sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Roberto Ogasawara

  O advogado Roberto Yoshikazu Ogasawara nasceu em Taquaritinga, tem 42 anos, é casado com Rosana, pai da Cíntia e da Roberta. Formado em Direito pelo Centro Universitário de Araraquara (UNIARA), foi eleito presidente da 75.ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Taquaritinga, da qual era Diretor-Tesoureiro desde 2007, tendo focado sua gestão na austeridade financeira e na transparência fiscal. Em 2012, por ocasião das licenças do então presidente Eduardo Moutinho e do vice Luisinho Bassoli, ocupou, interinamente, a presidência da Subseção. Membro da Loja Maçônica Líbero Badaró, presidiu a tradicional associação nipônica Kai Kan.
É conhecido pela cordialidade e amabilidade na vida privada, e pela competência e lisura na carreira profissional – não perde a calma nem mesmo quando o assunto é a crise no seu Palmeiras... Passamos a conhecer melhor o advogado Roberto Ogasawara, que estará à frente da Subseção taquaritinguense de uma das mais importantes entidades de classe do País, a OAB.


Tendência Municipal: Faça-nos um resumo de sua gestão como Diretor-Tesoureiro da OAB de Taquaritinga.

Roberto Ogasawara: Durante os últimos seis anos, exerci o cargo de Tesoureiro e, a exemplo dos demais diretores, iniciamos nossa gestão ainda muito jovens, mas convictos de que faríamos uma administração eficiente. Particularmente, na Tesouraria, minha atuação era limitada, já que atrelada aos parcos recursos obtidos através das cópias reprográficas (única fonte de receita da Subseção). Busquei, então, ter participação direta no cotidiano da Subseção e vivenciei cada momento (bom ou ruim), me inteirando da responsabilidade para com os destinos da Advocacia taquaritinguense, com a consciência de que integrava um verdadeiro grupo e que poderia contribuir com a gestão.Sinto-me orgulhoso em fazer parte das relevantes conquistas que muito favoreceram e auxiliaram os Advogados no exercício profissional, destacando alguns pontos que nortearam nosso trajeto e que foram fundamentais para que chegássemos a um índice de aprovação no SGQ – Sistema de Gestão da Qualidade (ISO 9001) superior a 91%, contribuindo positivamente no melhor posicionamento das Subseções de médio porte. Isso graças ao funcionamento exemplar da Comissão de Assistência Judiciária, à independência e autonomia de todas as Comissões e o estabelecimento, e consequente cumprimento de metas, por parte de nossos colaboradores (funcionários). Congratulo-me com os demais diretores pela conquista e instalação da ESA [Escola Superior de Advocacia]; pela reativação da Casa do Advogado [do bairro Talavasso], onde climatizamos o auditório, ativamos a praça de esportes, instalamos a triagem do Convênio da Assistência Judiciária e o funcionamento da Comissão de Ética e Disciplina. Valorizo, também, a constante renovação e atualização de nossas instalações e equipamentos; e, por fim, sinto-me realizado por ter participado da instalação do Anexo Fiscal e do Juizado Especial e da 3.ª Vara (que passou de sonho a realidade).

TM: Por que decidiu se candidatar a presidente da Ordem e como se deu a composição de sua chapa?

Roberto: Relacionei acima algumas conquistas, mas não eram suficientes para que me sentisse totalmente satisfeito. Em razão da experiência que adquiri nesses anos de atuação em nossa entidade, na qual imperou a ordem e a harmonia em sua diretoria, tinha convicção de que estava bem preparado para dirigir os destinos da Advocacia taquaritinguense, pois conhecia os problemas da classe e as complexas engrenagens da OAB/SP. Dirigir a nossa OAB nos dias atuais demanda experiência, conhecimento, equilíbrio, sensibilidade. Escolhido dentre meus pares, que viam em mim essas virtudes, não pude recusar a missão de suceder ao atual presidente. Foi um gesto de gratidão que procurei dar ao presidente Eduardo Moutinho, a retribuição pelo prazer de desfrutar de sua amizade e companheirismo ao longo dessa jornada, que termina coroada de êxito. Tive total liberdade para compor a chapa para a disputa eleitoral. Nesse contexto, escolhi com muita propriedade e acerto todos os companheiros. Destaco, inicialmente, o Dr. Fabio Baron e a Dra. Fabiana Vasquez, o primeiro por seu trabalho realizado na atual gestão como membro atuante da Comissão de Prerrogativas, a defender inúmeros colegas que se viram envolvidos injustamente em investigações ou ações penais. Já a Dra. Fabiana, chamou-me a atenção o fato de questionar seus direitos, sempre com educação, serenidade e firmeza – asseverei que ela era muito importante para os embates com as autoridades que ainda ousam desrespeitar Advogados e Advogadas. A Dra. Fabiana compreendeu a importância de fazer parte do grupo, tem o perfil de líder, e aglutinou muitas Advogadas ao seu redor, que se conscientizaram de ter a retaguarda de uma direção nos embates do cotidiano forense. Quanto aos nossos outros dois integrantes, Dra. Viviane Vieira e Dr. Valdir Tiezi, destaco na juventude deles a força maior para uma renovação – e não me decepcionei, ao contrário, fiquei maravilhado com seus empenhos na militância de nossa chapa e os apoios que trouxeram, desde os mais jovens advogados até as grandes lideranças da advocacia. Sabia que essa não seria a eleição de um só candidato ou de uma chapa de cinco nomes, mas de muitos Advogados que compõem um grupo que vem trabalhando em prol da Ordem há seis anos, para que não se percam os avanços que foram alcançados e para garantir aqueles que ainda virão.Portanto, em nossa chapa, vencedora, todos estão habilitados a prosseguir com o excelente trabalho que foi realizado até aqui e, doravante, dar um salto no sentido de evoluir para uma OAB ainda melhor.

TM: Quais são seus projetos para a OAB?

Roberto: Mais que um simples projeto, enxergo a necessária elevação de Entrância de nossa Comarca, de Inicial para Intermediária, como condição vital para a continuidade dos serviços forenses e maior celeridade na entrega da prestação jurisdicional. Daremos continuidade ao trabalho desenvolvido pela atual gestão, servindo-nos da receptividade junto à Secional, fortalecendo a nossa OAB, que deverá caminhar independente, prestando bons serviços aos Advogados; pela manutenção da ESA e aprimoramento dos advogados através de seus cursos de extensão, aperfeiçoamento e especialização; o fortalecimento do Espaço CAASP; a melhoria constante de nossos equipamentos/instalações. Quanto ao eventual desprestígio propalado por alguns de nossa classe nos últimos tempos, vamos combatê-lo com uma Ordem presente e solidária, não apenas com a Advocacia enquanto Instituição, mas com cada Advogado. Posso assegurar que estarei à frente de uma nova Ordem que, pelo trabalho realizado, foi reconduzida ao papel ativo e presente no processo democrático e na luta pelo Direito, tal como ocorreu nos anos soturnos da ditadura. Farei esforços para que o brilho da Instituição esteja sempre à frente dos inevitáveis desejos humanos movidos pela vaidade.Prestigiaremos e daremos total liberdade às Comissões, a exemplo da atual diretoria, com destaque, também, ao bom funcionamento das comissões de Ética e Disciplina e de Esportes, nas quais nos espelharemos para dar maior visibilidade às Comissões do Jovem Advogado e da “OAB vai à escola”, para o contato direto com o colega em início de carreira e a adoção de medidas que possam facilitar o exercício profissional do iniciante. Também vejo a necessidade de otimizarmos as Comissões de Seguridade Social, Cultura e Eventos e da Mulher Advogada.

TM: Esse ano, as eleições da classe coincidiram com as municipais. O que espera do novo prefeito e como deve ser a relação da OAB com os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário?

Roberto: Tenho afirmado, categoricamente, que Taquaritinga tem jeito! Basta nos unirmos e, transitado em julgado o processo eleitoral, torcer para que o governo do prefeito Dr. Fúlvio Zuppani seja o melhor possível. E que nossa Subseção seja um referencial, pois todos que por aqui passaram tiveram sabedoria para governar para todos e superar os ânimos acirrados de campanha. Portanto, desejo que o Dr. Fúlvio tenha consciência que os desafios enormes que estão pela frente sejam enfrentados com firmeza, criatividade e bom senso. De minha parte, faço um pedido singelo, que espero esteja em sua pauta, pelo período de sua gestão, transcrevendo o que disse Adrian Rogers: “O governo não pode dar para alguém aquilo que tira de outro alguém. Quando metade da população entende a ideia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação. É impossível multiplicar riqueza dividindo-a”. Como presidente da OAB, terei uma interlocução permanente com o Poder Judiciário, com urbanidade e, em especial, com independência, para a agilização dos processos e aprimoramento dos serviços prestados ao jurisdicionado. Farei também gestão junto aos Poderes Executivo e Legislativo, da esfera municipal até a federal, para aprovação de projetos de interesse da Advocacia e da cidadania, lutando pela efetiva instalação da 4.ª vara (já criada), pela contratação de funcionários e pela elevação de Entrância.

TM: E com o Ministério Público?

Roberto: A relação com o MP sempre foi pautada pela cordialidade, já que por aqui passaram excelentes profissionais, que deixaram saudades. Ultimamente, vivenciamos acontecimentos desagradáveis que, infelizmente, eclodiram por ocasião da readaptação do espaço do Fórum para abrigar a 3.ª Vara. Não sou adepto do “revanchismo” e tampouco acho que seria justo atacar tão nobre Instituição por conta de episódios já superados, mas a realidade que todos enxergamos é a necessidade da desocupação do prédio do Fórum pelo Ministério Público que, a exemplo de outras tantas comarcas, deverá se instalar em espaço próprio.

TM: Pra encerrar, e o Palmeiras, heim?

Roberto: Sem dinheiro e com a diretoria que tem... Mesmo assim, sou otimista: em 2013, seremos campeões Paulista, da Libertadores, Bi da 2.ª Divisão do Brasileirão e do Mundial Interclubes!!! (risos).

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Dimas Ramalho

  O entrevistado desta edição é o Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, Dimas Eduardo Ramalho. Taquaritinguense, filho do saudoso Doutor Horácio Ramalho (célebre advogado, professor e político) e da Professora Jerssey De Paula Ferreira Ramalho. Casado com a Andrea, pai do Horácio Neto e do Marcelo. Talentoso jogador de futebol e atleta profissional do CAT, na juventude foi líder estudantil, presidente do LEMA (Liga Estudantina Machado de Assis) na Escola Nove de Julho. Na Faculdade de Direito do Largo São Francisco da USP, presidiu o Centro Acadêmico 11 de Agosto e lutou pela Redemocratização e Anistia no Brasil. Após a universidade, ingressou por concurso público na carreira de Promotor de Justiça do Ministério Público de São Paulo. Professor titular da cadeira de Direito no Centro Universitário de Araraquara (UNIARA), foi vice-presidente da Nossa Caixa, Secretário de Estado da Habitação, e Secretário de Serviços de São Paulo. Em 1990, pelo PMDB, estreou na carreira política e dois anos depois, em 1992, assumiu seu primeiro mandato, como deputado estadual na Assembleia Legislativa e depois foi reeleito por duas vezes.
Pelo PPS, foi eleito deputado federal, em 2002, e reeleito para a Câmara dos Deputados nos anos de 2006 e 2010. Em 2012, foi eleito por unanimidade pela Assembleia Legislativa, para exercer o cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) de São Paulo.


Tendência Municipal: Você começou no movimento estudantil em Taquaritinga, na Escola Nove de Julho, e, mais tarde, na Faculdade de Direito. Faça-nos um resumo dessa época.

Tive uma grande formação política em toda minha vida. Meu pai sempre discutiu muita política em casa. Quando garoto, eu acompanhava as eleições e todos os movimentos da política municipal. Tenho registros de eu estar participando de comícios em Taquaritinga, da altura da guarda da carroceria de caminhões. Desde pequeno eu me interessei muito pela leitura. Meu pai era uma pessoa intelectual e me influenciou profundamente. Li tudo o que podia ser lido em Taquaritinga. Era uma alegria cada vez que chegava o Pasquim, a Realidade, vários textos que trocávamos e acompanhávamos. Foi uma formação muito importante. Estudei minha vida toda em escola pública e em Taquaritinga era o Nove de Julho. A formação que tive se deve basicamente a duas coisas importantes, a duas janelas culturais que havia em Taquaritinga: a escola pública, que me ensinava português, literatura, história, geografia e exatas; e as notícias que os professores nos informavam. Tinha ainda o cinema, que era outra janela, e que trazia para a cidade o mundo, as histórias, o Canal 100 e outros. O Nove de Julho sempre foi um palco importante de debates. Lá fui presidente da Liga Estudantina Machado de Assis (LEMA), que organizava apresentações de música, teatro, jornais e eventos culturais de um modo geral. A organização estudantil sempre foi uma característica de Taquaritinga. Primeiro foi AAT, depois UTE, e depois ATE. Era uma associação que unia os universitários e também chegou a reunir os secundaristas – os estudantes do colegial. Posteriormente saí de Taquaritinga para estudar. Fui para São Paulo e fiz cursinho junto com diversos colegas aqui da cidade. Ingressei na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, local onde meu pai havia estudado. Ali foi uma escola profunda de política. Fui representante de classe, presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto, e representante da Congregação dos Alunos. Esse período coincidiu com uma transição entre uma Ditadura Militar e a retomada da Democracia. Presenciei fatos importantes e sabia que estava fazendo parte da história naquele momento. Participei do culto ecumênico em homenagem a memória de Vladimir Herzog, onde estavam presentes Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Helder Câmara, Henry Soebel, o Reverendo Wright, e muitos outros. Também estive nas manifestações contra a morte de Alexandre Vanucci Leme, estudante que hoje empresta seu nome ao Diretório Central dos Estudantes da USP e presenciei a leitura da ‘Carta aos Brasileiros’, pelo professor Goffredo da Silva Telles Júnior. Desde o começo de minha vida acadêmica, fiz parte dos Comitês pela Anistia. Protestei quando do falecimento do Manoel Fiel Filho e, em seguida, do Herzog. Sobretudo eu vi que a ditadura só cairia se nos tivéssemos uma posição forte de engajamento. Eu tinha certeza que a partir daquele momento o Brasil estava mudando.

TM: É verdade que tinha (ainda tem?) habilidade com a bola nos pés? Em que posição jogava? Chegou a pensar em ser atleta profissional? E, não podia deixar de perguntar, qual seu time do coração?

Eu sempre pratiquei muitos esportes. Até hoje, por conta da formação que tive, não fumo e nem bebo. Tínhamos um professor de Educação Física que influenciou gerações. Francisco, o professor Chico, sempre dizia: “Não pode beber. Não pode fumar”. Lembro que ele até cheirava a nossa boca antes de sair para viajar em jogos nas outras cidades. Também pratiquei muito futebol de salão, vôlei, basquete, atletismo, mas o futebol era o meu forte. Joguei em todas as equipes que você pode imaginar em Taquaritinga e, pela equipe da universidade, viajei o Brasil inteiro. Cheguei a jogar como profissional no Clube Atlético de Taquaritinga (CAT) – time do qual tive a honra de vestir a camisa em campo. Éramos uma equipe competitiva na época e tivemos boas performances. Até hoje muita gente que encontro em Taquaritinga me pergunta daquela época do CAT. Eu acho que esporte é fundamental e aprendi muito na minha vida participando do futebol, além de ter feito grandes amizades. Poderia ter sido atleta profissional, mas escolhi outros caminhos. Meu coração? É verde.

TM: Sua irmã, a saudosa Margarida Ramalho, foi uma importante combatente na resistência à ditadura militar. Fale-nos um pouco dessa história de luta.

Nós tivemos uma família muito politizada – líamos, discutíamos e falávamos sobre tudo. Meu pai era um democrata e nos ensinava a ler. Era uma pessoa que defendia o Estado Democrático de Direito e essa influência foi passada para todos os irmãos. Evidentemente que eu fui o que me lancei profundamente na política partidária. Minha irmã Margarida, que já faleceu, sempre teve uma postura também democrática – como todos os meus irmãos. Ela foi a responsável por trazer os restos mortais de um guerrilheiro de Taquaritinga que foi assassinado pelo regime militar: Francisco Penteado Filho, Chiquinho Penteado. Minha irmã foi uma das pessoas que foi atrás, localizou, conseguiu autorizações com a família e hoje, depois de muito trabalho, ele está em Taquaritinga. Infelizmente, nós havíamos marcado de fazer uma homenagem para resgatar que Chiquinho Penteado finalmente estaria descansando na sua terra, mas Margarida faleceu antes desse episódio. Eu registrei em Brasília, como deputado federal, a trajetória do Chiquinho, porque tanto ele, quanto outros taquaritinguenses combateram muito pela democracia. Nossa cidade foi muito marcada por prisões e perseguições e muita gente me perguntava o que tinha em Taquaritinga. Eu diria que Taquaritinga tinha uma vida cultural e política em ebulição. Isso marcou profundamente várias gerações.

TM: A política taquaritinguense é, digamos, peculiar: todos os partidos já foram aliados e adversários, conforme o momento e/ou a situação. Como participar desse processo sem fazer “inimigos”?

A política é nacional, evidentemente, mas é local também. Taquaritinga não foge dessa discussão. Hoje muitas pessoas que estão aliadas na cidade, foram adversárias ontem, ou serão amanhã, ou não serão mais. Isso ocorre porque ainda não há, infelizmente, uma definição absolutamente ideológica dos campos partidários. Há contradições em vários partidos, como há também situações de encontros de ideias e de avanços em alguns setores. Eu acho que não é só Taquaritinga que é peculiar. Em todos os municípios, os partidos já foram adversários e aliados, até porque a situação muda, a conjuntura muda. Os partidos que estiveram em campos opostos, hoje estão em campos de situação. E, amanhã, estarão novamente em campos opostos. Eu que fiz a política real, pela experiência de mais de 20 anos, como deputado federal e estadual, secretário de Estado, líder de partido, e alguém que presenciou todos os grandes momentos políticos dos últimos 25 anos, percebo que Taquaritinga não foge à regra. O importante é saber que o poder é transitório, se é que existe poder. Mas, o poder dado pelas urnas, que é o único que eu reconheço, é transitório, é fugaz. Você deve, ao assumir o poder, saber que existem minorias, pessoas que não votaram em você, e que elas devem ser respeitadas. Você fazer uma articulação entre o Executivo e o Legislativo, respeitando o Judiciário, é fundamental. Essa é a visão democrática: de respeitar quem perdeu e de quem perdeu respeitar quem ganhou. É preciso saber que oposição é importante para uma cidade, para ajudar e fiscalizar o Executivo, para cobrar e acompanhar a aprovação de projetos. Essa convivência eu acho importante. Mais que isso, é fundamental.

TM: Qual a função do Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado?

Um conselheiro do Tribunal de Contas fiscaliza todos os gastos públicos dos municípios e do Estado de São Paulo. Ele tem uma função extremamente importante. São sete conselheiros que fiscalizam e aprovam (ou não) as prestações de contas, fazem o controle externo da Assembleia Legislativa, do Poder Executivo e Judiciário, Ministério Público, e todos os órgãos, bem como das pessoas jurídicas que recebem recursos públicos. Além disso, estamos entrando em uma fase de controle da execução, com visita in loco dos contratos, evitando que se faça o mau gasto do dinheiro público. Para exercer esta função, ser um bom Conselheiro e cuidar do combate à corrupção, é fundamental ter a experiência que tenho. Votei a favor da Lei de Acesso à Informação e da Lei da Ficha Limpa e, em plenário, defendi o Voto Aberto no Congresso Nacional. Enfim, vejo que essa carga política que eu trouxe da minha vida, estou colocando em prática no Tribunal.

TM: Qual a sua expectativa para o governo do prefeito eleito Fúlvio Zupani?

O que espero do prefeito eleito Fúlvio Zupani? Eu espero e torço para que ela faça um bom governo. Ele já participou de governos anteriores, é de uma família tradicional na cidade, conhece os nossos problemas e fez uma campanha em que venceu – uma demonstração inequívoca da vontade de mudança que a população demonstrou. E isso deve ser respeitado. No que depender da minha sugestão e opinião, na forma da lei e dentro das limitações legais que o cargo que ocupo me impõe, eu estou à disposição – como sempre estive para colaborar com todas as administrações que o antecederam. Espero que consiga colocar em prática tudo o que prometeu em campanha e, sobretudo, que possa conviver democraticamente com as forças políticas da cidade, que em um determinado momento estão na situação e no momento seguinte na oposição, como já disse na pergunta anterior. Faço votos de que ele vá bem, que se transforme em um excelente prefeito, e que faça o melhor para a cidade.

TM: Para encerrar: cogita, algum dia, se candidatar a prefeito de Taquaritinga?

Eu, infelizmente, conforme falei outro dia, não me candidatei a prefeito de Taquaritinga. Eu cresci acompanhando as eleições de Taquaritinga a partir da minha casa, pelo meu pai. Evidentemente não posso nunca esquecer a influência que tive: o que via nos comícios do Dr. Adail Nunes da Silva, ‘o Negão’, que foi prefeito várias vezes, e de todos os prefeitos que, cada um a sua forma, fizeram o melhor para a cidade. Pensei, quando criança, em um dia ser candidato a prefeito, ganhar a eleição e fazer um bom governo para a cidade. Fui estudar fora, me formei, virei promotor de justiça, deputado estadual e deputado federal – e, agora, Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. Não pude continuar trabalhando na cidade, embora tenha tido sempre uma relação profunda com a cidade. Relação que continuo tendo até hoje. No futuro, quem sabe?