quarta-feira, 18 de maio de 2011

Entrevista: Nivaldo Carleto




 

Nossa entrevista é com Nivaldo Carleto, o Niba. Engenheiro Elétrico, é professor universitário do Ites, da Faculdade Anhanguera de Matão e da Fatec de Taquaritinga, onde também é Coordenador do Curso de Tecnologia em Produção Industrial. Aluno do ensino fundamental do Aníbal do Prado e Silva e do Nove de Julho, e do ensino médio do Colégio Dr. Aimone Salerno (atual Colégio Objetivo), destacou-se, primeiro, no esporte, tendo sido convocado, no final dos anos 1980, para a seleção paulista juvenil de basquete. Deixou as quadras para seguir uma brilhante carreira acadêmica, na qual evoluiu e se transformou num gabaritado intelectual, pós-graduado,


com mestrado no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares/Comissão Nacional de Energia Nuclear/Universidade de São Paulo (IPEN/CNEN/USP) e doutorado na Unesp de Araraquara. É um exemplo aos jovens de Taquaritinga – suas ideias claras e consistentes merecem atenção especial.


Tendência Municipal: Você se graduou por uma faculdade particular (Universidade de Marília – Unimar) e seguiu a pós-graduação (especialização, mestrado e doutorado) nas melhores universidades do País (UFSCar, USP e Unesp). Nos fale dessa trajetória de sucesso.

Nivaldo Carleto: Com o término da graduação, em 1996, em Engenharia Elétrica na Unimar, iniciei (mas não finalizei) o curso de Mestrado Stricto Sensu em Engenharia Elétrica da USP, na Área de Telecomunicações. Em 2000, ingresssei no curso de Especialização Lato Sensu em Engenharia de Produção na Unesp de Bauru. No ano seguinte, cursei outra Especialização Lato Sensu, na área de Sistemas de Informações Geográficas, também conhecida como Geoprocessamento, oferecida pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Em 2002, ingressei no curso de Mestrado Stricto Sensu no IPEN, localizado na USP da Capital. Nesta época, o Centro Tecnológico da Marinha (também localizado na USP) estava desenvolvendo um equipamento de alta energia (modulador) para operar o sistema de radar do porta-aviões São Paulo (NAe – A12), recém adquirido da França por meio do Governo Federal. Nesta ocasião, a Marinha estava necessitando de um aluno de mestrado com formação em engenharia elétrica e conhecimentos básicos em desenvolvimento de tecnologia. Fui selecionado para auxiliar na execução do projeto e, com isso, a oportunidade e o prazer de auxiliar o Brasil no desenvolvimento de pesquisa na área de radares, criando possibilidades reais de independência tecnológica frente à Europa e os EUA. Com o fim do mestrado, ingressei no doutorado na área de Educação (linha de pesquisa em Política, Gestão e Tecnologia Educacional) na Unesp de Araraquara, finalizando em 2009.

TD: Sua tese de mestrado versa sobre tecnologia. Como você analisa a situação da Ciência e Tecnologia no Brasil de hoje?

Niba: O MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia) vem desenvolvendo um trabalho interessante quanto ao investimento e capacitação de pessoal. Por exemplo, tanto a Marinha quanto a Aeronáutica vêm abrindo concursos, tendo em vista a importância e a necessitade de aumentar e qualificar seus efetivos. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgãos de fomento à pesquisa, também estão fazendo a sua parte, incentivados, sobretudo, pelo governo federal, o qual tem memorável parcela de comprometimento. Portanto, o Brasil não é mais aquele país totalmente dependente. É, sim, em tese, um produtor de ciência, pesquisa e de tecnologia, sendo muito respeitado tanto na Europa como nos EUA.

TM: Como doutor em Educação, que análise você faz do setor público, nos níveis infantil, fundamental, médio, técnico e superior?

Niba: O setor público não está acompanhando a evolução de nossas crianças e jovens. Mesmo investindo na capacitação de docentes para todos os níveis educacionais, o sistema de gestão ainda tem falhas, como, por exemplo, a forma como é conduzido o plano de carreira docente. No caso do ensino superior, os governantes devem estabelecer critérios para estimular os docentes em regime de 40 horas, reduzindo, com isso, a quantidade de horistas.

TM: Qual sua opinião sobre o sistema de cotas (raciais e socioeconômicas) para as universidades públicas?

Niba: O sistema de cotas é válido, sem dúvida nenhuma. Entretanto, a forma como é conduzido e distribuído, assim como a gestão deste sistema, deveria seguir um critério de modo que esses alunos chegassem mais preparados na universidade, uma vez que o índece de evasão nas universidades/faculdades é relativamente alto, quando comparado à minha época (1987). Entrar na Unesp, na Unicamp, na USP ou em qualquer universidade Federal não era tarefa fácil naquele tempo!

TM: De que modo uma administração municipal pode contribuir para o avanço nas questões de Ciência e Tecnologia e Educação?

Niba: Esta é uma questão muito mais abrangente do que imaginamos. Isto porque a administração municipal, isoladamente, não vai conseguir ao menos ingressar nesse contexto. O que precisamos é estreitar as relações políticas com o governo estadual e, sobretuto, com o governo federal, já que verba existe, o que infelizmente não temos é gestão e projetos inovadores, que podem envolver empresas e universidades. Precisamos, também, de projetos sociais que se preocupem, efetivamente, com a qualidade do ensino e da cultura. Neste sentido, docentes bem remunerados não garante, por muito tempo, um ensino de qualidade, tendo em vista que a motivação financeira logo acaba com o aumento de seus impulsos capitalistas. O que garante, definitivamente, é a certeza do prazer do trabalho ao próximo. Temos que agir localmente, sim, porém, pensar e elaborar estratégias globalmente. A visão sistêmica e holística deve estar sempre em pauta!

3 comentários:

  1. Grande entrevista! São pessoas assim que devem ocupar um cargo público. Pessoas preparadas e com forma simples de ajudar a comunidade. Essa entrevista prova que ainda existe pessoas capazes de trasnformar.

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  2. Poxa que legal,grande Niba,que experiência fantástica e quanta bagagem hem, gente de nossa terra.
    Meu professor e com certeza meu maior mentor desde a época de faculdade, professor dos que guardo dentro do coração eternamente, por ter total influência em minha vida acadêmica.
    Sucesso Niba!!!!
    Abraço!!!!

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  3. Muito boa entrevista! Adorei! Parabéns!

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