quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Gilberto Paulino – “Chicletão”

  Conversamos com Gilberto Paulino, o Chicletão. Funcionário Público municipal, um dos mais importantes militantes do MOVIMENTO NEGRO DE TAQUARITINGA, à frente da tradicional Associação João Malaia Maria, pioneira na valorização da cultura Afro-brasileira e no combate à discriminação racial no município. Inteligente, bem informado, obstinado. Sua principal característica, contudo, é a alegria – está sempre com um sorriso no rosto. Organizador da Semana da Consciência Negra, defende ser possível construir uma sociedade justa, na qual a cor da pele não seja motivo de desigualdade social. Falou de forma clara, direta – incisivo como se deve ser!


Tendência Municipal: O negro sofre discriminação na comunidade taquaritinguense?

Gilberto Paulino (Chicletão): A historiografia brasileira deixa bem claro que não existe exceção: a ideologia da “raça superior e inferior” perdurou por três séculos e meio – em Taquaritinga não é diferente. Hoje, o preconceito, a discriminação, o racismo, é peculiar!

TM: Como está a Associação João Malaia Maria?

Gilberto: A Associação Recreativa Cultural “João Malaia Maria” continua firme, atuante, prestando relevantes serviços em nossa cidade no combate à exclusão social e à discriminação racial há mais de dez anos!

TM: Qual sua opinião sobre o sistema de cotas raciais para as universidades públicas?

Gilberto: O sistema de cotas raciais para as universidades públicas é um projeto de combate à deformação da estrutura social da atualidade, com o objetivo de possibilitar maior inclusão de afro-descendentes ao ensino superior. Não se trata de uma reparação aos “requintes de crueldade” perpetrados contra os negros há séculos.

TM: Uma frase atribuída a Albert Einstein diz que “é mais fácil quebrar o átomo do que o preconceito”. Concorda com isso?

Gilberto: Infelizmente, o preconceito parece ser inerente aos seres humanos...

TM: O tema preconceito entrou, definitivamente, em pauta: no Brasil, há as cotas, o Dia da Consciência Negra, o ministério da Igualdade Racial,; no cenário internacional, a ascensão de Barack Obama. É possível dizer que estamos avançando?

Gilberto: Uma sociedade não muda pela ciência nem pela política. Cotas, Dia da Consciência Negra, o simbolismo do Obama, são importantes. Mas uma sociedade só muda pela cultura do povo que converge dos mesmos princípios e valores sociais.

Um comentário:

  1. Este um dos lutadores contra o preconceito,um homem que demonstra a sua cultura verdadeiramente conquistada através do esforço, da dedicação, mas acima de tudo da leitura. Gilberto Paulino, o meu amigo Chicletão, defende a Igualdade Racial como poucos, ainda mais em uma terra em que o preconceito é visível. Parabéns pela entrevista.

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