sexta-feira, 30 de março de 2012

Álvaro Lopes

  Nosso entrevistado é o advogado Álvaro Guilherme Seródio Lopes. Carioca de nascimento e taquaritinguense por opção, sagrou-se o segundo mais jovem piloto da Força Aérea Brasileira (o primeiro foi o Brigadeiro Murilo Santos), obtendo brevê [habilitação para pilotar aviões] aos 17 anos de idade. Técnico em Contabilidade, diplomado em Teoria Musical pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ministrou aulas de Contabilidade e Matemática, trabalhou no Banco do Brasil e teve seu próprio comércio. Foi vereador em Taquaritinga (1983/1988) e Vice-presidente da Câmara. Em 2000, foi CANDIDATO A PREFEITO pelo extinto PAN (Partido dos Aposentados da Nação), quando adotou o notório slogan “chega dos mesmos”.
Desde então, se tornou um “pesadelo” para muitos gestores municipais por promover investigações sobre eventuais más versões do dinheiro estatal, através de ações judiciais e denúncias ao Ministério Público. Deixa claro que não escolhe adversários. Seus alvos independem de partidos. Assegura que age como “cidadão” e não como “político”, pois não mais se enveredou pelas disputas eleitorais. Com isso, ganhou admiradores – e também violentos desafetos - que, segundo ele, foram responsáveis por “dois atentados à bala” contra sua residência. Álvaro Lopes não se intimidou: “Os administradores públicos que não saiam da linha”, avisa!


Tendência Municipal: O que o levou a ser piloto da Força Aérea?

Álvaro Lopes: Bons tempos aqueles! Findava 1947, dois anos após a Segunda Guerra Mundial e apenas seis da criação do Ministério da Aeronáutica. Nas telas, fervilhavam filmes sobre as batalhas de Guadalcanal (a mais importante do Pacífico), Iwo Jima, Nova Guiné etc., nas quais a aviação teve forte presença; o ataque surpresa da aviação japonesa à base naval de Pearl Harbor, em 1941; o clássico “Trinta Segundos sobre Tóquio”, quando, pouco antes da rendição, a capital japonesa foi parcialmente destruída por intenso bombardeio pelas “fortalezas voadoras” dos EUA, etc. etc. O cinema focava, também, as vitórias do Marechal-de-Campo alemão Erwin Rommel, a “Raposa do Deserto”, bem como sua derrota, a final, pelos ingleses, no norte da África. Debaixo da maciça propaganda cinematográfica, vestir a farda de cadete da recém criada Força Aérea Brasileira e tornar-se piloto militar passou a ser o sonho de muitos jovens – inclusive o meu! Assim estimulado, pus na cabeça que, se houvesse outra guerra, estaria pilotando um avião, fosse caça ou bombardeio. E, para isso, mãos à obra. O vestibular para a recém inaugurada Escola de Aeronáutica do Campo dos Afonsos/RJ (hoje AFA, em Pirassununga/SP) seria em fevereiro do ano seguinte, 1948. Não havia tempo a perder. Nas férias de fim de ano, internei-me em casa, estudando 24 horas por dia. Tinha apenas 15 anos (faria 16 em maio) e, pela frente, apenas dois meses: janeiro e fevereiro. Entre mais de 5.000 candidatos de todo o País (apenas 160 vagas), fui aprovado em 75.º lugar. O sonho, entretanto, durou pouco. Só quatro anos. Depois de muito estudo nas mais diferentes áreas (inclusive navegação aérea), centenas de horas de vôo e curso completo de acrobacias no “PT-19 Fairchaild” [ver foto abaixo], com 18 anos, às vésperas de me tornar Oficial Aviador, fui desligado da FAB por “indisciplina de voo” (por conta própria, efetuava manobras perigosas com risco da própria vida). Motivo que, hoje, não pune ninguém. Pelo contrário! Pilotos com essas características acabam convocados para integrar a Esquadrilha da Fumaça, inexistente na época.



TM: Podemos supor que essa experiência na FAB tenha sido gratificante!

Álvaro: Nesses quatro anos, que valeram por quarenta, adquiri enorme experiência. Tive como colegas excelentes companheiros, quase todos, hoje, Coronéis e Brigadeiros. Dois tornaram-se ministros da Aeronáutica: Sócrates da Costa Monteiro e Lélio Viana Lobo. Este, último ministro da Aeronáutica, cargo extinto com a criação do Ministério da Defesa, que congrega os Comandos das três Armas (Exército, Marinha e Aeronáutica). E muitos outros que ajudaram a escrever a história deste País, como o Capitão Lameirão, Ten.Cel. Haroldo Veloso, Tenente Barata Neto, Tenente Leuzinger, Major Paulo Victor da Silva, Ten.Cel. João Paulo Burnier (alguns, instrutores de vôo da nossa turma). Todos eles envolvidos nas frustradas revoltas de Jacareacanga/PA e Aragarças/GO, com o objetivo de derrubar o governo federal da época. Uns foram presos, outros se exilaram na Bolívia. Todos acabaram anistiados pelo mesmo presidente que queriam depor, Juscelino Kubicheck, voltando a vestir suas fardas. Tive, também, como companheiros de esquadrilha, o Coronel Aviador Ozires Silva, posteriormente também formado em Engenharia Aeronáutica pelo ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), que ficou famoso por criar a EMBRAER, enfrentando, praticamente sozinho, a enorme oposição dos descrentes. Ninguém acreditava nele. Tapou a boca de todos. Hoje, a Embraer dispensa comentários. Ozires Silva ocupou vários cargos importantes, foi presidente da Petrobrás, ministro das Comunicações etc. Quando presidente da Petrobrás e eu vereador da nossa Câmara Municipal, aqui esteve a meu convite, sendo agraciado com o Diploma de Honra ao Mérito. Seu discurso de agradecimento, com a Casa cheia, emocionou a todos. Sua estada em nossa cidade terminou altas horas da noite, após um concorrido jantar em sua homenagem no restaurante Via Veneto (hoje San Remo), com a presença maciça das autoridades locais, inclusive do então prefeito Adail Nunes da Silva. Lembro-me, ainda, de Ottomar de Souza Pinto, falecido recentemente, outro companheiro de turma: Brigadeiro, deputado federal e quatro vezes governador do Estado de Roraima. Também formado em Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Ciências Contábeis, Economia, Direito e Medicina, sempre o primeiro da turma. Uma “enciclopédia ambulante”. Nossa turma, denominada, posteriormente, “ASAS 51” (ano da formatura), é, possivelmente, a mais prestigiada de todas. Até hoje – lembre-se, estamos em 2012! – passados 64 anos, nos reunimos (os sobreviventes), todas as segundas terças-feiras do mês, em almoço de confraternização, às margens da Baía de Guanabara, no Clube de Aeronáutica, vizinho ao Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Homenageando a nossa turma, o Museu Aeroespacial, localizado no Rio, expôs em suas galerias uma placa com o nome de todos os integrantes da “ASAS 51”. Inclusive, é claro, o meu. Talvez seja eu um dos poucos vivos com o nome estampado em museu! No cemitério, tudo indica, ainda vai demorar um pouco... (risos).

TM: Nossa cidade gerou um ás da aviação, o Brigadeiro Joel Miranda, que era natural do então distrito de Santa Ernestina...

Álvaro: O grande Brigadeiro Joel Miranda, TAQUARITINGUENSE (com letras maiúsculas!) de boa cepa, também tem seu nome registrado no Museu Aeroespacial. Homenageado por ter participado, como voluntário, da Esquadrilha Amarela que lutou nos céus da Itália na Segunda Guerra Mundial, pilotando os famosos P-47 do grupo Senta a Púa. Após inúmeras missões, foi abatido e gravemente ferido, escondido e protegido pelos Partizans. Recuperou-se e continuou na luta junto como eles, agora em solo italiano, durante meses, até a vitória final. Depois de tudo isso, ISOLA! Só voo em aviões de carreira. E olhe lá! (risos). Bons tempos aqueles!

TM: Qual sua relação com a arte da Música

Álvaro: A música não era, nem nunca foi meu sonho. Minha mãe, professora de piano, era quem sonhava ter um filho músico, principalmente violinista. Já aos quatro anos de idade, presenteou-me com um violino. Com jeitinho todo especial, se esforçava para que eu tomasse gosto pelo instrumento. Tive as melhores professoras do Rio de Janeiro: Magdala de Oliveira, a número um do Conservatório Nacional de Música do Rio, e a insuperável Paulina D’Ambrósio, professora dos violinistas da Orquestra Sinfônica Brasileira. Na parte teórica, acabei me diplomando professor de Teoria Musical pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tendo sido aluno do Maestro Assis Republicano, na época, um dos principais maestros brasileiros, que teve a honra de ter sua biografia incluída na internacional Enciclopédia Delta Larousse. Sempre fustigado por minha mãe, que me acompanhava ao piano, demos vários concertos nas mais diversas salas de espetáculo da então capital do País. Tocávamos na Rádio Mayrink Veiga (nem sei se ainda existe), em missas, casamentos e festas escolares. Isso durou até 1948, quando ingressei na FAB. Muito depois, lá pelos anos 60 ou 70, nem me lembro mais, já em Taquaritinga, ensaiei voltar a tocar violino. Comprei um instrumento usado, do pai do João Ari Bieras, e comecei a fazer serenatas, coisa que hoje não se faz mais. Lembro-me, e nunca vou esquecer, do dia em que combinei com os netos da Dona Julinha [Júlia Davidoff Ferreira de Camargo], ex-primeira dama de Taquaritinga, para, à tardinha, irmos à Fazenda Paraguaçu e, às escondidas, trazer os cachorros – duas feras – para a cidade, dando-nos oportunidade para fazer uma serenata embaixo da janela do quarto onde Dona Julinha dormia. Os garotos concordaram, cumpriram a missão e, por volta da meia-noite, baixamos na fazenda: eu; Giovani, colega do Banco do Brasil, que era um violinista de primeiríssima qualidade, perdido em Taquaritinga, e mais um violão que não me lembro bem quem era (seria o Luís Benaglia?). Terminada a primeira música, a Valsa Branca, de Zequinha de Abreu, Dona Julinha, acompanhada de duas senhoras amigas que a visitavam e passavam a noite em sua companhia, abriu as portas da sala e gentilmente nos fez entrar. Entre um gole e outro da melhor bebida da sua adega, desfilamos “Amar Sem Ter Amado”, “Longe dos Olhos”, “Amor Imortal”, “Aurora” e tantas outras. Tocamos até o raiar do dia. Noite inesquecível!

Assim como a fase da FAB, a nova fase do violino também durou pouco, dois ou três anos. Com outros instrumentistas, formamos um pequeno conjunto com dois violinos (Gim Carleto e eu), um saxofone (se não me engano, um dos Marins), um clarinetista (se bem me lembro, Delfino Pelatti), uma bateria, um violão (seria o pai do Macena, do atual conjunto Boemia?) e mais algum outro instrumento que não me lembro mais. Ensaiávamos uma vez por semana e nos apresentamos em diversas festas. Dos integrantes, só eu resta vivo. Se estiver enganado, quem ainda estiver por aqui, respirando, por favor, me dê um alô e vamos recordar o passado, porque o futuro só a Deus pertence. Mas não foi só de violino a minha incursão na área da música. Quando, por alguns anos, na década de 60, morei em Jaboticabal, ainda no Banco do Brasil, aprendi a tocar clarinete com o então famoso clarinetista “Cafelândia”, da Orquestra Jaboticabal, na época uma das principais do interior paulista. De volta à Taquaritinga, passei a tocar clarinete na Banda Municipal, regida pelo saudoso maestro Hugo. Tocávamos todos os sábados no coreto da Praça Nove de Julho e ensaiávamos às quartas-feiras. Onde foram parar o violino e o clarinete, não tenho a menor idéia! Bons tempos, que não voltam mais. Infelizmente.

TM: Como foi sua candidatura a prefeito? Pretende voltar à política?

Álvaro: Política, nunca mais. Cargo público, nem pensar. Cansado de ver a cidade andar para trás, suplantada por todas as vizinhas (o que acontece até hoje), resolvi candidatar-me a prefeito (2000) para recolocar a cidade nos trilhos. Obviamente, nenhum partido, todos controlados pelas “velhas raposas”, me daria espaço. Resolvi, então, formar uma legenda em Taquaritinga. Aí nasceu, entre nós, o PAN (Partido dos Aposentados da Nação). Sem dinheiro e com toda a mídia contra (duas rádios e todos os jornais da cidade), só me restou ter votação irrisória, pouco mais de 600 votos, num universo de aproximadamente 30 mil eleitores. Fechei a raia, como se diz na gíria turfística. Como não pude, politicamente, conduzir a cidade para dias melhore, resolvi, já formado em Direito, tentar fazê-lo a meu modo, chamando às falas os que contribuem para o atraso da cidade, dilapidando os cofres municipais e enchendo seus próprios bolsos. Com isso, boa parte do dinheiro já retornou ao Tesouro municipal, e tem muito político e ex-político “falando sozinho”, impedido de se candidatar novamente. O atual prefeito caminha no mesmo sentido. Por essas e outras, por duas vezes sofri atentados à bala. Nem inquérito policial foi aberto. Tudo abafado. Nem a imprensa divulgou. Os únicos prejudicados “fisicamente” foram os dois portões e algumas telhas da casa onde moro. Como eles não têm boa pontaria e já sobrevivi a tantas horas de vôo, acrobacias e indisciplinas de vôo, considero-me com o “corpo fechado”, como diria o falecido “Tampinha”, que comandava o mais concorrido Terreiro de Umbanda da cidade e, tudo indica, vou ficar para semente.

TM: Quais ações de improbidade administrativa o senhor promoveu em Taquaritinga e quais os resultados até agora?

Álvaro: Muitas. São tantas que perdi a conta. Todavia, destaco a de n.º 893/98, da 1.ª Vara da Comarca de Taquaritinga, que o STF (Supremo Tribunal Federal) mandou os dezessete vereadores do tempo da gestão do Serginho [Salvagni] devolver grande parte dos subsídios que receberam indevidamente. Tem gente até hoje devolvendo em prestações. Em média, R$ 100 mil por cabeça. Todos esses vereadores viraram “fichas sujas”. Tem, também, a de n.º 428/99, da 2.ª Vara de Taquaritinga, que também chegou ao STF e, depois de muito debate, reduziu nossa Câmara Municipal para apenas dez vereadores, como hoje é composta, com grande economia para os cofres públicos. Mais recente, temos aquela que mandou devolver o dinheiro surrupiado dos cofres públicos com a compra fajuta de carne de origem duvidosa – gado “matado no pau”- como se diz na gíria quando a origem é desconhecida e, ainda por cima, o transporte não respeitava o mínimo de higiene, que era servida na merenda escolar no tempo do [prefeito] Milton Nadir, hoje também “ficha suja”. Ainda daquele tempo, temos a de n.º 933/03, 1.ª Vara de Taquaritinga, que mandou devolver boa parte do dinheiro usado na reforma da Creche/Berçário Anunciata Colombo, situada na Vila São Sebastião. Todos os condenados viraram “fichas sujas”. Mais recentes, contra a atual Administração, tem um “saco” delas! Provavelmente (a exemplo das outras já citadas por amostragem), só terminarão depois de concluído o mandato. Mas, um dia, terminarão, como as outras terminaram. E aí, teremos nova safra de “fichas sujas”. Safra essa que será bem grande, incluindo políticos e funcionários concursados, com perigo, até, de serem exonerados a bem do serviço público, perdendo as vantagens obtidas com o suor do seu trabalho como, por exemplo, a aposentadoria integral por tempo de serviço. Por amostragem, citarei apenas algumas, ainda em andamento, que podem ser consultadas no Fórum local, por qualquer pessoa:

Proc. 489/09, 2.ª Vara – contra Paulo Delgado e Outros – Reforma da escola de Vila Negri; Proc. 989/09 – contra Paulo Delgado e Outros – Reforma da escola de Jurupema; Proc. 1475/09 – 2.ª Vara – contra Paulo Delgado e Outros – Construção da Creche de Guariroba; Proc. 1102/08 – Contra Paulo Delgado e Luis Tadeu Giollo – 2.ª Vara – Responsáveis pelo desembolso futuro de mais de R$ 2 milhões de juros de mora a serem sacados do Tesouro municipal (nós é que vamos pagar com nossos impostos) , pelo não pagamento dos precatórios quando havia dinheiro para liquidá-los e foi tudo desviado para “outras finalidades” (tudo comprovado nos autos); Proc. 1989/08, contra Paulo Delgado e todos os secretários municipais, para devolver os “abonos” que indevidamente foram pagos pelo prefeito. Condenados, nem recorreram. Já estão devolvendo o dinheiro com juros e correção monetária... E tantos outros processos, cujo número cresce dia a dia.

TM: Como avalia a atual Administração municipal?

Álvaro: Um horror! A pior de todas, desde que aqui cheguei em 1953. Quer uma prova? Visite as cidades vizinhas. Qualquer uma. Compare. Em 1953, nenhuma delas parecia estar no mapa. Matão, por exemplo, quando o trem passava pela parte alta da cidade, dava pena olhar. Uma casa aqui, outra ali. Parecia “quintal de Taquaritinga”. Hoje, quem parece não mais estar no mapa é a nossa cidade! Nos últimos sete anos do atual mandato, nenhuma só casa popular foi construída. Nem com lente de aumento você acha uma nova indústria instalada em nosso município. É raridade. A última - MARBA – foi trazida anteriormente pelo então prefeito Milton Nadir e instalada no atual governo que, falsamente, reivindicou o fato para si. E pensar que tivemos Matarazzo, Pauletti, Peixe, Usina de Açúcar e Álcool das Contendas, Elias F. de Mello (que concorria, com sucesso, com a Anderson Clayton na comercialização e beneficiamento de amendoim, café, algodão, produzidos em todo Estado de São Paulo), etc. etc. A população mais carente, absolutamente desamparada. Os serviços médicos municipais, uma lástima (sem culpa dos médicos, diga-se). O prefeito e seus secretários só sabem dizer que não há dinheiro. Só não dizem onde ele foi parar. Escondem. Caso contrário, perigoso dar cadeia. Precisa dizer mais alguma coisa?

TM: O Rio de Janeiro continua lindo?

Álvaro: Mais lindo do que nunca! Pena que ainda não restauraram o serviço do bondinho de Santa Tereza. Passeio imperdível e, surpreendentemente, pouco divulgado. As empresas de turismo só miram Pão de Açúcar, Corcovado, Copacabana. Outro passeio imperdível – e quase sem divulgação – é percorrer a Baía da Guanabara a bordo do “Rebocador Laurindo Pitta” [ver foto], da Marinha brasileira (cerca de 200 passageiros), com guia dando uma aula de História do Brasil. Outro belo passeio é visitar o palácio situado na Ilha Fiscal (também pelo mesmo Rebocador), local do último Baile do Império, com direito a visitar, de ponta a ponta, o submarino Riachuelo, que participou da segunda grande guerra. Tudo a um custo de apenas R$ 5,00 por pessoa (idoso paga meia) e sob a proteção da Marinha do Brasil. Atração imperdível! Num dia só, quase de graça, sem sufoco e sem perigo de ser assaltado! O Rio está ou não está mais lindo do que nunca?



quinta-feira, 22 de março de 2012

Walther Spinelli

  A entrevista desta edição é com Walther Spinelli. Nascido em Ibitinga, em 1938, é casado com a Adelaide Amaral Spinelli, pai do Fisioterapeuta Walther Spinelli Filho e do Biomédico Gláucio Amaral Spinelli, avô do Lucas e da Giovanna. Reside em Taquaritinga há mais de 50 anos. Sua trajetória é espetacular: foi atleta profissional, jogador de futebol (ponta-esquerda e centroavante) da Internacional de Limeira, nos anos 1960 – sagrou-se campeão em 1961 e teve a honra de ter sido adversário de Pelé. Uma lesão no joelho o fez encerrar, prematuramente, a promissora carreira. Seu talento para o esporte, contudo, transcendeu aos gramados e chegou ao turfe: com 12 anos, era um competitivo jóquei.
Habilidoso também na sinuca, dividiu memoráveis partidas com os mestres sagrados do “pano verde”, como “Rui Chapéu”, “Praça” e “Carne Frita”. Depois, trabalhou em grandes indústrias sucroalcooleiras (União, Citrobrasil, Cargil, Frutropic); foi bancário (Banco Comércio Indústria – Comind e Banco Real) e empresário (sócio-proprietário da Naturart’s – indústria de cosméticos com sede em nossa cidade, que fez sucesso na década de 1980). Membro ativo do Lions Clube de Taquaritinga há 37 anos, foi presidente por duas gestões (1982/83 e 1997/98) e recebeu, em 2009, o maior reconhecimento deste renomado clube de serviços, o “Título de Companheiro de Melvin Jones”. Tímido, comedido e cordial, Walther Spinelli é um especialista na arte de viver! Segue, abaixo, um pouco de suas experiências.


Tendência Municipal: Como foi enfrentar o Rei Pelé em campo? Na intimidade, ele fazia jus à fama de “gênio” do esporte-bretão?

Walther Spinelli: Iniciei minha carreira futebolística no Esporte Clube Rio Branco, de Ibitinga, quando enfrentei o “Rei Pelé”, que jogava pelo Noroeste de Bauru. Já naquela época, Pelé demonstrava o que viria a ser no futuro: um monstro sagrado do futebol mundial!

TM: Faça-nos um resumo de sua carreira no futebol profissional

Walther Spinelli: Naqueles tempos, fui convidado a pertencer aos quadros do Noroeste de Bauru, mas devido a problemas particulares, acabei não assinando contrato. No ano seguinte, com os problemas sanados, recebi um convite da Internacional de Limeira e aceitei. Eu atraia a atenção dos treinadores porque batia na “criança” muito forte, com as duas “canetas”... Fui campeão da “Série Algodoeira”, jogando contra grandes atletas, como De Sordi, Mauro, Póy, Ademir da Guia, e outros craques do passado. Fui aprovado em dois testes, na Portuguesa e no Palmeiras, e quando estava para ir à Capital, em um desses times, sofri uma grave lesão no joelho que, infelizmente, me levou a encerrar a carreira.

TM: As corridas de cavalo são reconhecidas por se tratar de um esporte perigoso, que exige muita técnica e, sobretudo, uma completa interação homem/animal. Fale-nos um pouco dessa experiência.

Walther Spinelli: No interior, os jóqueis clubes famosos eram os de Campinas, São Carlos e Barretos, onde montei excelentes cavalos. O que mais gostei – e não me esqueço porque ganhei várias corridas com ele – foi o cavalo “Boa Viagem”, animal de grande porte e muito veloz. Antes das disputas, ficávamos acordados a noite inteira, pois existiam “malandros” que, se tivessem oportunidade, colocavam laxante na comida do cavalo ou cavavam buracos na raia em que você correria. Naquele tempo, o turfe era bem difícil.

TM: Quem foi melhor na sinuca: Carne Frita, Praça ou Rui Chapéu? O que é preciso para ser bom no taco?

Walther Spinelli: Referente à sinuca, convivi com os mais famosos. Quando eu era atleta da Internacional de Limeira, joguei várias vezes contra o Carne Frita e o Praça, fizemos grandes partidas, foi um aprendizado muito bom. O Carne Frita era sensacional, jogava muito; o Rui Chapéu estava começando e já mostrava muita habilidade. Para ser bom no taco é preciso ter precisão e, acima de tudo, muito treino!

TM: O Brasil manterá a hegemonia no futebol mundial?

Walther Spinelli: Acredito que o Brasil sempre manterá a hegemonia porque é um celeiro de craques, que aparecem todos os anos. Exemplos do momento: Neymar e Ganso. Porém, se puxarmos pela memória, vamos nos lembrar de vários jogadores que surgiram no passado – e isso não vai parar, daqui a pouco, estaremos comentando sobre outros dois ou três jovens que se destacarão no futebol.

TM: O senhor trabalhou nas maiores indústrias do setor do agronegócio. Algum dia pensou que nos campos de Taquaritinga a cana-de-açúcar iria prevalecer ao plantio de laranja?

Walther Spinelli: Sinceramente não! Quando trabalhei nas grandes indústrias, andava por toda região e o que se via era a predominância da fruta. As cidades de Limeira, Bebedouro e Monte Azul Paulista eram consideradas as “Capitais da Laranja”, e mesmo aqui em Taquaritinga havia muitos pomares... Jamais pensei que a cana-de-açúcar iria tomar conta de tudo.

TM: O que representa o “Título de Companheiro de Melvin Jones”?

Walther Spinelli: Representa o reconhecimento pelo trabalho humanitário. O Título de Companheiro de Melvin Jones foi criado em 1973 como uma maneira de ampliar seu compromisso com a Fundação Lions Clube Internacional. Na Sede Internacional, há um computador que exibe o nome de todos os companheiros que receberam a honraria. Em toda a história do Lions de Taquaritinga, apenas quatro sócios tiveram esse mérito – e agradeço por estar entre eles!

terça-feira, 13 de março de 2012

Luiz Eduardo Curti

  O entrevistado de hoje é Luiz Eduardo Almeida Curti. Advogado, formado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco da USP, considerado um ícone da esquerda taquaritinguense. Foi PRESIDENTE DO CENTRO ACADÊMICO 11 DE AGOSTO em 1970 (no auge da repressão da ditadura militar), membro-fundador da Comissão de Direitos Humanos da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB/SP) e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores. Amigo pessoal de personalidades como o ex-presidente Lula e os ex-ministros Márcio Thomaz Bastos e José Dirceu, voltou à Taquaritinga nos anos 1990, se engajou no diretório municipal do PT, tendo ocupado a secretaria de Formação Política e concorrido a vereador em 2008.
Ao lado do irmão Ico Curti, é uma das principais lideranças do partido na cidade. Uma entrevista simplesmente imperdível!


Tendência Municipal: Como foi sua militância no movimento estudantil na época da ditadura militar?

Luiz Eduardo Curti: Minha militância começou na Associação dos Acadêmicos de Taquaritinga (AAT), por volta de 1965, antes de ir estudar na Capital. Para os engajados no Movimento Estudantil, a militância era um “sacerdócio”. Tínhamos a convicção de que a justiça social só viria com a derrubada da ditadura. Com esse objetivo, militávamos em regime de dedicação exclusiva: editávamos revistas e jornais; distribuíamos panfletos; organizávamos passeatas e congressos; treinávamos defesa pessoal; respaldávamos organizações sociais e sindicatos; denunciávamos, aqui e no exterior, a violência e os crimes da ditadura; fazíamos “finanças” para sustentar a resistência. Enfim, uma atividade estafante, que implicava em riscos e renúncias, mas que nos ensinou que sem disciplina e organização não atingiríamos nosso “modestíssimo” sonho de mudar o mundo.

TM: Nos fale de sua atuação na Seccional da OAB/SP.

Curti: Meu primeiro contato com a OAB foi ao me formar. Aprovado no Exame de Ordem, fui fazer minha inscrição e soube que, entre os documentos exigidos, constava “certidão negativa da Justiça Militar”, que eu não conseguia obter por ter ali dois processos: editar jornal “descendo o cacete” no regime militar (considerado publicação subversiva) e por participar do Congresso da UNE [União Nacional dos Estudantes], em Ibiúna, cuja realização, por estar “proibida”, resultou na prisão de cerca de mil estudantes. Fiquei revoltado com a exigência e fui falar com o Presidente da OAB. Argumentei que a Ordem não podia fazer tal exigência, pois significava “reconhecer” o regime de exceção, “legitimar” o arbítrio, aceitar que quem se opunha ao golpe militar era “subversivo” (um subversor da ordem instituída pela força das armas!). E, como tal, poderia ser processado, preso ou banido – ou mesmo morto! O Presidente me ouviu e disse-me, paternalmente: “Meu filho, nada posso fazer, vivemos uma ditadura, é preciso ter cautela”. Saí dali – de meu órgão de classe, que deveria assegurar minhas prerrogativas – decepcionado, e decidi ajudar a criar uma oposição àqueles dirigentes. Queria ter um presidente que não se curvasse à ditadura e sim que a combatesse! Felizmente, logo depois, a OAB mudou e teve participação ativa na redemocratização do País, encerrando memoráveis campanhas institucionais, como as “Diretas Já”. Na OAB/SP, fui “serviços gerais”: instrutor de processos disciplinares, membro das bancas do Exame de Ordem, da Comissão de Seleção e de Ética e também Conselheiro Estadual. Representei a OAB no Movimento em Defesa do Menor, no Conselho da Escola de Sociologia e Política, no Sindicato da USP. Fui, ainda, membro-fundador da Comissão de Direitos Humanos, na gestão do Márcio Thomaz Bastos, juntamente com o Celso Petroni, Paulo Sérgio Pinheiro (hoje funcionário da ONU) e Antônio Carlos Malheiros (hoje desembargador do Tribunal de Justiça). A ditadura detestava a simples menção aos Direitos Humanos, reconhecidos mundialmente, porque os desrespeitava cotidianamente.

TM: Como foi conviver com personalidades como o ex-presidente Lula, às vésperas da fundação do PT?

Curti: A resistência à ditadura agrupou quase todos os setores da sociedade. O contato entre estudantes, operários, artistas, intelectuais, clero, etc. era permanente. Era comum que nós, estudantes, estivéssemos em reuniões, manifestações públicas, debates, ou mesmo na mesa de um bar, com Lula, Gianfrancesco Guarnieri, Chico Buarque, Elis Regina, Geraldo Vandré, José Dirceu, Frei Betto e tantos outros que, mais tarde, teriam grande expressão nacional. Logo depois, na formação do PT – e em função dela – houve uma aproximação maior com aqueles que “oPTaram”! Foi gratificante o contato com lideranças que contribuíram, decisivamente, para o fim da ditadura e que, democraticamente, assumiram o governo e ousaram mudar o País.

TM: Que análise faz do governo Dilma?

Curti: Na campanha eleitoral, alguns setores da oposição, principalmente o PSDB, insinuaram (burramente, diga-se) que Dilma, se eleita, seria “subserviente” a Lula, afirmação que não levava em conta o alto nível de aprovação do então presidente nem a postura independente e a marcante personalidade da atual presidenta. Isso só ajudou o PT. Eleita, Dilma tomou as rédeas do processo político e tem colocado em prática as propostas do PT, implementando projetos de inclusão social (acesso à educação, saúde, água, energia elétrica, emprego, moradia etc.). Os brasileiros ficaram mais próximos da cidadania e a popularidade de Dilma chegou a superar a de Lula. Durma-se com um barulho desses! Mas ainda há muito por fazer.

TM: Como está o PT de Taquaritinga?

Curti: Em fase de oxigenação! Estamos formando novas lideranças, colocando-as em contato com expoentes nacionais e estaduais do partido, estreitando as relações com entidades e partidos aliados. Enfim, estamos resgatando a militância para que o diretório tenha participação ativa na política, não apenas nos períodos de eleições.

TM: Qual sua avaliação da atual administração municipal?

Curti: Uma decepção, principalmente para os que votaram no Paulinho [Delgado]. É o que se ouve por aí... E olha que havia uma grande expectativa, um otimismo em relação à sua gestão. Infelizmente, caiu na “vala comum” da política morna e eleitoreira, do apadrinhamento. Falta ousar, falta um projeto consistente, falta, sobretudo, vontade política para mudar as coisas!

TM: Que caminho o PT taquaritinguense deve tomar nas eleições 2012? Terá candidato a prefeito? Deve fazer coligações?

Curti: O PT de Taquaritinga deve tomar o caminho que está tomando: fortalecer-se. Formar novas lideranças, sobretudo jovens, elaborar um plano de governo calcado em nossas diretrizes, adequado às necessidades locais. A premissa para implantar nossas políticas é vencer as eleições, com candidato próprio, com chance de vencer, o que já temos com o Fúlvio Zuppani. As alianças com outros partidos são desejáveis – e podem ser necessárias. Mas não podem ter por escopo apenas aumentar as chances eleitorais, tampouco podem se restringir a “dividir o bolo” da administração. As eventuais coligações devem ser calcadas em princípios e propostas. Não basta vencer as eleições, é preciso reunir condições para por em prática um governo compatível com nossas necessidades e objetivos. E esse desafio, a cada dia, ganha rumo e corpo!

segunda-feira, 5 de março de 2012

Ana Lúcia Santaella Aiéllo

  Nossa entrevistada desta edição é a Diretora da escola Prof.ª Lydia Miziara e ex-Diretora da escola Ricieri Micalli, Ana Lúcia Santaella Aiéllo. Nascida em Taquaritinga, casada com o cirurgião-dentista João Milton Aiéllo, mãe da Letícia. Formada em Pedagogia, com pós-graduação em Psicopedagogia – além do ramo da Educação, dedica-se ao trabalho voluntário junto ao “Espaço Holístico Ponte para a Luz”, onde desenvolve “Apometria”, “Reprogramação Mental” e “Atividade Mediúnica com Saúde”. Com empenho e responsabilidade, divide seu tempo entre a profissão de comandar a direção escolar e a missão de espalhar a paz e a solidariedade.
Abordamos assuntos do mundo terreno e do mundo etéreo. Uma entrevista muito interessante!


Tendência Municipal: Como você analisa a educação pública contemporânea, nos níveis estadual e municipal?

Ana Lúcia Aiéllo: A educação pública, hoje, atinge seu ápice democrático, já que seu acesso é gratuito e obrigatório a partir dos seis anos de idade. Quando analisamos a educação, seja no nível público (estadual e municipal) ou privado, questionamos a qualidade do ensino oferecido em cada um e, como Diretora, entendo que quando há compromisso entre escola e família, o sucesso existe: a presença dos pais (ou responsáveis) na educação dos filhos (ou tutelados) interfere diretamente na qualidade do ensino. E é nesse ponto que surgem as diferenças apontadas pelos índices avaliativos externos (Saresp, Prova Brasil, Provinha Brasil etc.) entre as unidades escolares. Se falarmos em remuneração, Estado e município precisam repensar a valorização do magistério público, sobretudo da Educação Básica.

TM: Um problema que afeta a convivência escolar é o aumento da violência juvenil, o chamado “bullying”. Qual sua análise sobre o tema e o que fazer para minimizá-lo?

Ana Lúcia: O combate ao “bullying” é um desafio mundial. Particularmente nas escolas brasileiras, estudiosos tentam traçar um perfil do problema; as causas dessas violências são múltiplas, determinadas pela soma de fatores, como, por exemplo, o temperamento de cada um, influenciado pelas relações familiares e pelo meio social. Na verdade, esse descontrole social violento é uma questão de solidariedade e, para minimizá-lo no ambiente escolar, é necessário encarar, com seriedade, as agressões entre os jovens. Pais (ou responsáveis), alunos e gestores escolares devem investir em ações que previnam as ocorrências, tais como: criar relacionamentos saudáveis; instituir um ambiente escolar equilibrado; ter um corpo docente estável; formar vínculos entre os estudantes; estabelecer limites; e, em casos extremos, encaminhar o problema para outras instâncias.

TM: Há vida após a morte?

Ana Lúcia: Todo ser humano acredita na eternidade da alma. Na Grécia Antiga, “Hades” simbolizava o deus do mundo inferior e da morte, governando o subterrâneo para onde as almas condenadas eram lançadas. Com a Era Cristã, temos a simbologia do céu e do inferno. Assim, para mim, a continuidade da vida após a morte é explicada à luz da Doutrina Espírita, através das obras escritas por Allan Kardec e também psicografadas pelo nosso querido Chico Xavier. O estudo desses livros (e de tantos outros autores que divulgam o espiritismo) elucidou questões que eu não compreendia, me fez aceitar situações que não estavam sob meu controle e, também, me incentivou a promover mudanças àquelas que poderiam ser modificadas. Acredito que através de sucessivas reencarnações o ser humano pode progredir e evoluir, lapidando sua moral.

TM: Fale-nos sobre as atividades do Espaço Holístico Ponte para a Luz. O que são “Apometria”, “Reprogramação Mental” e “Atividade Mediúnica com Saúde”?

Ana Lúcia: O Espaço Holístico Ponte para a Luz é uma casa que reúne um grupo de pessoas com o propósito de praticar a caridade e estabelecer a paz, não possuindo vínculo religioso específico. Oferece inúmeras terapias alternativas para o equilíbrio do corpo, da mente e do espírito: segunda-feira, Yoga; terça-feira, Meditação; quinta-feira, Apometria; sexta-feira, Reprogramação Mental; Sábado, Reiki e Saúde. Especificamente à sua pergunta, a Apometria é realizada em grupo e reúne técnicas terapêuticas, como radiestesia, radiônica, Reiki, cromoterapia, aromaterapia, musicoterapia, limpando a aura e os corpos sutis. A Reprogramação Mental também utiliza técnicas terapêuticas em grupo, com o objetivo de equilibrar e harmonizar o ser em toda sua dimensão, trabalhando, por exemplo, as doenças psicossomáticas. Já a Saúde, que acontece quinzenalmente, é realizada individualmente, por uma equipe de médicos espirituais, semelhante aos procedimentos de intervenções cirúrgicas (quando necessário) com o objetivo de reorganizar energeticamente o paciente, já que a cura de algo ou de alguma doença não se limita ao corpo físico.

TM: O Espiritismo é uma religião? E como o Espiritismo se relaciona com as religiões em geral?

Ana Lúcia: O Espiritismo não é uma religião, é uma doutrina, pois reúne conceitos filosóficos e religiosos. Há uma discussão sobre o assunto, alguns se definem como “kardecistas” e, outros, “espiritualistas”. Na verdade, a Doutrina Espírita compreende que o ser humano pode evoluir reformulando sua moral, para isso, compreende a igualdade entre os homens e o respeito entre todos os seres. Aquele que pratica os preceitos espíritas, que, na verdade, são as máximas deixadas por Jesus, se relaciona harmonicamente com qualquer religião: “Amai a Deus sobre todas as coisas e a teu próximo como a ti mesmo”.