Nosso entrevistado desta edição é Manoel José Pires Neto. Nasceu em Jurupema, é Advogado e escritor, autor de 22 livros. Residiu em São Paulo e no Rio de Janeiro, trabalhou como jornalista free lancer para diversos veículos de comunicação. Publica, nos jornais de nossa cidade, suas sofisticadas crônicas, a transitar sobre as nuances do cotidiano de Taquaritinga, São Paulo e Rio, entremeando relações amorosas com observações políticas e sociais. Manoel participou da Feira do Livro de Ribeirão Preto – e está sempre a criar. É, também, um leitor voraz, aficionado por Literatura, que, para ele, é a mais nobre das capacidades humanas. A seguir, os pensamentos deste profícuo escritor taquaritinguense. |
Tendência Municipal: O escritor tem que ser, antes de tudo, um leitor?
Manoel J. Pires: Costumo dizer que ler e escrever são uma arte só. Quando uma pessoa se habitua à leitura ela se torna íntima da palavra, descobre a multiplicidade da palavra, os seus mistérios. Essa viagem do homem pelos caminhos da palavra é a experiência mais fascinante da vida. Só quem leu bastante tem consciência da força da palavra.
TM: Quais seus autores preferidos e como eles o influenciam?
Manoel: Dos autores brasileiros, gosto do romance regionalista. A formação cultural da minha geração foi “em cima” da literatura latino-americana. Para mim, o melhor escritor brasileiro é o Graciliano Ramos. Das “meninas”, é a Clarice Lispector. O melhor do mundo é o Gabriel Garcia Marquez. Gosto muito, também, de poesia: Drummond, Bandeira, entre outras figuras monumentais.
TM: Tendo em vista os grandes escritores “nativos”, como José Paulo Paes, Ivete Tannus, Dado Mendonça, Horácio Ramalho etc., é possível dizer que existe uma “literatura taquaritinguense”?
Manoel: Existe – e da melhor qualidade! Deveríamos organizar uma antologia desses escritores aqui da “casa”. E ainda: uma antologia para cada geração, pois temos literatura em quantidade e qualidade. Nenhuma cidade da região tem essa produção cultural.
TM: Como é seu processo criativo e quais suas fontes de inspiração?
Manoel: Não costumo falar em “processo criativo”. Escritores escrevem da mesma maneira que respiram. A palavra nasce, a frase nasce, como dizia Clarice Lispector. Fonte de inspiração é o elemento humano em relação com a vida, sempre. Eu escolho meus temas a partir daquilo que passa despercebido das pessoas. Gestos, palavras, gritos presos nos “recônditos da alma”. Uma mulher bonita, quando me entra pelos poros, merece sempre uma crônica...
TM: Fale-nos de sua mais recente obra, “Adeus Amor”. E está elaborando algum novo livro?
Manoel: No livro “Adeus, Amor”, chamei a atenção para a falta de sentimentos. Não foi uma despedida. Incrível como este livro repercutiu, não esperava tanto! Quanto à próxima publicação, “Sedução”, é um depoimento, não é ficção. Inicio nos anos 1970 e faço um traçado até hoje. Quem leu os originais disse que é um livro “forte”, que pode gerar polêmica. Acho ótimo! A cidade está precisando levar um choque de cidadania.
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