quarta-feira, 27 de julho de 2011

Entrevista: Lívia Nunes




 


É um privilégio conversar com a Lívia Nunes da Silva. O difícil é apresentá-la em poucas palavras. Vamos tentar: formada em Jornalismo pela Unesp de Bauru, trabalhou na Zero Hora em Porto Alegre, no Estadão e na Revista Época em São Paulo, dirigiu o Nosso Jornal em Taquaritinga e atua na Uniara em Araraquara. Escreve deliciosamente, num estilo único. É mãe da Nina Rosa (divide a “autoria” com o companheiro Miguel Anselmo), filha do Dr. Flávio e da Dona Diva, irmã do Alexandre e do Marquinho, neta do Negão e da Biloca e do maestro Marin e da Dona Ercília, tia do Samuel, sobrinha do jornalista Augusto Nunes e do ex-prefeito Tato Nunes...



Bom, mas é a Lívia: doçura, sinceridade, amabilidade; inteligência, educação, opinião; bondade, humildade, gratidão. Isso desde sempre. Não é exagero, quem a conhece sabe do que estamos falando! O tempo lhe faz bem: uma mulher cada dia mais bonita, charmosa, elegante... Passamos a ouvir (ler) a Lívia:


Tendência Municipal: Lívia Nunes por Lívia Nunes...

Lívia Nunes: Ai! Vamos lá: vejo em mim duas características aparentemente excludentes – sou tímida ao extremo, mas gosto muito, muito de gente, adoro fazer amizade

TM: Aprende-se jornalismo na faculdade?

Lívia: Não. O jornalismo, assim como tudo na vida, se aprende mesmo é na prática. Até o amor, não é? “Amar se aprende amando”, ensina Carlos Drummond de Andrade em uma de suas obras. A faculdade, no meu caso, foi fundamental para a troca de experiências, para a descoberta de um momento, para encontrar os iguais e, principalmente, para aprender a conviver com as diferenças, com o novo.

TM: A imparcialidade no jornalismo brasileiro é um mito?

Lívia: Vejo a imparcialidade, e não só no jornalismo, como uma utopia. E o motivo é que tanto o jornalismo, como a política e a justiça, por exemplo, são feitos por seres humanos, que são falíveis e dotados de emoção – essa é a questão. É impossível neutralizar sentimentos. Um dos sinônimos de imparcialidade é justiça. No entanto, e para ficar no campo das leis, quantos culpados não saem livres e vice-versa? O que há no jornalismo, e não só no jornalismo, são bons e maus profissionais. E diferentes pontos de vista por parte dos meios que divulgam as informações produzidas por esses profissionais. Numa democracia, como é o nosso caso, você pode concordar ou discordar deles, protestar, exigir direito de resposta e até – o que é uma besteira enorme – deixar de ler/escutar/assistir ao que o incomoda. A diferença de opiniões é o que fortalece a democracia e pavimenta um caminho que, tenho certeza, não tem mais volta: o da liberdade. Há espaço para todos os pontos de vista. Isso é o mais importante de tudo.

TM: Não cansamos de lembrar que Taquaritinga gera talentosos escritores, pintores, músicos, atores, dançarinos, escultores, fotógrafos. A pergunta: como aproveitar essa característica para o desenvolvimento social e econômico da cidade?

Lívia: Tenho pensado nisso... Imaginando que poderia fazer muito mais com um jornal nas mãos... Acho que nossa geração deixou que se desfizesse um importante elo – a união entre os que criam. Porque há muita gente boa por aqui. Mas a sensação que tenho é que cada um faz o que sabe lá no seu cantinho, e muitas vezes essas atividades ganham mais visibilidade no quintal dos outros que no nosso. Venho nutrindo um sentimento de culpa, uma apatia e, talvez sugestionada por isso, acho que essa sensação é geral: há muito a fazer, há gente para isso, mas não se consegue começar. Estou sendo muito pessimista?

TM: Você é de uma família com história na política taquaritinguense, seu avô, Adail, e seu tio, Tato, foram vereadores e prefeitos, e seu irmão, Alexandre, foi vereador. O que pensa da política?

Lívia: A política me excita, desde muito nova. Posso afirmar que a paixão está no sangue e, o que começou num microcosmo, se foi ampliando com meu reconhecimento do mundo. E é justamente em razão dessa intimidade, por saber como as coisas são feitas e, principalmente, por saber dos sacrifícios a que uma família de políticos é submetida, que procuro me manter afastada. O que, claro, não é possível. Discussões sobre política são das poucas coisas que me tiram do sério.

TM: “O otimista é um pessimista desinformado”?

Lívia: (risos) Muito bom. Mas não concordo com a sentença. Primeiro porque considero “egoísmo” o antônimo de otimismo. O dito pessimista, que põe defeito em tudo e não se vê responsável por nada – o culpado é sempre o outro – é um ser pesado, que empaca não só a própria vida, mas também a vida das pessoas que o cercam. Um egoísta! Por outro lado, não há como ser otimista 24 horas: há impasses, preocupações, contas a pagar, detalhes que tiram nosso sono. Desconfio de tudo o que é extremado. Não dá para ser só a hiena Hardy (aquela do desenho animado “Lippy e Hardy”, que vivia se lamentando: “Ó vida, ó céus, ó azar”) nem bobo alegre. O ideal é ser realista. Com esperança, sempre, porque viver é muito bom.

TM: Quais seus projetos atuais?

Lívia: Venho trabalhando, com os professores do mestrado da Uniara, em uma reforma gráfica e editorial das publicações científicas da instituição. O projeto é bem bacana e já entrou nos trilhos. Portanto, é hora de fazer mais. Como meu trabalho é nos bastidores – lapido o que foi feito e dou forma –, sinto falta da comunicação direta entre mim e o leitor. Acho que é o momento de voltar para as letras.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Entrevista: Dom Wilson Luís




 


Entrevistamos Dom Wilson Luís Angotti Filho, o primeiro taquaritinguense ordenado BISPO DA IGREJA CATÓLICA. Filho do advogado Wilson Angotti e da professora Iracy, é irmão do Rogério, da Maristela, da Viviane e da Fabiana. Tornou-se padre em 1982. Fez estudos de pós-graduação em Roma. Em maio de 2011, com 53 anos, foi designado pelo papa Bento 16 bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte. Ultimamente, atuava como assessor da Comissão Episcopal para a Doutrina e Fé, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília, e como membro do Instituto Nacional de Pastoral.



Wilsinho, como é chamado pelos amigos de infância e familiares, faz parte da nova geração de religiosos católicos, dedicado a cultivar a espiritualidade dos fiéis e sensível às questões ecológicas, ao desenvolvimento social, às relações de trabalho, ao combate à miséria etc. Por ocasião de sua vinda à Taquaritinga, para receber a ordenação episcopal, em 1.o de julho, concedeu-nos essa entrevista especial.


Tendência Municipal: O que o levou a seguir a vida religiosa?

Dom Wilson Luís Angotti Filho: Acredito que tal opção seja fortemente influenciada pela educação cristã e a vivência religiosa da família, como também meu engajamento na comunidade paroquial, sobretudo em grupo de jovens.

TM: Como enfrentar o desafio de valorizar a espiritualidade diante da sociedade de consumo, que se mostra cada vez mais materialista?

Dom Wilson Luís: Observando os países mais desenvolvidos – e mais materialistas – constatamos que o vazio existencial, a depressão e o número de suicídios é muito grande, sobretudo entre os jovens. O ser humano é, por natureza, disposto a Deus. Quem a Ele se fecha frustra uma dimensão importante de seu ser ou acaba por preencher esse lugar com outras crenças que não nos podem realizar plenamente. A melhor maneira de enfrentar isso é o testemunho daqueles que vivem a fé.

TM: Como o senhor vê o avanço das seitas neopentecostais (evangélicas), principalmente no Brasil?

Dom Wilson Luís: Creio que outras expressões religiosas vão ocupando espaço que a Igreja não atendeu suficientemente. Tal avanço, hoje já menos intenso, questiona profundamente nosso trabalho de evangelização, sobretudo nas periferias das grandes cidades.

TM: A Igreja Católica, no Brasil, manteve, por anos, estreitos vínculos com os movimentos sociais. Em sua opinião, a Igreja deveria se aproximar ou se afastar da política? Que diretrizes são apontadas pelo papa Bento 16 em relação ao assunto?

Dom Wilson Luís: A Igreja atua junto aos seres humanos, este é o seu ambiente. Tudo o que se relaciona à pessoa humana é área de atuação da Igreja. Fundamento disso é a própria encarnação do Filho de Deus, que assumiu a humanidade com tudo o que lhe é próprio. Eximir-se de atuar em uma ou outra área é relegá-la a não conhecer e não considerar os valores propostos pelo evangelho. O papa Bento XVI lembra que cabe aos cristãos, a exemplo do fermento, transformar as realidades sociais. Nesse sentido, a política é um meio privilegiado de ação. Aos ministros ordenados (diáconos, padres e bispos), porém, não cabe a política partidária.

TM: A crise gerada pelas acusações de pedofilia contra padres e religiosos católicos está superada?

Dom Wilson Luís: Esse não é um mal próprio da Igreja, como, talvez, setores da imprensa tenham pretendido configurar. É um mal da sociedade que, exaltando o prazer e o sexo, acaba vitimada pelo próprio mal que promove. A Igreja, como parte desse corpo social, também se ressente com tal problema, que causa estupefação por vir de onde não se espera. Entretanto, é bom lembrar que a pedofilia tem sua incidência predominante em ambiente familiar.

TM: Qual será sua função como bispo auxiliar de Belo Horizonte?

Dom Wilson Luís: Minha função é estar a serviço daquela igreja, dividindo as responsabilidades com o Arcebispo e os outros dois bispos auxiliares, que ali ora atuam. Nas grandes metrópoles é necessário que as atividades concernentes a um arcebispo sejam divididas com outros bispos auxiliares para implemento e dinamismo dos trabalhos pastorais. A Arquidiocese de Belo Horizonte conta com aproximadamente cinco milhões de habitantes; são mais de seiscentos padres e 265 paróquias; além de uma universidade católica com aproximadamente 64 mil alunos. Isso exige que o trabalho seja compartilhado.

TM: Há um particular no lema adotado para seu ministério episcopal. Explique-nos essa escolha.

Dom Wilson Luís: Eu assumi como lema de meu episcopado a expressão latina “Cor Unum”, utilizada pelo Cônego Lourenço Cavallini (padre que me batizou) para compor o brasão e o hino de Taquaritinga. Esta expressão bíblica significa “um só coração”. Ela é tomada dos Atos dos Apóstolos (4,32) e pretende ser uma afetuosa homenagem ao Cônego e à minha cidade natal.


BRASÃO DE ARMAS DO BISPO DOM WILSON LUÍS

Todo bispo tem um brasão episcopal próprio.
O chapéu simboliza Jesus Cristo, cabeça da Igreja; as doze borlas pendentes, em cor verde, simbolizam os doze apóstolos.
A cruz pastoral dourada, abaixo do chapéu, recorda que o ministério do bispo está em continuidade com o de Cristo.
O fundo do Escudo, na cor azul, invoca o infinito e o próprio Deus.
A flor de liz, no campo superior esquerdo, é referência à Nossa Senhora (N.S.a do Carmo é padroeira da Diocese de Jaboticabal, da qual Dom Wilson é oriundo; N.S.a da Boa Viagem é padroeira da Igreja Metropolitana de Belo Horizonte, onde inicia sua missão).
O lírio logo abaixo recorda São José, guardião da Sagrada Família e patrono de toda a Igreja.
O coração é referência ao Sagrado Coração de Jesus (em cuja celebração litúrgica deu-se sua ordenação) e também à caridade pastoral.
A cruz dourada, que perpassa todo o brasão, simboliza o trono glorioso de Cristo e sua redenção, e, ao apontar aos quatro pontos cardeais, recorda a universalidade da missão da Igreja.
As doze chamas dispostas de alto a baixo recordam-nos que a força vem do alto e remete aos doze apóstolos, dos quais os bispos são sucessores.
O listel prateado traz a inscrição “Cor Unum”, lema adotado em afetuosa homenagem à Taquaritinga.
O conjunto todo expressa a ideia de Igreja em comunhão.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Entrevista: Augusto Sabbatini




 


Nossa entrevista é com Augusto Sabbatini. Taquaritinguense, 47 anos, pai da jovem Nathalia, é um dos mais renomados profissionais do voleibol do Brasil. Nos anos 1990, foi assistente técnico das equipes do CAT-Voleibol, Sollo-Tietê e Recreativa de Ribeirão Preto. Construiu uma prodigiosa CARREIRA INTERNACIONAL, primeiro como treinador da equipe do Al Arabi Club do Qatar (2004/2005), depois como comandante das seleções masculinas da Índia (2006), Trinidad e Tobago (2007/2008) e Paquistão (2009/2010) – antes deste compromisso, retornou à Taquaritinga (início de 2009), sendo nomeado DIRETOR MUNICIPAL DE ESPORTES, cargo que ocupou por poucos meses.



Em 2011, prestou consultoria técnica para a seleção masculina do Vietnã, a serviço da Federação Internacional de Voleibol (FIVB), e acaba de assinar contrato com o Al Arabi Club do Kuwait, o mais importante do país, com a responsabilidade de dirigir a equipe principal e organizar o departamento de voleibol. Augusto conviveu com mestres do vôlei, como os consagrados técnicos Bebeto de Freitas, Brunoro, José Roberto Guimarães e Bernardinho. Sonha, um dia, voltar à terra natal para revelar talentos e, sobretudo, ajudar a formar cidadãos e cidadãs de bem. Exemplo de força de vontade, profissionalismo e amor ao esporte. De férias em Taquaritinga, concedeu-nos esta entrevista.


Tendência Municipal: Faça um resumo de sua vitoriosa trajetória no voleibol.

Augusto Sabbatini: Eu tive um professor de Educação Física, Francisco Gomes da Silva, o Seo Chico (quanta saudade!), que amava sua profissão e trouxe o vôlei para minha vida. No início, tive muita dificuldade com a coordenação motora; depois de muitos treinos, me adaptei e logo me apaixonei pelo voleibol. Graças ao professor Chico, comecei a jogar na escola, fui para equipes de base de Taquaritinga e passei a sonhar em ser atleta profissional. Joguei em algumas equipes em São Paulo, mas percebi que meu futuro seria como treinador. Queria ser um treinador do mundo! Em 1991, aos 26 anos, iniciei minha carreira de técnico. Simplesmente, eu adoro o vôlei, o esporte está dentro da minha mente, de minha alma!

TM: O Brasil, “país do futebol”, se tornou potência no vôlei, masculino e feminino, na quadra e na areia. A que você atribui essa espetacular evolução?

Augusto: A ascensão do voleibol brasileiro teve a contribuição de dois personagens: Carlos Arthur Nuzman, como dirigente e precursor do processo de profissionalização do vôlei no Brasil; e Bebeto de Freitas, como treinador. Sob o comando do Bebeto, a seleção brasileira jamais deixou de fazer parte da elite do voleibol mundial. Era um tremendo estrategista, não só nas questões táticas, de armar o time dentro da quadra, como em um item fundamental: o planejamento, que não era muito valorizado até então. Bebeto foi o homem certo para participar desse processo modernizador, tinha talento, conhecimento e sensibilidade para, mais do que viver o grande momento, ajudar a construí-lo. Armou uma seleção competitiva e, ao mesmo tempo, bonita de se ver jogar. Com a televisão transmitindo os jogos, ao vivo, para todo País, o público foi se chegando, familiarizando-se, torcendo, passando a acreditar no sucesso do Brasil diante das grandes potências mundiais do vôlei.

TM: Você conseguiu um feito notável do ponto de vista das relações internacionais: comandou as seleções da Índia e do Paquistão, países rivais, que travaram três guerras nas últimas décadas e que ainda mantêm uma relação muito tensa. Como lidou com essa peculiar situação?

Augusto: Foi uma experiência não muito agradável quando estive no lado indiano. Nos Jogos Sul Asiáticos, disputados no Sri Lanka em 2006, a cobrança era muito grande por parte da imprensa, coisa do tipo: “poderíamos perder para qualquer país, menos para o Paquistão!” Na época, sob muita pressão, enfrentamos a seleção do Paquistão na semifinal e vencemos por 3 sets a 0, tirando-a das finais, o que custou o cargo do treinador do time paquistanês. E fomos campeões, numa final contra o Sri Lanka. Já no Paquistão, em 2009/2010, não se via tanto essa rivalidade, acredito que pelo fato dos dirigentes locais terem uma idéia mais clara, distinguir que o esporte não pode se submeter à política. Sendo assim, no Paquistão, foi bem tranquilo.

TM: Você residiu em países de culturas, religiões e hábitos muito diferentes. Passou por nações muçulmanas, hindu, budista; transitou pelo Oriente Médio, Ásia e Caribe. Que lição tirou desse convívio heterogêneo?

Augusto: Não foi bem uma lição, e sim a confirmação, a certeza, de tudo que meus pais me ensinaram: somos todos iguais nesse mundo, independente da cor, raça, cultura, religião, nacionalidade, hábitos. Onde houver respeito, não haverá diferença!

TM: A vinda dos maiores eventos esportivos, a Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas (2016), colocou o Brasil em evidência. Em Taquaritinga, o assunto também ganhou relevância com os Jogos Regionais. Como aproveitar esse bom momento para impulsionar o esporte no País e na cidade?

Augusto: Eu gostaria muito de estar errado, mas, infelizmente, o esporte no Brasil, hoje, não sobrevive mais pelos órgãos públicos. Se não houver ajuda financeira de empresas privadas (patrocínios) é praticamente impossível manter equipes de alto nível. Tivemos experiências recentes, como o Pan do Rio de Janeiro, em 2007, que, depois de tudo construído, muito se perdeu por falta de manutenção das praças, não mais usadas depois dos jogos. Estou muito feliz por Taquaritinga sediar os Jogos Regionais de 2011. Infelizmente (de novo!), não acho que o evento venha impulsionar o esporte em nossa cidade. A não ser que se mude toda a política para o setor, que o esporte seja priorizado, com a valorização dos profissionais de Educação Física e o aumento de funcionários para a manutenção diária das praças construídas. Se for assim, o esporte, em Taquaritinga e no Brasil, terá condições de revelar novos atletas, em várias modalidades. Fica a dica.

TM: Você reside no exterior há muitos anos. Como analisa a opinião que os estrangeiros têm do Brasil atual?

Augusto: O Brasil, lá fora, era um antes de Lula e outro depois de Lula. Antes, só se falava do Brasil no que diz respeito à “mulher brasileira, ao carnaval e ao futebol”; depois, com Lula, o Brasil ficou muito mais bem visto – e respeitado – pelo seu crescimento econômico, social e de outros seguimentos. Nosso País estreitou relações que até então eram distantes. Percebo que, hoje, o Brasil é respeitado de modo geral.

TM: Por fim, uma última pergunta: Taquaritinga tem jeito?

Augusto: Tenho paixão pelo que faço e acredito que é possível fazer acontecer. Sou fiel ao que sempre achei do voleibol, do esporte em geral, da vida: a vitória não é mais importante do que a certeza de termos feito todo o esforço para conquistá-la. Penso que não só Taquaritinga, mas o Brasil, têm jeito, sim! Para bom entendedor, poucas palavras bastam... No meu entender, há outro fator, muito importante, que fez do voleibol brasileiro o melhor do mundo, e deve servir de exemplo: quando o Nuzman deixou a presidência da CBV [Confederação Brasileira de Voleibol] para assumir o COB [Comitê Olímpico Brasileiro], Ary Graça assumiu a CBV e não mudou a política nem a forma de se administrar, pois não tem porque mudar o que está dando certo. Fica mais uma dica...

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Entrevista: Márcia Zucchi Libanore




 


Entrevistamos a PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL Márcia Zucchi Libanore. Advogada, casada com o Nei Libanore, mãe do Daniel e da Mariana e avó da pequena Cecília (filha da Mariana e do Pedro Calil). Bonita, inteligente, é reconhecidamente uma atuante e aguerrida vereadora, além de bem sucedida profissional da advocacia. Ingressou na política ainda na juventude, quando ajudou a fundar o diretório municipal do Partido dos Trabalhadores (PT) nos anos 1980. Depois, passou por PMDB, PPS e está no DEM, partido do prefeito Paulo Delgado. É, hoje, uma das principais lideranças da cidade – e possível candidata à prefeita em 2012. Falamos das mulheres na política e das políticas para as mulheres; da presidenta Dilma; de sua possível saída do DEM e de seus projetos para Taquaritinga.


Tendência Municipal: Antes de você, somente quatro mulheres foram vereadoras, Widad Eid, Neide Salvagni, Celinha Gabriel e a saudosa Marilda Peria. E só uma (Widad) chegou a presidente da Câmara. Qual é o seu “segredo” para se destacar na política local, um “território” amplamente dominado por homens?

Márcia Zucchi Libanore: Nós tivemos também como vereadora, além destas, a Margarida da CECAP, que entrou por um período curto como suplente, mas assumiu, efetivamente, o cargo. Penso que o segredo para nos destacarmos em um território absolutamente dominado por homens foi o espaço conquistado por estas vereadoras pioneiras, que atuaram em uma época quando era muito mais difícil uma mulher se eleger. A professora Widad, a primeira mulher eleita presidente da Câmara de Taquaritinga, mostrou muita determinação na condução dos trabalhos, o que permitiu que, hoje, eu também pudesse conquistar a presidência. Ela e todas as outras vereadoras sempre se destacaram pela competência, seriedade e honestidade no trato da coisa pública, o que facilitou muito para mim e para todas que virão. O segredo foi a credibilidade do trabalho desenvolvido por cada uma delas – e que eu procuro ter como exemplo.

TM: É verdade que você pretende trocar o DEM pelo PMDB? Não teme que o partido peça sua vaga na Câmara Municipal?

Márcia: Bem, eu ainda continuo filiada ao DEM. E acredito que, caso venha a mudar de legenda, o DEM, por ser um partido democrático, acatará essa decisão.

TM: É consenso que as mulheres estão em “alta” na política, principalmente depois da eleição da presidenta Dilma Rousseff. Isso pode ajudar sua pré-candidatura à prefeita para 2012?

Márcia: A eleição da Presidente Dilma Rousseff mostrou que as mulheres podem aspirar a qualquer cargo. Mais ainda, a condução que ela tem dado ao País mostra que as mulheres são confiáveis, firmes em sua conduta, e têm uma visão mais voltada ao ser humano. Assim, acredito que a eleição da Presidente Dilma ajudará a todas as mulheres que queiram se candidatar, não apenas ao cargo majoritário, mas ao cargo de vereadora também. Acredito, ainda, que ela serve de inspiração para que mais e mais mulheres decidam seguir a vida pública, que as encorajam para enfrentar os desafios de uma campanha na buscar do bem comum.

TM: Você é a favor de se elaborar políticas específicas para as mulheres no nível municipal?

Márcia: Com certeza. Entre outros, destaco um serviço de atendimento à mulher vítima de violência, com atendimento psicológico, orientação jurídica, entre outros. Penso na criação de uma “Casa Abrigo” para acolhê-la e a seus filhos que estejam sofrendo ameaças, visando sua proteção e valorização. Penso, também, na criação de um centro de referência da mulher, onde o atendimento a sua saúde, a seus direitos, à orientação para a inclusão no mercado de trabalho, entre outros tipos de auxílios, sejam dados de forma prioritária e dirigida.

TM: Quais seus principais projetos para a cidade, caso se confirme sua candidatura à prefeita? Pretende firmar coligações e com quais partidos?

Márcia: Caso se confirme minha candidatura à prefeita, as coligações acontecerão, com certeza, especialmente com partidos que partilhem da mesma linha de pensamento e possam ter, juntos, os mesmos objetivos para o desenvolvimento da cidade como um todo. De uma forma geral, acredito ser muito importante priorizar a saúde, educação, esportes e cultura, sem se esquecer do meio ambiente. Ter atenção específica ao idoso, às crianças e às pessoas carentes. Trazer empregos e segurança. Enfim, são muitos os sonhos de realização. É grande a vontade de ver uma Taquaritinga com igualdade de oportunidades para todos. Meu principal projeto??? É ver cada taquaritinguense feliz, com qualidade de vida, com muito trabalho e igualdade de atendimento.