sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Entrevista: Neco Pagliuso




 


Conversamos com Alfredo Luís Giglio Pagliuso, o Neco. CINEASTA, poeta, fotógrafo, videomaker. Taquaritinguense, 44 anos, filho de uma bióloga com um engenheiro. Palmeirense – para quem não sabe, foi um habilidoso jogador de futebol de salão: fez parte de um time notável da Escola 9 de Julho nos anos 1980, ao lado do empresário Paulo (Zú) Barbosa no gol, Paulinho Andreghetto (funcionário do Colégio Objetivo), Beto Micheloni (médico e vereador) e do irmão Miguel (Manzo) Pagliuso. Cursou Engenharia Mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial de São Bernardo do Campo (FEI) – até o amor ao cinema falar mais alto.



Na década de 1990, matriculou-se no curso de Cinema da Oficina Oswald de Andrade de São Paulo, fundou a produtora Formas do Olhar e trabalhou com diretores renomados, como Luiz Rosemberg, Andrea Tonacci, Rogério Sganzela. Produziu e dirigiu vários curtas, exibidos no Museu da Imagem e do Som (MIS), no Centro Cultural Itaú e na TV Cultura. É autor do livro Poesias para Celular. Em 2007, foi o homenageado especial da 2.a Mostra de Arte Moderna e Contemporânea, organizada pela artista Marjorie Salvagni, com apoio da secretaria municipal da Cultura, no Colégio Objetivo de Taquaritinga. As visões do Neco sobre cinema contemporâneo, TV, futebol, religião e o futuro da arte.


Tendência Municipal: Há um novo Cinema Novo?

Neco Pagliuso: Como disse o diretor Fernando Meirelles [autor de Cidade de Deus e Ensaio sobre a Cegueira, entre outros], o que é chamada de “a retomada do cinema brasileiro” é caracterizada mais pelo modo de produzir os filmes do que por uma busca estética, como era o Cinema Novo. Mas, se considerarmos que, assim como no Cinema Novo, há uma valorização da identidade brasileira com a diversidade de filmes atuais, e que também essas diferenças trazem um novo olhar sobre o País, talvez seja uma nova estética.

TM: Você assiste a filmes de Hollywood?

Neco: Poucos, já assisti mais. Praticamente foi assistindo Spielberg que comecei a gostar de cinema.

TM: Existe vida inteligente na TV?

Neco: “A televisão me deixou burro muito burro demais. Agora todas as coisas que eu vejo me parecem iguais”. Essa frase de uma música dos Titãs tem seu valor, só que não posso dizer que tudo na TV é ruim, mesmo porque fui formado em parte por ela. Teóricos dizem que o futuro da televisão é “uma pessoa falando, com uma câmera na frente”. Porém, atualmente, acho que existem programas bons, como o Café Filosófico, da TV Cultura, ou mesmo o Canal Brasil, transmitido pela TV por assinatura, que deveria ser um canal aberto devido a sua importância cultural para o País.

TM: Na adolescência, você se destacava no futebol de salão. Acompanha o futsal moderno?

Neco: Perdi meu interesse para o esporte em geral, mas ainda gosto de ver jogadores habilidosos, tanto no campo quanto no salão.

TM: Um poema seu diz: “No centro de Deus eu”. Como vê a religião?

Neco: A intenção dessa poesia foi mais brincar com a ideia de que no centro da palavra “Deus” existe a palavra “eu”. Já fui católico praticante, “quase coroinha”, frequentava a igreja. Hoje, prefiro acreditar mais na Ciência. Tenho até uma definição para o mistério da existência: “O que contêm, também está contido” e gosto também de uma frase que diz: “Tudo é do homem, tudo vem para o homem”.

TM: Existirá a 8.a Arte?

Neco: Dizem que vivemos em uma época incomum nas artes, na qual tudo já foi feito. Todavia, acredito que, talvez, com as misturas que vêm sendo realizadas entre as diferentes manifestações artísticas – ou até mesmo desse “tal mercado” – ou da tecnologia, possa sair algo que transcende, sendo, assim, considerado uma nova arte.

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