Nossa entrevista é com a cantora e compositora Ligia Constantini, a Ligia Morena. Taquaritinguense, filha do Benito Constantini e da Eva, sobrinha da professora de música Dona Catarina (a Titina), de quem herdou o talento musical. Lígia começou sua carreira como um ideal de vida nos anos 70. Obstinada, lançou-se no universo da música com paixão, ganhou vários festivais como cantora e compositora. Mudou-se para São Paulo, onde realizou grandes trabalhos, sempre com a personalidade artística que é sua característica. | |||
É uma daquelas vozes que a gente ouve e não esquece mais, vibrante e definida. Em “O Canto Moreno de Clara Nunes”, uma revisitação ao trabalho de Clara Nunes, percorreu São Paulo, interior e outros Estados durante um ano e meio, acumulando maturidade profissional. A cantora e compositora Luli assim a define: “Lígia é um passeio atemporal pelas raízes do cancioneiro popular”. Com vocês, Lígia Morena! (para saber mais: clique aqui) |
Tendência Municipal: Como a música entrou na sua vida?
Lígia Morena: A música entrou na minha vida aos 6 anos quando ouvi Nara Leão cantando A Banda, de Chico Buarque. Me apaixonei pela música e ela se fez parte de mim. A partir daí, nunca mais parei. Participei de vários festivais música na minha cidade Taquaritinga, trabalhei como cantora em conjuntos de baile e achei que era pouco, precisava crescer, fui atrás de novas oportunidades. Deixei minha cidade natal e fui para a Capital, onde me profissionalizei. Hoje, estou em meu segundo trabalho solo.
TM: Qual o seu estilo musical. Que tipo de música você compõe e gosta de interpretar?
Lígia: Meu estilo de música é a música popular brasileira, em seus vários estilos, mas sou pop, sou samba, sou raiz, sou MPB!
TM: Você acha viável para Taquaritinga um projeto de inclusão social, que tenha a música como principal agente?
Lígia: Com certeza! Como estou “dentro” da música, como educadora, percebi a importância de se criar oportunidades para talentos que, às vezes, estão ofuscados por uma realidade cruel, mas com muita necessidade de expressão e sede de conhecimento para poder se entregar, o que abrira os olhos para um futuro diferente. A música tem o poder de nos transportar, transformar, harmonizar. Acredito que Taquaritinga tenha muitos talentos escondidos à espera de ser descobertos!
TM: O que significa Taquaritinga para você?
Lígia: Taquaritinga é minha casa, minha família, onde tudo começou na minha vida. Fico feliz de ser recebida de braços abertos por minha cidade, que é maravilhosa, cidade que cresce em todos os aspectos, inclusive na arte e em sua musicalidade.
TM: Fale sobre o seu último trabalho e como podemos ouvi-lo?
Lígia: Me novo trabalho chama-se “A Cara do Brasil”, e nasceu da vontade de cantar as raízes da nossa cultura, em uma época onde a globalização em seu aspecto negativo nos leva a mergulhar no esquecimento da identidade cultural do nosso País. Então, esse trabalho resgata, através da música, parte desta cultura tão rica, de uma forma moderna e atual. É dividido em duas partes: a primeira é a valorização dos grupos indígenas como guardiões da nossa riqueza natural, raízes de nossa cultura nativa, a música cabocla e poética; a segunda parte do CD nos leva ao mundo das raízes africanas, tão presentes no nosso cotidiano. A mistura e fusão dessas duas etnias, africana e indígena, nos mostra realmente qual é a verdadeira Cara do Brasil. O maior objetivo deste trabalho é o resgate do orgulho da nossa identidade cultural, não poderia haver melhor meio para a realização desse objetivo do que usarmos a linguagem universal da Música.