Nesta edição, a entrevista é com Luís José Bassoli, o Luisinho. Advogado, graduado pela Universidade Mackenzie, vice-presidente da Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Taquaritinga e presidente da Comissão de Direitos Humanos da entidade. Formou-se pela Escola de Governo da Associação Brasileira de Formação de Governantes (hoje vinculada à USP) e cursou Pós-Graduação em Globalização e Cultura na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESP/SP). Professor de Geopolítica, ministrou aulas de Comércio Internacional no curso de Produção Industrial da FATEC e de Direito e Legislação no curso Técnico em Contabilidade do Colégio Dr. Aimone Salerno. Presidiu o diretório municipal do PT na gestão passada e hoje é secretário de Formação Política. Foi CANDIDATO A VEREADOR em 2004 e ficou na primeira suplência da coligação, superando, em votos, políticos tradicionais, como o ex-presidente da Câmara Gilberto Junqueira e os então vereadores Mauro Modesto e Professor Braghetto. | ||
Escreve em jornais, blogs e sites – em 2012, obteve o registro de Jornalista junto ao Ministério do Trabalho. Uma conversa esclarecedora sobre política taquaritinguense. |
Tendência Municipal: Refazemos a primeira pergunta que apresentamos ao Ico Curti, na edição de estreia: Luisinho, e o PT em Taquaritinga?
Luisinho Bassoli: Concordo com o Ico Curti: o partido passou a atuar cotidianamente, sem se ater somente ao calendário eleitoral.
TM: E como isso tem sido feito?
Luisinho: O PT vem fazendo e fará muito mais por Taquaritinga. A UPA [Unidade de Pronto Atendimento] é um exemplo, o moderno pronto socorro é um empreendimento do Ministério da Saúde, que só foi viabilizado com a intervenção do PT junto aos governos Lula e Dilma, através do deputado federal João Paulo Cunha. O ex-secretário municipal da Saúde, Wilson Rodrigues, reconhece a importância do João Paulo. Sem alarde, o PT trabalha pela cidade.
TM: A população taquaritinguense assimila essa atuação do PT?
Luisinho: Historicamente, nas eleições nacionais e estaduais, o PT sempre é bem votado em Taquaritinga. Se fizermos um retrospecto, vemos ótimas votações para deputados, senadores, governadores e presidentes, e, agora, buscamos trazer esse potencial ao nível municipal. Em parte, essa dificuldade é culpa nossa, que falhamos na comunicação com o eleitor; em parte, a culpa pode ser creditada a certo “boicote” dos meios de comunicação locais, que, salvo exceção, não nos dão espaço. É uma luta desigual.
TM: Há como mudar essa situação?
Luisinho: Já está mudando! Prova disso é a ótima aceitação que a pré-candidatura do Fúlvio vem tendo junto à população. Além da UPA, o PT trouxe importantes benefícios, como o SAMU, o Centro Odontológico, o CREAS [Centro de Referência Especializado de Assistência Social], a aquisição de viaturas para a Delegacia da Mulher, Polícia Militar, Assistência Social, Saúde etc., além de projetos ecológicos e verbas federais diversas, inclusive para o SAAET. O PT repudia a discussão, inócua, de quem se beneficiará politicamente. Porém, o diretório concluiu que é nosso dever informar o que foi conquistado e o que ainda podemos conquistar.
TM: Qual sua avaliação da atual Administração municipal?
Luisinho: Tenho dito que a primeira gestão foi muito boa, acima das expectativas. Discordo dos críticos que dizem que só se fez “obras cosméticas”. Concordo com o urbanista taquaritinguense Antônio Abbud, que disse que, no primeiro mandato, realizou-se uma “acupuntura urbana”, à semelhança da proposta do arquiteto Jaime Lerner, ex-prefeito de Curitiba e ex-governador do Paraná. As revitalizações dos parques da antiga “represa da Colombo” e do [bairro] Rosa Bedran, bem como da praça da Matriz, são mais que intervenções “cosméticas”, pois aumentam a auto-estima dos moradores dessas regiões e os incentivam a cuidar da cidade como um todo. Acontece que, no segundo mandato, foi visível a “queda de rendimento”. Conheço o Paulinho [Delgado], o considero meu amigo, acredito que tem boa vontade. Ouso dizer que o maior erro foi se “fechar” politicamente. O gestor moderno é o que “constrói pontes”, que sabe conviver com críticas e sai em busca de sugestões. No primeiro mandato, o PT se dispôs a contribuir, sem impor pré-condições, só que nunca fomos procurados. O afastamento foi natural, mas não causado por nós. Prova disso é que nossos deputados intervieram para trazer as verbas e benefícios que mencionei, mesmo sendo o prefeito de um partido que fez oposição ao Lula e ainda faz à Dilma.
TM: O que o PT pretende fazer caso o Dr. Fúlvio Zuppani vença as eleições?
Luisinho: Nossa proposta é arrojada. Queremos aproveitar nossa relação com o governo Dilma para mudar a cara da cidade, melhorar a vida das pessoas. A aliança com o PDT, que indicou o Dr. Dib pré-candidato a vice, foi fundamental, fortaleceu muito a nossa chapa, que conta, ainda, com a adesão do PV, PSC e PSL. Se conseguirmos chegar ao comando da Administração, faremos o possível – e o impossível – para por um fim, definitivo, às “brigas politiqueiras”. Iremos governar com os aliados e buscaremos novos parceiros. Há taquaritinguenses gabaritados, em diversas áreas, que estão à margem das discussões político-administrativas. Temos que buscá-los, fomentar o debate, aproximá-los da cidade – e incluir a população no processo decisório. Os diretórios vêm elaborando um sofisticado plano de governo, que atenderá às demandas do município.
TM: Poderia dar mais detalhes?
Luisinho: O projeto é uma “construção”, o plano entregue à Justiça serve de base. Posso dizer que avançaremos em questões que nunca foram consideradas, como Segurança Pública, Agricultura, Sustentabilidade, Reforma Administrativa (acabar com aluguéis de imóveis particulares, limitar cargos de confiança, elaborar plano de carreira dos servidores etc.). Pretendemos, ainda, fazer uma inovação espetacular com a criação da Ouvidoria Municipal, em cooperação com a Controladoria Geral da União (CGU) e Tribunal de Contas do Estado (TCE), para receber sugestões e fiscalizar as licitações. A Cultura fará parte de uma política ampla de Geração de Emprego e Renda e Juventude. E tem mais, que será mostrado na campanha eleitoral.
TM: Haverá verbas para por em prática essas propostas?
Luisinho: O plano de governo discriminará as fontes dos recursos. Posso antecipar que há, sim, verbas disponíveis – da União, Estado, organizações civis etc. Temos visto uma relação “republicana”, de parceria, entre o governador Alckmin e a presidenta Dilma, o que abre caminho para diversificarmos a busca por verbas. Recentemente, o Fúlvio esteve em Brasília e se encontrou com nossos deputados e senadores, que mostraram vários projetos federais a ser disponibilizados. É uma questão de planejamento e vontade política.
TM: Como você analisa as coligações do PT para as eleições de outubro?
Luisinho: As coligações são imprescindíveis não só para vencer as eleições, mas, principalmente, para governar. Vale lembrar que a presidenta Dilma é amparada por uma vasta aliança, que conta com PMDB, PDT, PSB, PCdoB etc. Nossa união com o PDT, PV, PSC e PSL está consolidada. Concordo, novamente, com o Ico Curti: não nos afastaremos de nossos princípios. Isso está fora de cogitação.
TM: O que dizer da política taquaritinguense?
Luisinho: Participar da vida política de Taquaritinga é interessante. Além dos companheiros da coligação, tenho amigos em todos os partidos, alguns com posições ideológicas parecidas, outros nem tanto... O “segredo” está em atuar politicamente sem criar inimigos – mas também sem favorecer esse ou aquele em função da amizade. Acredito que minha geração tem condições de discutir as divergências sem “brigar”, construir um debate que vise não ao interesse pessoal e sim ao bem comum. É possível chegarmos a esse patamar de civilização. Sou um otimista incorrigível!
TM: Qual sua opinião sobre o aumento/diminuição do número de vereadores?
Luisinho: À primeira vista, o aumento parecia impertinente, pois, aparentemente, contrariaria os interesses da população. Porém, se fizermos uma análise mais aprofundada, vemos que não é bem assim. Na verdade, os que querem a redução do número de vereadores estão “vendendo gato por lebre”. Explico: o centro da discussão não é a “quantidade” de vereadores e sim o “custo” deles. Pense bem: a quem interessa um número reduzido de parlamentares? Respondo: interessa somente aos grupos ligados ao prefeito do momento – nunca do povo! Quanto menos parlamentares, menor a chance das minorias se fazerem representar e maior a concentração de poder nas mãos do Executivo. São os vereadores que asseguram a diversidade da população, são eles que detêm o direito de propor soluções e – mais importante – o dever de fiscalizar a Administração.
TM: E qual sua proposta sobre esse assunto?
Luisinho: Tenho uma proposta alternativa, essa sim, eficaz: em vez de diminuir as cadeiras, vamos DIMINUIR OS CUSTOS da Câmara. Devemos impor um corte significativo no “salário” dos vereadores (para algo em torno de um salário-mínimo), limitar os cargos de confiança ao estritamente necessário (um ou dois) e coibir qualquer vantagem transversa, como reembolsos, pagamentos extras etc. Insisto: o problema não é “quantos são” e sim “qual o custo”. Se considerarmos apenas a remuneração mensal, pagar um salário-mínimo a 15 vereadores resultaria numa economia de cerca de 50% em relação aos 10 atuais. Portanto, é possível economizar dinheiro dos nossos impostos sem restringir a Democracia. Infelizmente, os atuais vereadores preferiam “vender gato por lebre”: diminuíram o número de cadeiras para 13 e – pior – aumentaram os salários em 40%! E não se tocou na questão da limitação dos cargos de confiança nem na restrição de ganhos extras. Assim, aumentaram os gastos dos nossos impostos e restringiram nossa Democracia, o que é um absurdo! Menos gastos públicos e mais representantes do povo: esse, sim, é o ponto crucial. Quem se dispuser a debater essa proposta, conte comigo!
TM: A última: para que serve os “Direitos Humanos”?
Luisinho: Os Direitos Humanos são alvos de ataques indevidos de conservadores que, maldosamente, acusam de ser “direitos de bandidos”, o que não é verdade! Os Direitos Humanos se estendem a todos; trata-se de zelar pela dignidade humana, amparar as vítimas da violência e seus familiares e, ao mesmo tempo, garantir que os culpados recebam o castigo que merecem – fazer valer a lei a quem quer que seja, sem abuso nem privilégio.