terça-feira, 6 de setembro de 2011

Entrevista: Denise Locilento




 


Conversamos com a cabeleireira, dançarina e coreógrafa Denise Locilento. Filha do advogado Kiko Locilento e da prof.ª Regina, é irmã da Viviani (arquiteta) e do Ricardo (médico) e mãe da Isadora. Proprietária do sofisticado salão Oficina da Beleza, trabalha também no salão Thomaz Pileggi, em Ribeirão Preto. Formada em Dança pela Universidade de Santos, é coreógrafa e diretora da Cia. de Dança Francisco Duarte, professora de dança da Escola Técnica de Arte Municipal Santa Cecília e responsável técnica do Ponto de Cultura PORTIDANÇANDO APM-ETAM.



Apaixonada pela arte, especialista em balé moderno e dança contemporânea, apresentou-se, com sucesso, em festivais e eventos em Taquaritinga, Ribeirão, São Carlos e Joinville. Um bate-papo sobre a “Arte da Dança”, política cultural, Cine São Pedro, Conservatório Municipal e de suas participações no “Dança Ribeirão”, um dos principais festivais do País.


Tendência Municipal: Quando começou sua paixão pela dança?

Denise Locilento: Dança é uma linguagem, com a qual expressamos sentimentos, emoções, tendo como instrumento o corpo, através do movimento, num universo de energia, tempo e espaço, com fluência e dinâmica. É uma concepção de olhar o “Mundo que Dança”. Penso, então, que a minha paixão se iniciou quando meu pai e minha mãe me proporcionaram a vida, me incentivaram à curiosidade, o aprender constante, com muita humildade. Renata Tannus foi minha mestra taquaritinguense, me orientou que na Arte da Dança a formação não se limita só à prática e sim em estudos teóricos. Batalhei muito até meu ingresso na Faculdade de Dança, onde colclui meu ensino superior. Considero que o aprendizado é constante, estou sempre me reciclando, meu lema é: aprender, observar e pesquisar.

TM: Como você descreve o desenvolvimento da dança em Taquaritinga?

Denise: Há muitas décadas o Conservatório Santa Cecília vem sendo considerado uma escola de alto nível, foi nesta instituição que iniciei meus estudos. Devido ao trabalho dos excelentes diretores, professores e coreógrafos que se destacaram e ainda fazem parte de renomadas escolas e companhias de Dança, que o Conservatório se tornou uma referência na região. Porém, mesmo tendo um bom nível de ensino, se restringia à categoria de “escola de dança”. No ano de 1992, as visionárias educadoras, Darci Ferrari de Camargo Lima e Angélica Malachias, me convidaram para participar da comissão que transformaria a escola de dança em “curso Técnico”: a ETAM Santa Cecília foi então aprovada e reconhecida pelo MEC, uma grande conquista para a cidade e toda a população, já que é a única escola técnica pública de Dança do País! Desde então, vem sendo desenvolvido trabalho de formação de bailarinos e professores, os quais fomentam diversas instituições de ensino público e privado, inclusive em universidades Estaduais e Federais.

TM: Em comparação com outras cidades da região, o incentivo à cultura em Taquaritinga é satisfatório?

Denise: A meu ver, o incentivo à cultura não é apenas responsabilidade da Administração pública (municipal, estadual e federal), também pertence à iniciativa privada e toda comunidade. Procuro dizer que uma cidade como Taquaritinga, que possui artistas e artesões, em diversas áreas, realizando obras maravilhosas, é uma cidade que possui cultura. O que falta para os artistas, não só de Taquaritinga, mas de uma maneira geral, é união, humildade, organização e centralização. Para isso, precisamos de conscientização da sociedade artística e dos gestores da política cultural. Outro aspecto importante é ter um “espaço cultural”, o que não possuímos. Há cinco anos, com o fechamento do Cine Teatro São Pedro, nossa cidade perdeu a única referência de espaço. Tenho fé que quando o projeto de transformá-lo em um centro cultural estiver concretizado, teremos um ‘up grade’ no que se refere à cultura. Alguns municípios vizinhos já estão um passo à frente por terem tanto espaços culturais como conselhos municipais de Cultura. Recentemente, foi lançada em Taquaritinga, no “Centro Etílico Cultural Gastronômico Burro Voador”, a semente para a formação do nosso Conselho, organização que dará um grande impulso introdutório da nossa cidade, na política cultural do nosso País.

TM: Quantas vezes você participou do “Dança Ribeirão”? Sentiu alguma evolução nos grupos taquaritinguenses?

Denise: Participo do “Dança Ribeirão” desde 1997. Na época, o Cine Teatro São Pedro era também nosso espaço de aulas, ensaios e gravações. Mover todas essas ações em um palco como o que tínhamos lá, amadureceu nossos bailarinos na Arte da Dança, os resultados foram extremamente positivos: várias premiações e boas críticas de jurados renomados da dança, tanto de minhas coreografias, como também dos meus parceiros Francisco Carlos Tibério e Helle Nice Raile Riccardi, o que não ocorre atualmente. Hoje, nosso espaço de trabalho se limita a uma sala de aula de dança e uma sala de estudo, com apenas 50 minutos hora/aula-ensaio.

TM: Seria viável organizar um "Dança Taquaritinga", guardadas as devidas proporções em relação ao evento ribeirão-pretano?

Denise: Não. Extremamente inviável, pois não temos sala para espetáculos.

TM: O seu trabalho na Oficina da Beleza (corte de cabelo, maquiagem, estética etc.) também pode ser considerado uma forma de manifestação artística?

Denise: Totalmente! Minha tesoura é como se fosse o “instrumento corpo”, sou coreógrafa dela no “espaço cabeça”, criando variados movimentos e estilos. Gosto de citar uma frase de Nietzsche: “Já que de arte nesta terra não se vive, que a arte ajude a fazer viver”.

Um comentário:

  1. Me orgulho desta menina, pois, de alguma forma, acompanhei sua trajetória, desde o primeiro dia!! Parabéns, Dê! vc sabe que te amo e é pra sempre!

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