com candidato próprio, com chance de vencer, o que já temos com o Fúlvio Zuppani. As alianças com outros partidos são desejáveis – e podem ser necessárias. Mas não podem ter por escopo apenas aumentar as chances eleitorais, tampouco podem se restringir a “dividir o bolo” da administração. As eventuais coligações devem ser calcadas em princípios e propostas. Não basta vencer as eleições, é preciso reunir condições para por em prática um governo compatível com nossas necessidades e objetivos. E esse desafio, a cada dia, ganha rumo e corpo!

segunda-feira, 5 de março de 2012

Ana Lúcia Santaella Aiéllo

  Nossa entrevistada desta edição é a Diretora da escola Prof.ª Lydia Miziara e ex-Diretora da escola Ricieri Micalli, Ana Lúcia Santaella Aiéllo. Nascida em Taquaritinga, casada com o cirurgião-dentista João Milton Aiéllo, mãe da Letícia. Formada em Pedagogia, com pós-graduação em Psicopedagogia – além do ramo da Educação, dedica-se ao trabalho voluntário junto ao “Espaço Holístico Ponte para a Luz”, onde desenvolve “Apometria”, “Reprogramação Mental” e “Atividade Mediúnica com Saúde”. Com empenho e responsabilidade, divide seu tempo entre a profissão de comandar a direção escolar e a missão de espalhar a paz e a solidariedade.
Abordamos assuntos do mundo terreno e do mundo etéreo. Uma entrevista muito interessante!


Tendência Municipal: Como você analisa a educação pública contemporânea, nos níveis estadual e municipal?

Ana Lúcia Aiéllo: A educação pública, hoje, atinge seu ápice democrático, já que seu acesso é gratuito e obrigatório a partir dos seis anos de idade. Quando analisamos a educação, seja no nível público (estadual e municipal) ou privado, questionamos a qualidade do ensino oferecido em cada um e, como Diretora, entendo que quando há compromisso entre escola e família, o sucesso existe: a presença dos pais (ou responsáveis) na educação dos filhos (ou tutelados) interfere diretamente na qualidade do ensino. E é nesse ponto que surgem as diferenças apontadas pelos índices avaliativos externos (Saresp, Prova Brasil, Provinha Brasil etc.) entre as unidades escolares. Se falarmos em remuneração, Estado e município precisam repensar a valorização do magistério público, sobretudo da Educação Básica.

TM: Um problema que afeta a convivência escolar é o aumento da violência juvenil, o chamado “bullying”. Qual sua análise sobre o tema e o que fazer para minimizá-lo?

Ana Lúcia: O combate ao “bullying” é um desafio mundial. Particularmente nas escolas brasileiras, estudiosos tentam traçar um perfil do problema; as causas dessas violências são múltiplas, determinadas pela soma de fatores, como, por exemplo, o temperamento de cada um, influenciado pelas relações familiares e pelo meio social. Na verdade, esse descontrole social violento é uma questão de solidariedade e, para minimizá-lo no ambiente escolar, é necessário encarar, com seriedade, as agressões entre os jovens. Pais (ou responsáveis), alunos e gestores escolares devem investir em ações que previnam as ocorrências, tais como: criar relacionamentos saudáveis; instituir um ambiente escolar equilibrado; ter um corpo docente estável; formar vínculos entre os estudantes; estabelecer limites; e, em casos extremos, encaminhar o problema para outras instâncias.

TM: Há vida após a morte?

Ana Lúcia: Todo ser humano acredita na eternidade da alma. Na Grécia Antiga, “Hades” simbolizava o deus do mundo inferior e da morte, governando o subterrâneo para onde as almas condenadas eram lançadas. Com a Era Cristã, temos a simbologia do céu e do inferno. Assim, para mim, a continuidade da vida após a morte é explicada à luz da Doutrina Espírita, através das obras escritas por Allan Kardec e também psicografadas pelo nosso querido Chico Xavier. O estudo desses livros (e de tantos outros autores que divulgam o espiritismo) elucidou questões que eu não compreendia, me fez aceitar situações que não estavam sob meu controle e, também, me incentivou a promover mudanças àquelas que poderiam ser modificadas. Acredito que através de sucessivas reencarnações o ser humano pode progredir e evoluir, lapidando sua moral.

TM: Fale-nos sobre as atividades do Espaço Holístico Ponte para a Luz. O que são “Apometria”, “Reprogramação Mental” e “Atividade Mediúnica com Saúde”?

Ana Lúcia: O Espaço Holístico Ponte para a Luz é uma casa que reúne um grupo de pessoas com o propósito de praticar a caridade e estabelecer a paz, não possuindo vínculo religioso específico. Oferece inúmeras terapias alternativas para o equilíbrio do corpo, da mente e do espírito: segunda-feira, Yoga; terça-feira, Meditação; quinta-feira, Apometria; sexta-feira, Reprogramação Mental; Sábado, Reiki e Saúde. Especificamente à sua pergunta, a Apometria é realizada em grupo e reúne técnicas terapêuticas, como radiestesia, radiônica, Reiki, cromoterapia, aromaterapia, musicoterapia, limpando a aura e os corpos sutis. A Reprogramação Mental também utiliza técnicas terapêuticas em grupo, com o objetivo de equilibrar e harmonizar o ser em toda sua dimensão, trabalhando, por exemplo, as doenças psicossomáticas. Já a Saúde, que acontece quinzenalmente, é realizada individualmente, por uma equipe de médicos espirituais, semelhante aos procedimentos de intervenções cirúrgicas (quando necessário) com o objetivo de reorganizar energeticamente o paciente, já que a cura de algo ou de alguma doença não se limita ao corpo físico.

TM: O Espiritismo é uma religião? E como o Espiritismo se relaciona com as religiões em geral?

Ana Lúcia: O Espiritismo não é uma religião, é uma doutrina, pois reúne conceitos filosóficos e religiosos. Há uma discussão sobre o assunto, alguns se definem como “kardecistas” e, outros, “espiritualistas”. Na verdade, a Doutrina Espírita compreende que o ser humano pode evoluir reformulando sua moral, para isso, compreende a igualdade entre os homens e o respeito entre todos os seres. Aquele que pratica os preceitos espíritas, que, na verdade, são as máximas deixadas por Jesus, se relaciona harmonicamente com qualquer religião: “Amai a Deus sobre todas as coisas e a teu próximo como a ti mesmo”.