segunda-feira, 25 de abril de 2011

Entrevista: Alexandre Silva




 

O entrevistado desta edição do TENDÊNCIA MUNICIPAL é o jovem Alexandre Eduardo Silva. Acadêmico de Sociologia e Política da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESP/SP), vem se destacando no movimento estudantil como diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE/SP). Filiado ao PCdoB, atua politicamente em todo o Brasil, sem se afastar de Taquaritinga, sua terra natal. Aos 25 anos, demonstra uma notável maturidade, sobretudo quando o assunto é organização dos estudantes e política partidária.

Tendência Municipal: Qual a importância do movimento estudantil nos dias atuais?

Alexandre Silva: A mesma que teve em todos os períodos da nossa história. Atualmente, o movimento estudantil procura abrir caminhos de acordo com as características do nosso tempo. Um exemplo são nossas campanhas, em especial a campanha pela criação de um fundo social, advindo dos recursos obtidos na exploração do Pré-Sal, e destinar 50% desses recursos para a Educação. A campanha teve grande repercussão, virou Projeto de Lei, aprovado por unanimidade no Congresso, e está à espera da sanção presidencial. No Estado de SP se tornou a PEC n.º 09, que pretende criar um fundo com recursos advindos dos royalties do Pré-Sal que o Estado tem direito e destinar 50% para Educação, Ciência e Tecnologia, e Meio Ambiente. Outro exemplo é nossa participação na elaboração do Plano Nacional de Educação (PNE), que ajudará o Brasil avançar na educação em todos os níveis. A razão desta importância é a mesma que inspirou nosso surgimento e inspira nossa existência: a defesa incondicional do nosso País.

TM: Como está a organização dos estudantes em Taquaritinga?

Alexandre: Existem ações individuais, bem intencionadas, mas desconheço ações organizadas através de uma entidade de representação. Gostaria de ajudar para estimular a criatividade, o empreendedorismo, a construção do caráter e da consciência cidadã do estudante. Existem muitas formas de participação além dos tradicionais Centros ou Diretórios Acadêmicos, Atléticas, Grêmios, Empresas Jr., etc. Um exemplo são os Centros Universitários de Cultura e Arte (CUCA), que agrega aquele estudante que não se interessa por atuar nas entidades tradicionais, mas, através da arte, se expressa e dá sentido a sua atuação. Nossa cidade tem tradição no meio estudantil, formamos muitos cidadãos de bem nesse meio. Estou disposto a ajudar no que for preciso.

TM: Como você analisa a educação no município? Quais as principais deficiências e quais os acertos?

Alexandre: Tenho dificuldade em analisar a educação no município pelo fato de estar fora de Taquaritinga há algum tempo, mas sei que a área é dirigida por pessoas competentes, que trabalham para as coisas avançarem. Mas, acredito que o Executivo tem que chamar para si a responsabilidade de projetar a educação a médio e longo prazos, valorizar mais seus profissionais, dar mais transparência aos recursos federais como o FUNDEB, criar políticas que possibilitem o sucesso da educação em outros níveis, além do fundamental, que é responsabilidade do município. Quando digo projetar, quero dizer criar um plano para desenvolver a área e com isso contribuir com o desenvolvimento da nossa cidade, aproveitar os “nossos cérebros”, valorizar o aparato científico da região.

TM: O PCdoB tem intenção de fundar um diretório em nossa cidade?

Alexandre: Pelo que sei já existe uma movimentação para a formação do PCdoB em Taquaritinga, envolvendo pessoas benquistas e com projeção eleitoral. Acredito que o PCdoB, que no nível nacional tem grande influência nos meios esportivo, artístico e cultural, um partido de juventude, pode contribuir com a cidade. O partido não tem e nunca teve envolvimento com corrupção e sempre lutou pelas liberdades democráticas, por isso, pode ser a alternativa para as pessoas de bem, que são apaixonadas pela cidade e que desejam melhorar a qualidade de vida da nossa população.

TM: Historicamente, o PCdoB sempre foi dos principais aliados do PT. Em 2012, os partidos estarão juntos em Taquaritinga ou haverá outra opção?

Alexandre: Entendo que não apenas por isso essa aliança pode vir a acontecer. O PT está prestes a ganhar para suas fileiras uma figura muito digna e respeitada por nós, que é o Dr. Fúlvio, e que pode ser o que a gente espera para o momento, uma alternativa real para a cidade. Ventilam também que a vereadora Márcia Zucchi irá se desfiliar do DEM para sair candidata à prefeita por outro partido. Tudo isso deve ser avaliado, nenhum partido nasce com suas alianças pré-definidas, desses nomes pode surgir uma frente em prol da cidade. O PCdoB, além de poder contribuir com um projeto de desenvolvimento para a cidade, pode também mediar e buscar o consenso entre os setores que querem mudança, garantir que não exista uniformidade na política e tampouco isolamento, como pudemos ver nas eleições passadas através do bloco formado pelos partidos PT e PV, que fracassou em seus objetivos. Essa experiência mostrou que o isolamento não dá certo. Queremos amplitude política, sem preconceitos ou pré-restrições, mas com coerência nas alianças. Vislumbro uma união de forças a favor de Taquaritinga.

TM: No ano que vem, Taquaritinga sediará os Jogos Regionais. O ministro dos Esportes, Orlando Silva, é do PCdoB. Como o partido pode contribuir com o evento?

Alexandre: Penso que a prefeitura, através do Comitê Organizador, deve buscar recursos e incentivos para a realização dos Jogos Regionais. Essa relação se dá através do Executivo municipal com o ministério dos Esportes. É claro que o fato do ministro dos Esportes ser do PCdoB pode facilitar a participação do partido nessa área. Me coloco à disposição no que for preciso, é claro, no que estiver ao meu alcance.

TM: Como você avalia a administração Paulinho Delgado?

Alexandre: Na minha opinião, a administração não correspondeu com a confiança que lhe foi conferida nas eleições de 2008, quando 70% dos eleitores decidiram pela continuidade na gestão municipal. Na singularidade, ou seja, no conjunto, é um governo pouco ousado, sem projeto de desenvolvimento para a cidade. Taquaritinga é uma cidade que tem vocação para o comércio, agricultura, esportes, cultura... Temos muitas cabeças boas querendo mostrar seu valor, fazer as coisas acontecerem. Costumo dizer que a maior riqueza da nossa cidade é o nosso povo, precisamos incluir nossas famílias, nossos jovens, nesse desafio de mudar, para melhor, a nossa cidade...

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Entrevista: Ico Curti




 

Nosso entrevistado de hoje é Antonio Fernando de Almeida Curti, o Ico, sociólogo e professor, diretor da Agência do ministério do Trabalho de Taquaritinga. Fundador do diretório municipal do Partido dos Trabalhadores de Taquaritinga, foi vereador por dois mandatos e é uma das principais lideranças do PT na cidade.

Tendência Municipal: Ico, e o PT em Taquaritinga?

Ico Curti: O PT em Taquaritinga está reencontrando sua proposta original, ou seja, um partido de forte inserção social, de atuação permanente e não apenas em vésperas de eleições. Nesse sentido, existe um projeto em andamento e logo teremos grandes novidades.

TM: Você poderia adiantar alguma coisa desse projeto?

Ico: Sim. Nesse projeto, por exemplo, está previsto o fortalecimento do partido através da filiação de um número significativo de pessoas, tanto quantitativamente, mas, principalmente, qualitativamente. São homens e mulheres que, somados aos já presentes, vão viabilizar a execução desse projeto que passa pela definição de propostas de atuação específicas para as áreas de educação, saúde, cultura, etc. Coisas que podem ser feitas independente de o PT estar no poder ou não. É nossa obrigação dar essa contribuição para Taquaritinga.

TM: E quem são esses novos filiados? Tem surpresas?

Ico: Vamos com calma. Está sendo programado um ato público, provavelmente para o início de maio, quando virão alguns dirigentes do partido para abonar as novas filiações. Posso garantir que vai ser uma coisa legal.

TM: É aí que entra a candidatura do Dr. Fúlvio Zuppani para prefeito pelo PT?

Ico: É aí que entra a filiação do Dr. Fúlvio no PT. Realmente, estivemos conversando com o Fúlvio, que foi formalmente convidado a se filiar ao PT, principalmente porque ele sempre teve uma atuação muito forte na área social, independente da política. Sempre fez um trabalho muito bom, seja através de entidade filantrópica, seja através da sua religião e, mais recentemente, através do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, onde faz um importante trabalho na área de saúde, suprindo, muitas vezes, as deficiências da saúde pública municipal.

Evidente que o Fúlvio seria um excelente candidato a prefeito em 2012, assim como outros companheiros do PT e desse pessoal que vai entrar, e tem muita gente boa. Mas a nossa prioridade, assim como a do Fúlvio, não é essa, pelo menos agora. O que queremos, nesse momento, é encontrar maneiras de contribuir, mesmo sem estarmos no poder, para melhorar a qualidade de vida de nossa população.

TM: Falando em qualidade de vida da população, qual a avaliação que você faz da atual administração?

Ico: Não é fácil fazer uma análise assim rapidamente, com poucas palavras, mas eu diria que a qualidade de vida, nessa segunda gestão, não é a mesma da proporcionada na primeira. As queixas da população, de um modo geral, têm sido mais frequentes, o que, de certa forma, é natural, embora o presidente Lula tenha contrariado essa tendência ao aumentar sua aprovação no final do segundo mandato.

Independente da opinião individual de cada um, pensando em termos gerais, a primeira administração do Paulinho Delgado foi aprovada, tanto que foi reeleito por uma margem significativa de votos. Alguns fatores contribuíram para o declínio no segundo mandato. Eu gostaria de citar pelo menos um, deixando claro que é uma opinião pessoal minha, pois não estou autorizado a falar em nome do partido.

Quando, surpreendentemente, o Paulinho venceu a primeira eleição, trazendo a marca da novidade na política local, os famosos interesseiros começaram a se aproximar dele. Devagarzinho, esse pessoal, que por sinal é muito esperto, foi tomando conta da administração. Acontece que essas pessoas, normalmente, são incompetentes, e, o mais grave, cobram um preço muito alto pelo apoio, o que acaba atrapalhando bastante o trabalho do prefeito que, evidentemente, não pode dar conta de tudo. Tem que delegar. E aí a coisa começou a desandar.

TM: Mas não seria então uma questão de afastar essas pessoas?

Ico: Nem é preciso. Essas pessoas são as primeiras a caírem quando o barco começa a afundar. Conheço bem esse comportamento, são pessoas que já passaram por todos os lados da política local. Observe como tem um monte de gente que até outro dia apoiava o prefeito e, agora, se apressa em “meter o pau”. Outros se mantêm ligados ao prefeito, mas por questões de conveniência e não por convicção política. E nesse barco tem peixe miúdo e peixe graúdo.

Assim como a corrupção, um dos grandes males da política é o oportunismo. A população tem que observar bem, identificar essas pessoas e bani-las do cenário político.

TM: O PT está disposto a fazer coligações ou buscará um caminho próprio, isolado?

Ico: Aprendemos com o ex-presidente Lula e, agora, com a presidente Dilma, que é possível firmar coligações e construir consensos sem se afastar do projeto original, que é melhorar a gestão pública e avançar nas conquistas sociais.

O PT, em Taquaritinga, a priori, não tem “restrição absoluta” a nenhum partido, desde que seja da base aliada do governo federal ou que esteja de acordo com as diretrizes dos diretórios nacional e estadual. É certo, porém, que não abriremos mão de nossos princípios para vencer as eleições. Isso eu garanto!