sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Entrevista: Alexandre Nunes

  A entrevista do TENDÊNCIA MUNICIPAL é com o advogado Alexandre Marin Nunes da Silva. Casado com a Maiara Prandi, filho do Dr. Flávio e da Dona Diva, pai do Samuel, neto dos saudosos Adail Nunes da Silva, o Negão, considerado o maior político da história de Taquaritinga, e do Maestro Marin. Foi VEREADOR por dois mandatos e mantém ativa participação no PMDB – é amigo pessoal do deputado estadual Baleia Rossi e sobrinho do ex-prefeito Tato Nunes, presidente do diretório local. Crítico do prefeito Paulo Delgado, com quem travou uma tensa relação ao liderar a oposição na Câmara Municipal, Alexandre terá importante papel nas eleições de 2012.


Tendência Municipal: Faça-nos uma análise de seus dois mandatos de vereador. Quais as conquistas e as decepções?

Alexandre Nunes: Analiso meus dois mandatos como entrega absoluta ao meu cargo. Passei quase uma década na Câmara Municipal e, sem falsa modéstia, fui um parlamentar bastante ativo. Fiz parte da situação e também da oposição. Orgulho-me de afirmar que nunca ocupei nenhum dos dois lados de maneira sistemática. Milton Nadir pode confirmar o quanto de trabalho dei a ele! Quanto a Paulo Delgado, nunca menti, nunca me omiti, e sempre fiz minhas denúncias e manifestações municiado de provas e fatos. Minha consciência é absolutamente tranquila. Em relação às conquistas, caso dependesse, na maioria dos casos, apenas do Legislativo, teria alcançado um número voluptuosamente maior de sucessos. O grande problema é a dependência brutal em relação ao Poder Executivo. Para os leitores terem uma idéia, a Câmara não pode versar (fazer projetos de qualquer natureza) sobre verbas públicas. Agora, para não ficar apenas nos lamentos, tenho muito orgulho de realizações que foram pontuais na minha passagem. Posso citar, em primeiro lugar, minha eleição com apenas 29 anos, um “juvenil” em termos de Taquaritinga. Acredito que, depois do meu ingresso, vários outros jovens se motivaram a tentar a vida pública. Entre centenas de requerimentos, indicações e projetos, destaco a Câmara Itinerante, que vem revolucionando as sessões parlamentares no município desde sua aprovação (e que deveria se espalhar pelo País, em minha opinião), levando os vereadores diretamente ao meio do povão. Outra “menina dos meus olhos” é a creche Emília Menon Nunes da Silva, no Lopes Moreno. Foram dois anos de luta ferrenha com a CDHU para poder transformar um centro comunitário, utilizado como banheiro e ponto de drogados, em um espaço para 70 crianças. Quando se consumam realizações desse nível, não dá para descrever a sensação. Quanto às decepções, não dá para enumerar. Traições, conchavos, compra e venda de votos, companheiros pulando de palanque como ratos pulam de navio afundando, as respostas negativas constantes e sem fundamentos dos outros dois poderes perante o Legislativo, etc. A maior de todas, porém, é se entregar de corpo e alma a uma cidade e pagar caro por isso. Taquaritinga, ao menos nas últimas eleições, penalizou quem falou a verdade. Mas tenho certeza de que o tempo será minha principal testemunha. Aliás, já está sendo!

TM: Desde 2008, a oposição ficou restrita a apenas um dos dez vereadores. Essa composição ajudou ou prejudicou o município?

Alexandre: Prejudica sempre, em todos os sentidos e em todos os níveis de governo! Sem voz de contestação que chegue aos ouvidos dos que estão com a caneta, como é que o povo pode se manifestar? No meu modo de pensar, uma cidade, um Estado ou um país que têm governos absolutos, sem opiniões contrárias, vive na obscuridade. Beira à ditadura. O caso da atual Câmara de Taquaritinga é emblemático. O prefeito não fez do Legislativo apenas o quintal da prefeitura, tomou-o por inteiro! Tanto que pegou o prédio do Parlamento para abrigar seu gabinete e o resto da prefeitura. Não existe governo sem oposição. É maléfico até para quem governa.

TM: Como vereador, você se mostrou crítico do prefeito Delgado e do então presidente Lula. Diante do novo contexto, com seu partido sendo o maior aliado da presidenta Dilma, qual sua opinião sobre a aliança nacional PMDB/PT?

Alexandre: Minhas opiniões sobre Lula e Delgado continuam as mesmas. São governos muitíssimo parecidos, baseados em invencionices e falácias. Divulgam o que não fizeram, tomam para si o que outros executaram e batem diariamente nos governos passados e nas tais “heranças malditas”, que são absolutamente mentirosas. Lula “herdou” de FHC o Plano Real. Deixou para Dilma um ministério de cafajestes e 98% das obras do PAC que não realizou (mas que registrou em cartório como concluídas). Delgado “herdou” de Nadir o distrito industrial. Não sabemos o que vai deixar. “Marquetismo” político na sua essência. Em relação às alianças, sigla já não vale grande coisa. Todos os partidos estão empesteados de patifes. O que tem de acontecer, até para o crescimento moral dos próprios partidos, é a população começar a extirpar, pelo voto, as doenças (políticos) que estão fustigando o Brasil. Somente assim acabaremos com o lamaçal que nos assola. As alianças partidárias podem e devem ser feitas, porém, com gente que presta.

TM: Seu nome é sempre citado dentre os possíveis candidatos a prefeito. Pretende disputar a indicação do PMDB ao cargo ou tentará retornar à Câmara?

Alexandre: Ainda não discuti o assunto com o partido e com minha família (principalmente com meu pai e meus tios, que são meus mentores). Contudo, posso adiantar que voltar à Câmara não é dos meus principais objetivos.

TM: Para encerrar: a política taquaritinguense, desde os tempos do Negão e do Waldemar, é um “emaranhado” de correlações de forças: PMDB, PT, PSDB, PV, PPS, PDT, PTB, PP já foram, conforme o momento, aliados e adversários entre si. O que esperar para 2012?

Alexandre: Até o momento, não tenho a mínima idéia!

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