Queremos parabenizar o nosso entrevistado da semana passada, DU ZUPPANI, por ter recebido o título de Honra ao Mérito, concedido pela Câmara Municipal de Taquaritinga, por ocasião das festividades do aniversário da cidade. Uma justa homenagem.
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A entrevista desta edição é com Eduardo Henrique Moutinho. Notório advogado, PRESIDENTE DA SUBSEÇÃO DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL (OAB) de Taquaritinga, presidente do diretório municipal do PSDB e graduado membro da tradicionalíssima Loja Maçônica Líbero Badaró (“Grau 32”), foi nomeado pelo prefeito Paulo Delgado chefe do Comitê Organizador dos Jogos Regionais. Mantém boas relações com o governador Geraldo Alckmin e com deputados tucanos. Corintiano e, mais ainda, cateano roxo, se saiu bem como comentarista esportivo em transmissões dos jogos do Leão pelas três emissoras de Rádio da Cidade (Imperial, Canal 1 e Mensagem) e também pela Rede Vida de Televisão.
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Aos 36 anos, nunca foi candidato a nenhum cargo público; apesar – ou por causa – disso, desponta como promissora opção para as eleições do ano que vem. Falamos de OAB, Fundação Edmilson, Jogos Regionais, futebol e política.
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Tendência Municipal: Você está em seu segundo mandato à frente da Subseção da OAB de Taquaritinga. Que análise faz dessas gestões?
Eduardo Moutinho: Nos 30 anos de nossa Subseção, tivemos valorosos colegas à frente da classe. Nos últimos 10 anos, o número de Advogados aumentou muito, somos mais de 250 em Taquaritinga. Nossa preocupação tem sido o atendimento e auxílio a esses profissionais. Administrar a OAB é como gerir uma pequena empresa, contamos com mais de uma dezena de funcionários, em quatro locais: Casas da rua Duque de Caxias e do bairro Talavasso, Salas do Fórum central e do Trabalhista. Damos ênfase à questão cultural com a conquista da ESA (Escola Superior da Advocacia), brilhantemente coordenada por nosso Secretário-Geral, Dr. Gustavo Schneider Nunes, que oferece cursos de atualização e aperfeiçoamento a Advogados da cidade e região. A ESA propiciou a climatização do auditório da Casa do Talavasso, antiga reivindicação, e foi fundamental para revitalizar aquele espaço, onde colegas se confraternizam semanalmente com o Futebol Society – em breve, colocaremos em funcionamento a sauna. A disponibilização de internet em todos esses espaços também foi uma grande conquista, imprescindível para o exercício da Advocacia. Reconheço que existem deficiências, mas quase que na totalidade atribuíveis ao Judiciário, em especial a lentidão da prestação jurisdicional. Recentemente, tivemos avanços para minimizar a situação com a criação do Anexo Fiscal, que retirou dos cartórios cíveis aproximadamente 10 mil processos. A solução virá com a 3.a Vara, uma luta incessante da nossa Diretoria.
TM: Uma das preocupações dos advogados é evitar a “politização” da OAB. Como manter a Ordem inume às influências político-partidárias?
Eduardo: Acredito que afastar a “política” da OAB é impossível, por estarem umbilicalmente ligadas, afinal foi a OAB que, depois de longos e negros anos de ditadura, empunhou e sustentou bravamente a bandeira da redemocratização. Todavia, é possível evitar a “partidarização” da Ordem e isso fica bem claro na atual Diretoria: eu sou presidente do diretório municipal do PSDB; o vice-presidente, Dr. Luisinho Bassoli, era, quando da nossa primeira eleição, presidente do diretório do PT; nosso Diretor-Tesoureiro, Dr. Roberto Ogasawara, é atuante no PPS; e o Secretário-Adjunto, Dr. Gustavo Gabriel, é de família tradicional nas lides do PMDB. Além do pluripartidarismo, temos evitado a utilização da mídia; como presidente da OAB, poderia buscar espaço na imprensa para ganhar visibilidade, contudo, temos um compromisso maior com os que nos confiaram a importante missão de conduzir a classe – fomos reeleitos com 79% dos votos.
TM: Você se empenhou em fazer da Fundação Edmilson “entidade de interesse público federal”. Como foi essa “batalha” e o que essa conquista significa?
Eduardo: Muitas pessoas contribuíram para que a Fundação fosse reconhecida de Utilidade Pública Federal. Como Conselheiro da Fundação, acompanho diariamente o trabalho realizado e seu alcance social. Infelizmente, alguns conterrâneos ainda imaginam que a Fundação Edmilson ensina a criançada a jogar futebol. Desse modo, sentia a necessidade de fazer algo mais pela entidade, algo que fosse tangível e duradouro. Trazer o ex-ministro da Justiça, Dr. Márcio Thomaz Bastos, para uma palestra na comemoração dos 30 anos da OAB, no auditório da Fundação, e colher dele, publicamente, o compromisso de apadrinhar nosso projeto, foi providencial para a conquista, que propicia isenção de tributos federais e o abatimento de doações no Imposto de Renda. Isso gera economia e estimula a prospecção de novas receitas. Convido as pessoas para visitar a Fundação, e que o façam de surpresa. Ficarão encantadas com o que irão encontrar.
TM: Fale-nos sobre a organização dos Jogos Regionais.
Eduardo: Há aproximadamente um ano recebi do prefeito Paulo Delgado e do secretário de Esportes Marcelo Volpi o convite para ser presidente do Comitê Organizador dos Jogos Regionais. Em princípio, hesitei em aceitar, em razão das inúmeras atribuições profissionais, familiares e sociais. Mas, como sempre, veio aquele pensamento: “bom, daqui a pouco a vida passou e eu, o que fiz?”. Por isso, topei a empreitada e sei que fui a peça menos importante para que tudo saísse tão bem como saiu. O comprometimento das pessoas envolvidas foi fundamental, a cada período tínhamos preocupações distintas: alojar 8.000 pessoas, reformar as praças esportivas, a cerimônia de abertura... Fiquei angustiado com a cobrança desleal que recebíamos, não conseguia entender os excessos, a necessidade de alguns de querer ditar o ritmo das coisas. Queriam que “comprássemos o bolo” hoje e ainda faltavam 100, 90 dias para a festa! Com o sucesso absoluto dos Jogos, os elogios (até constrangedores) dos visitantes, e principalmente a sensação de missão cumprida, comprovamos o velho – e atual – ditado de que “a união faz a força”. Tenho o dever de externar meus agradecimentos, na pessoa do atual secretário de Esportes José Mário Frezza, a todos os funcionários municipais, e, na pessoa do Major Almeida, a todos os amigos do Comitê Organizador, que trabalharam incansável e voluntariamente.
TM: Em sua opinião, qual deve ser a relação da Administração municipal com o Estado e a União?
Eduardo: A relação deve ser como tem sido, de simbiose, de auxílio recíproco. É preciso que os interesses coletivos se sobreponham às vaidades e às questões políticas menores. Infelizmente, há quem não se dá conta de que as eleições duram apenas 90 dias. A atual Administração tem dado mostra de que é possível, e eficaz, buscar melhorias para a cidade, independentemente do partido do gestor público. O maior exemplo é a conquista da UPA. Não é porque a presidente da República é do PT e o prefeito é do DEM que o Governo Federal vai fechar as portas para Taquaritinga. Aliás, os próprios dirigentes do PT local foram fundamentais para essa e outras conquistas, como a construção de uma creche, SAMU, etc. No âmbito estadual, o relacionamento com os governadores do PDSB, antes Serra e agora Alckmin, tem rendido frutos, como os apartamentos da CDHU que vão ser construídos na Vila São Sebastião e o AME, que será referencia regional na área da Saúde.
TM: Você pretende disputar a indicação para ser o candidato da base política do prefeito para sucedê-lo?
Eduardo: Essa é uma pergunta que muitos me tem feito desde que assumi a presidência do diretório municipal do PSDB. Antes, devo esclarecer que sou filiado ao partido há quase 10 anos e que assumi a presidência para evitar que houvesse disputa pela direção nas convenções de março. Como o meu nome representava o consenso e a unidade, aceitei a missão. O PSDB tem o vice-prefeito Dr. José Maria e os vereadores Marcelo Volpi e Pastor Daniel; a relação PSDB/DEM, a exemplo dos níveis federal e estadual, é a mais amistosa possível e, em não havendo sobressaltos, deve prevalecer. Quanto a ser candidato, confesso que fico feliz que meu nome tem transitado, com aceitação, mas não é uma decisão fácil. Tenho convicção de que posso ser útil à minha cidade, só que não tenho obsessão pelo cargo. Falando em “obsessão”, estamos na fase de mudanças de partidos e filiações, devemos observar o que alguns são capazes de fazer para “chegar lá”, pois é um prenúncio do que farão se chegarem lá. Tudo tem seu tempo – o futuro a Deus pertence.
TM: Caso se confirme sua candidatura, quais seus principais projetos?
Eduardo: Não é preciso ser candidato para ter projetos, basta uma análise das nossas necessidades e virtudes para identificar algumas frentes a serem atacadas. A Saúde, sempre falada, à partir da UPA e do AME, terá um salto de qualidade. Na Educação, a valorização dos professores deve ser constante, devemos investir na qualificação dos educadores. Quanto ao Desenvolvimento, é inegável que temos duas vocações: agroindústria e serviços. Nos serviços da Educação, difícil encontrar uma cidade do nosso porte, de cerca de 60 mil habitantes, que possua, como nós, mais de 20 cursos de nível superior. A primeira semente lançada foi a ETE, há vinte anos. Hoje, temos FATEC, ITES, Uniesp, ETAM; devemos lutar por unidades do SESC, SESI, SENAI, a qualificação da mão-de-obra é imprescindível para atrair empresas. Recebemos centenas de alunos de fora todos os dias, além dos que moram aqui, que geram receitas no comércio. Na agroindústria, temos vivido um bom momento: a aquisição da Via Néctare pelo grupo mexicano Proeza e seu fortalecimento garante a absorção da safra de manga e goiaba, devendo surgir, em breve, incentivo ao plantio de maracujá e abacaxi, culturas ainda tímidas na região. A retomada das atividades da antiga Royal Citrus, hoje Branco Perez e arrendada à Cutrale, “fecha o ciclo” da citricultura (laranja e limão). Lamento não termos nenhuma usina de açúcar e álcool, mas acredito que a união de nossos produtores seja capaz de superar isso, daí a importância do Sindicato Rural. Ainda na agroindústria, considero importantes nossas indústrias de carne, que criam empregos e receitas, como São Luiz, Ema, Marba, e Boi Bom, que está construindo uma fábrica no Parque Industrial. Nesse setor, todavia, não estamos “fechando o ciclo”, pois perdemos o Frigorífico e a Lemaq. Alguém dirá que nossas terras são caras para a pecuária, mas sempre foram. O importante é que as indústrias estão aqui e por isso ganhamos em logística. É preciso batalhar para a retomada dessas atividades (frigorífico/abatedouro/laticínio) e fazer a roda girar.
Uma última pergunta: o CAT tem jeito?
Eduardo: Pra encerrar, o CAT tem que ser visto sob a ótica do Esporte e Lazer. Nosso Taquarão precisa ser remodelado; com criatividade e poucos recursos, que podem vir dos governos federal e estadual, é possível transformá-lo numa bela Arena. É necessário aumentar a capacidade do Ginásio de Esportes Manoel dos Santos; durante os Regionais, muito não conseguiram entrar, estava sempre lotado, principalmente nas partidas de vôlei e futsal. Assim, teríamos o Complexo Dr. Adail Nunes da Silva, com novo e grande ginásio multiuso e uma moderna Arena para futebol. Queremos ver e vibrar com nosso CAT, de perto, como fazíamos no Antonio Storti.