quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Entrevista: Getúlio Enéas De Paula




 


O nosso entrevistado, Getúlio Enéas De Paula, nasceu em Tremembé/SP, passou a infância em Taubaté, mas é taquaritinguense de coração. Casado com a Iraídes há 50 anos, pai do Marco (Depa), da Patrícia e do Marcelo (Cecéu), avô da Bruna, Thiago, Gabriela, Larissa, Marcelinho e da Lívia. Atua no ramo de seguros há meio século, proprietário da mais tradicional corretora da cidade, Getúlio Seguros. Autodidata, tem uma história de vida única, construída com muito esforço e dedicação, sempre atento à ética e à solidariedade. Nos anos 1980, vivenciou uma experiência insólita ao viajar ao Líbano, em plena guerra civil.



Apaixonado pela vida, um exemplo de que é possível aliar sucesso profissional com dignidade pessoal. Bem humorado, amigo, leal, ótima companhia. Um homem de fé! Vale a pena ouvir (ler) o que ele tem a dizer.


Tendência Municipal: Conte-nos um pouco de sua história, sua infância em Taubaté e como – e por que – veio à Taquaritinga.

Getúlio De Paula: Nasci em Tremembé e não conheci meu pai, era época da Revolução de 1932. Ele sumiu, simplesmente desapareceu sem deixar rastro. Depois de completar o primeiro ciclo escolar, ingressei no curso de admissão, foi quando perdi minha mãe – tinha 12 anos e uma irmã de 18. Tive que trabalhar para continuar, fiz de tudo nessa vida: fui engraxate, carregador de mala na estação de trem, vendedor de coxinha na Central do Brasil, de Taubaté a Cruzeiro (na divisa com o Estado do Rio de Janeiro), cortador de lenha, ensacador de carvão. Com 15 anos, trabalhei em uma empresa têxtil e como ajudante de farmácia. Com 17, fui contratado pelo DER [Departamento de Estradas e Rodagem] – o salário atrasava até nove meses e todo pagamento tinha que passar procuração, sofrendo 20% de desconto. Daí, parti para uma empresa de transporte, rápido de frutas e verduras, fazia a rota SP-Rio – 400km de pista única. Voltei ao DER, o governo Jânio Quadros moralizou o funcionalismo público estadual, pondo o pagamento em dia. No departamento, prestei concurso para a cobrança de pedágio e escolhi Taquaritinga. Foi amor à primeira vista!

TM: Como se desenvolveu o mercado de seguros no Brasil nesses 50 anos?

Getúlio: Comecei no ramo de seguros como uma opção pelo tempo que eu tinha disponível. De 1960 até a presente data, o seguro mudou demais, para melhor. O pouco que eu tenho na vida devo ao seguro: “pouco com Deus muito é; muito sem Deus é nada”. O começo de minha vida profissional era muito diferente, fazia de tudo, segurava, vistoriava, liberava, enfim. A categoria de corretor de seguros não existia, a classe passou a ser regulamentada em 1964 com o regime militar.

TM: Com sua experiência, que análise faz da atual situação socioeconômica brasileira?

Getúlio: Em relação à situação socioeconômica, senti a diferença no Plano Real, graças ao presidente Itamar Franco e seu ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, que vem dando certo até os dias de hoje.

TM: O senhor esteve no Líbano, no auge da guerra civil, considerada uma das mais sangrentas do século 20. O que o levou para lá e o que se recorda dessa situação?

Getúlio: Em 1980, fui convidado pelo meu amigo e compadre Nahin Nagib para participar de uma Feira de Embalagens na Alemanha. Lá, meu amigo recebeu um telefonema informando que sua genitora, que morava no Líbano, estava muito mal de saúde, talvez não passasse daquele dia. Entre voltar ao Brasil e acompanhar meu compadre ao Líbano, mesmo estando em guerra, fui para o Líbano com ele. Aterrissamos em Beirute, reduto muçulmano, e fomos para a cidade de Juni, nas montanhas, dominada por cristãos. Apesar do medo, foi uma experiência fora de série, o povo libanês é muito hospitaleiro e amigo. Recordo de um fato extraordinário, uma mina de água doce, potável, que brota do Mar Mediterrâneo, perto do porto da cidade libanesa de Trípoli, que não se mistura com a água salgada, onde os navios se abastecem para uso próprio. Foi uma viagem inesquecível!

TM: O que Taquaritinga tem de especial?

Getúlio: Se existe um paraíso, Taquaritinga, para mim, é o paraíso! Não acredito em reencarnação, mas se ela existir, é para Taquaritinga que espero voltar! Novamente! A população de Taquaritinga é entre 50 e 60 mil habitantes. Na realidade, é muito mais de um milhão!!! Pessoas pelo mundo todo! Quando você está fora do País e encontra um conterrâneo, mesmo que não seja de sua intimidade, seu coração parece que vai explodir de felicidade! Meu vocabulário é muito pobre para falar da grandeza deste pedaço de chão abençoado por Deus!

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